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Confira os principais fatos políticos de 2020

31 de dezembro de 2020

Ao olhar retrospectivamente para o ano de 2020, somos convidados a reconhecer a instabilidade de nossos planejamentos e que nossas certezas podem ruir muito rapidamente. Mas este olhar também nos permite perceber melhor nossas prioridades, tanto das pessoais e familiares, quanto de nossas escolhas políticas. Afinal, em momentos de inflexão somos levados a questionar realmente quais são as características que esperamos de nossos governantes. 

O ano de 2020 foi extremamente duro e irá marcar profundamente nossa geração, tanto pela dor sofrida dos que perderam seus entes queridos por conta da pandemia do Covid-19, quanto pelo aprendizado conquistado e pela esperança que nos aquece o coração. Espero que este breve panorama nos ajude a relembrar um pouco os fatos que vivemos e a reforçar estas lições.

Com isso em mente, desejo a todos um ótimo 2021, com muitas alegrias e menos sofrimentos.

Os principais fatos de janeiro:

  1. A atriz Regina Duarte aceitou o convite para assumir o cargo de Secretária Nacional da Cultura;
  2. No final do mês de janeiro a OMS declarou como emergência de saúde pública e de interesse internacional os casos de coronavírus registrados na China;
  3. A pesquisa Datafolha apontou queda de 69% para 62% dos brasileiros que acreditam na democracia como a melhor forma de governo.

Os principais fatos de fevereiro:

  1. A OMS eleva para muito alto o risco de transmissão global do novo coronavírus;
  2. Acontecem trocas Ministeriais. Onyx Lorenzoni, então ministro da Casa Civil, substituiu Osmar Terra no Ministério da Cidadania e Walter Braga Netto assume o cargo na Casa Civil;
  3. A Polícia Militar do Ceará entrou em greve, fato proibido pela Constituição Federal. O movimento foi protagonizado por oficiais encapuzados e durante as negociações foi crescente a tensão com o governo. Cid Gomes, irmão do candidato à presidência em 2018, Ciro Gomes, entrou em conflito com alguns policiais e chegou a ser baleado. Além disso, o número de assassinatos disparou no estado durante o motim protagonizado pelos policiais;
  4. No cenário internacional os Estados Unidos realizavam as eleições primárias. Joe Biden e Bernie Sanders intensificaram disputa para definir quem enfrentaria Donald Trump;
  5. O Ministério da Saúde confirmou em fevereiro o primeiro caso de um brasileiro infectado pelo coronavírus. Tratava-se de um homem de 61 anos, morador de São Paulo, que foi contaminado no período em que esteve na Lombardia, norte da Itália;
  6. O governo brasileiro, em operação que gerou grande repercussão, anunciou que iria repatriar os brasileiros presentes na região original da pandemia na China.

Os principais fatos de março:

  1. Na primeira quinzena de março, dia 12, o Paraná confirmou os primeiros casos de contaminação pelo coronavírus no Estado e na capital Curitiba;
  2. O governo do Paraná anunciou as primeiras medidas de restrição que reduziam o horário de funcionamento de estabelecimentos comerciais, orientavam para o isolamento social e para a redução sistemática de aglomerações. Aos poucos, empresas, comércios e até atividades esportivas foram sendo paralisadas;
  3. Em São Paulo foi confirmada a primeira morte por coronavírus no país;
  4. Em 28 de março o boletim informativo da Secretaria Estadual de Saúde registrou as primeiras mortes por coronavírus;
  5. Apoiadores do presidente foram às ruas protestar contra o congresso nacional. Um dos principais intuitos era dar força ao presidente diante do Congresso, no entanto, alguns cartazes anti-democráticos geraram grande polêmica no cenário nacional.
  6. No dia 20 de março o Senado Federal aprovou o decreto de Estado de Calamidade no Brasil;
  7. O Ministério da Educação autorizou, inicialmente por 30 dias, a substituição de aulas presenciais por aulas a distância em todo o país;
  8. No dia 11 de março a OMS decretou que o coronavírus atingiu o estado de pandemia global;
  9. As Olimpíadas de Tóquio foram adiadas para 2021.

Os principais fatos de abril:

  1. Foi aprovada no Congresso a renda básica para auxílio de trabalhadores e de pessoas em situação de vulnerabilidade, chamado de Auxílio Emergencial; 
  2. O então Ministro da Saúde, Henrique Mandetta, entrou em rota de colisão com o Presidente da República e não foi mantido no cargo;
  3. Um dos pilares da eleição de 2018 e do atual governo, o ex-juiz Sérgio Moro pediu demissão pouco depois da saída de Mandetta. Moro saiu do governo acusando o atual presidente de interferência política na polícia federal com a intenção de proteger seus filhos;
  4. Os Estados Unidos acusaram a China de esconder informações e, portanto, prejudicar o conhecimento global sobre o potencial de pandemia do novo coronavírus.

Os principais fatos de maio:

  1. Paraná decretou estado de emergência hídrica devido a forte estiagem;
  2. Depois de deixar o governo Sérgio Moro prestou depoimento sobre as acusações que fez contra o Presidente da República;
  3. Ainda em meio a crise entre Moro e o presidente, o STF autorizou a liberação do vídeo da reunião ministerial que o ex-juiz citou como prova contra o presidente;
  4. Após a saída de Henrique Mandetta do Ministério da Saúde em 16 de abril, o escolhido para ser seu substituto, Nelson Teich, exonerou-se do cargo após 27 dias no comando da pasta;
  5. Duas operações da Polícia Federal chamaram a atenção no mês de maio. Uma delas revelou escândalos envolvendo o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. A outra envolvia investigações a respeito das disseminações de notícias falsas, em que alguns dos alvos eram blogueiros apoiadores do presidente da república;
  6. No dia 25 de maio a morte do norte-americano, George Floyd, em ação policial violenta nos Estados Unidos, desencadeou protestos pelo país que tiveram repercussões internacionais, incluindo o Brasil.

Os principais fatos de junho:

  1. Após as primeiras confirmações de óbitos pela Covid-19 em março, o Paraná terminou junho ultrapassando 600 vítimas fatais da doença;
  2. Abraham Weintraub deixou o Ministério da Educação e foi indicado ao Banco Mundial;
  3. Fabrício Queiroz foi encontrado no dia 18 de junho em um sítio na cidade de Atibaia;
  4. No dia 10 de junho, a atriz Regina Duarte foi exonerada do cargo na Secretaria de Cultura.

Os principais fatos de julho:

  1. Devido a pandemia do coronavírus o Congresso Nacional oficializou o adiamento das eleições municipais para novembro de 2020;
  2. O governo federal sancionou a lei que tornou obrigatório o uso de máscaras em todo o território nacional como medida de prevenção ao coronavírus;
  3. O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi adiado para o começo de janeiro de 2021;
  4. O Presidente da República afirmou, no dia 06 deste mês, ter contraído a Covid-19.

Os principais fatos de agosto:

  1. Reforçando aliança com o centrão o presidente fez uma troca na liderança da Câmara Federal substituindo Major Vitor Hugo (PSL) por Ricardo Barros (PP);
  2. Alvo de investigações, Wilson Witzel é afastado do cargo de governador do Rio de Janeiro;
  3. A Rússia anunciou a produção de sua vacina contra a Covid-19 chamada de Sputnik V;
  4. Ocorrem as convenções partidárias nos EUA e a disputa fica consolidada entre Biden/Harris X Trump/Pence.

Os principais fatos de setembro:

  1. Luiz Fux se tornou o novo presidente do STF;
  2. O prefeito Rafael Greca e a primeira dama foram diagnosticados com a Covid-19. Ambos precisaram ser internados;
  3. Terminaram de ser realizadas as convenções partidárias que definiram candidatos a prefeitos e vereadores em todo o Brasil;
  4. Em Curitiba Gustavo Fruet e Ney Leprevost ficaram de fora da disputa pela prefeitura. O primeiro deu lugar à candidatura de Goura (deputado estadual – PDT) e o segundo pertence ao PSD que costurou uma aliança de apoio ao prefeito Greca;
  5. Também neste mês entrou em circulação a nota de R$ 200, a primeira lançada no país desde 2002;
  6. O PIB brasileiro, afetado pela pandemia do coronavírus, teve uma queda de 9,7% em relação aos 3 primeiros meses do ano;
  7. O procurador Deltan Dallagnol oficializou a saída da operação Lava-Jato.

Os principais fatos de outubro:

  1. Os paranaenses votaram para decidir pela implementação ou não de escolas cívico-militares no estado;
  2. O Brasil superou 150 mil mortes por coronavírus;
  3. As queimadas no Pantanal bateram recorde negativo com o registro de mais de 8 mil focos de calor;
  4. O IBGE registrou uma taxa de desemprego de 14,3% da população.
  5. No segundo dia de outubro o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi hospitalizado após testar positivo para o coronavírus.

Os principais fatos de novembro:

  1. Joe Biden foi eleito presidente dos EUA vencendo Donald Trump;
  2. Também tivemos eleições municipais em todo o Brasil, exceto no Macapá que sofreu com a ausência de luz e teve suas eleições adiadas para dezembro;
  3. Em Curitiba, Rafael Greca, que liderou as pesquisas eleitorais, venceu. Ele foi eleito para seu terceiro mandato como prefeito;
  4. Na Câmara Municipal 20 dos 38 vereadores conquistaram um novo mandato e 18 foram eleitos pela primeira vez;
  5. No final do mês o futebol se despediu de Diego Maradona. O craque argentino faleceu aos 60 anos.

Os principais fatos de dezembro:

  1. As eleições municipais foram realizadas em Macapá;
  2. O Brasil fez o lançamento de seu programa de vacinação e prevê o início para janeiro;
  3. O STF decidiu que pessoas que não se vacinarem poderão sofrer sanções ou terem alguns direitos restringidos;
  4. O Congresso Nacional aprovou a regulamentação do novo Fundeb;
  5. Grupo de Rodrigo Maia indica Baleia Rossi como candidato à presidência da Câmara Federal, contando com apoio de partidos de esquerda;
  6. Curitiba faz acordo para receber doses da coronavac;
  7. Eleições para diretores dos colégios estaduais do Paraná foram suspensas devido a pandemia do coronavírus;
  8. Curitiba aprova lei que prevê multas para quem descumprir medidas anti-covid.

Lições das eleições de 2020

22 de dezembro de 2020

Tentar ler ou antecipar como será uma eleição nacional a partir de aspectos das eleições municipais é possível, mas algumas análises podem ser falhas quando se faz uma transposição direta, como por exemplo quando ouvimos: “Bolsonaro não elegeu os principais candidatos que apoiou, logo, Bolsonaro irá perder sua reeleição”. Esse é um raciocínio muito simplista e, sem me alongar muito, chamo a atenção para dois pontos que, usualmente, impactam as eleições e escapam das abordagens mais superficiais.

Espírito do tempo/Clima/Humor:

As eleições municipais costumam antecipar um pouco como está o “humor” dos eleitores (o termo mais apropriado seria zeitgeist – palavra alemã utilizada para definir o clima intelectual e cultural de um determinado período). Em 2016 foi possível perceber o crescimento de um sentimento “antipolítica” e de mudança, cujos principais expoentes foram João Doria, em São Paulo, Crivela, no Rio de Janeiro, e Alexandre Khalil, em Belo Horizonte. Este sentimento cresceu e se consolidou na eleição de 2018, no qual o presidente Jair Bolsonaro foi o principal expoente.

Olhando para 2020, percebemos que os ventos que movem as embarcações políticas não são mais os da mudança, mas sim os ventos da acomodação e da estabilidade, com muitos prefeitos reeleitos (mais de 62% dos prefeitos que disputaram a reeleição tiveram sucesso; em 2016 este índice não chegou a 47%), ou antigos ex-prefeitos agora novamente eleitos.

Agenda:

Os aspectos considerados importantes na escolha de um prefeito são diferentes dos da escolha do presidente. Nas eleições municipais o investimento em infraestrutura urbana e zeladoria são bastante significativos. E os prefeitos que se candidataram à reeleição com esse binômio muito presente – Rafael Greca, em Curitiba, Hissam Dehaini, em Araucária, e Marcelo Puppi, em Campo Largo, por exemplo – tiveram caminhos relativamente tranquilos em suas reeleições.

Mesmo aqueles prefeitos que encerram seus mandatos e que tiveram estas duas agendas como mote, apresentam avaliações positivas bastante elevadas, como por exemplo, Marcelo Rangel, de Ponta Grossa, e Marquinhos, de Piraquara, (que segundo o Paraná Pesquisa tem mais de 80% de aprovação). Em suma, na eleição municipal a agenda do eleitor está voltada para aspectos mais afetos ao seu cotidiano.

O que esses dois pontos apresentados sinalizam para 2022?

Provavelmente a eleição não será dominada por um espírito de mudança e Jair Bolsonaro não representa mais a mudança, contudo, este fato pode vir a favorecê-lo. Vale relembrar que nossos últimos 3 presidentes postulantes à reeleição obtiveram êxito. Isso quer dizer que ele será reeleito tranquilamente? Não! Mas serve de alerta para aqueles que já declaram sua derrota.

O fiel da balança tende a ser o segundo ponto, a agenda, pois na disputa presidencial os aspectos mais relevantes estão conectados com a questão econômica: “estou ganhando mais?”; “Comendo melhor?”; “Meus filhos têm mais oportunidades?”. Se estas respostas forem positivas as chances de reeleição serão enormes.

Processos eleitorais são multifacetados e, pela “janela” da eleição de 2020, conseguimos antever essas pequenas facetas, mas ainda temos muitas outras a conhecer até 2022. Por fim, o aperfeiçoamento por parte da Justiça Eleitoral e das plataformas de redes sociais no sentido de coibir FakeNews e a desinformação são um tremendo avanço e nos dá esperança de termos um pleito melhor em 2022.

Sigamos juntos, pensando cada vez mais estrategicamente.

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