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Bets: após escândalo e CPI, governo vai regularizar apostas esportivas

1 de agosto de 2023

As empresas de apostas esportivas, conhecidas como “bets”, vão precisar de uma habilitação para conseguir manter suas atividades e realizar publicidade. A determinação acontece por conta da medida provisória (MP) publicada pelo governo federal que tem o objetivo de regular as apostas em esportes.

O governo estabelece uma taxa para as empresas no valor de 18% sobre a arrecadação com os apostadores tirando as premiações. Com essa medida, o governo estima arrecadar R$ 2 bilhões em 2024. As empresas que não obtiverem a habilitação serão proibidas de fazer publicidade, inclusive, na internet. A possibilidade da atuação das empresas de apostas foi dada em 2018 com a Lei 13.756, assinada por Michel Temer. No entanto, não houve regulamentação da lei nos dois anos previstos.

Além disso, algumas pessoas estarão proibidas de jogar como, por exemplo, treinadores e atletas que podem se beneficiar dos resultados. As premiações também podem passar a ter taxação e há uma identificação das empresas regulamentadas, de modo que, as não habilitadas passariam a atuar ilegalmente.

O Ministério da Fazenda será o órgão fiscalizador e a MP de regulamentação precisa ser avaliada no Congresso Nacional em até 120 dias ou perderá a validade. 

De BB- para BB: o que significa o aumento da nota de crédito do Brasil?

28 de julho de 2023

A agência de classificação de risco Fitch subiu a nota do Brasil de BB- para BB. A nota anterior havia sido dada em 2018 e a mudança levou em conta as perspectivas de melhora econômica e também de políticas fiscais.

Além da melhora da nota de crédito internacional do país, a Fitch também aumentou a expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil para 2,3%. A expectativa anterior era de 0,7%.

Agências como Fitch, Standard & Poor’s (S&P) e Moody’s, são as referências em classificação de risco no mundo. O aumento da nota do Brasil melhora sua imagem como pagador dos seus compromissos. O que significa mais chances de atrair o investimento porque o investidor sente-se mais seguro em deixar seu dinheiro aqui.

Porém, apesar da melhora, o Brasil segue classificado como grau especulativo, uma posição que indica chances maiores de “calotes”. Nessa perspectiva é mais difícil atrair investimentos uma vez que o investidor cobra um preço maior para colocar o seu dinheiro no país. Fato é que se o Brasil seguir melhorando suas avaliações poderá atrair mais investimentos o que impactará na melhora econômica do país tendo como primeiro impacto a queda do dólar.

Veja quem são os nomes que podem suceder Augusto Aras na Procuradoria Geral da República

21 de julho de 2023

Em Brasília as especulações e também a campanha para definir quem irá suceder a Augusto Aras no comando da Procuradoria Geral da República correm a todo vapor, mesmo que o mandato dele só termine em setembro. Veja os nomes mais prováveis no momento:

  • Antonio Carlos Bigonha, ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República. Tem posição progressista, vocalizou duras críticas a Lava Jato e conta com a simpatia de alas mais ideológicas do PT;
  • Augusto Aras, atual PGR. Ele tem apoiadores importantes e a simpatia do centrão. Além disso, conta com o afeto do Senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, e do também baiano Rui Costa, ministro da Casa Civil;
  • Carlos Frederico Santos, aliado de Aras. Ele é responsável pelo caso dos investigados nos atos de 8 de janeiro e foi quem pediu recentemente a relação das pessoas que seguem ou que interagiram com as redes do ex–presidente Jair Bolsonaro;
  • Paulo Gonet, vice-procurador-geral eleitoral. Foi responsável por defender a inelegibilidade de Bolsonaro no julgamento do TSE. Conta com o apoio dos Ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes (com quem já teve vínculo no IDP) e Alexandre de Moraes, o que faz dele o favorito.

América Latina e Europa se reúnem em Bruxelas: economia e meio ambiente na pauta – 17 a 21 de julho

17 de julho de 2023

A terceira reunião da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia acontece nesta segunda (17) e terça-feira (18). O Brasil será representado pelo presidente Lula (PT). Aproximações econômicas e meio-ambiente estão na pauta do encontro com destaque para o possível acordo do Mercosul com a União Europeia que tem sido debatido nas últimas semanas. É a décima viagem de Lula ao exterior desde a posse em 1º de janeiro.

Outros assuntos para ficar de olho:

  • Mesmo sem aprovação da LDO, Congresso entra em recesso.
  • Novos dados do Censo podem mudar a distribuição de vagas na Câmara dos Deputados.
  • Regulamentação da reforma tributária fica para 2024.

Dependência do Governo Federal pode impedir projetos no Paraná, diz especialista

30 de junho de 2023

Após analisar os acertos e desafios dos primeiros seis meses do segundo mandato do governador Ratinho Jr, o cientista político e comentarista da Jovem Pan Paraná e da RICtv Jeulliano Pedroso conta que é provável que nem todas as propostas de campanha do plano de governo apresentado sejam realizadas. 

Provavelmente não veremos todas as promessas concretizadas, as limitações orçamentarias irão obrigar o governo e o governador a realizarem escolhas sobre as prioridades”, analisa.

“Outro impedimento é a dependência da relação com o Governo Federal para alguns projetos avançarem”, comenta Pedroso. O pedágio é um exemplo.

Produção parada: o que deu errado no programa de crédito tributário para carros do governo federal?

29 de junho de 2023

A Volkswagen anunciou ontem, 28, que vai parar a sua produção em três fábricas do país e dar férias coletivas aos colaboradores. O anúncio acontece em meio ao programa do governo federal que visa, justamente, estimular a venda de veículos por meio de créditos tributários às montadoras. A decisão é um recado claro de que a medida não surtiu o efeito esperado.

Não surtiu – e nem surtirá – uma vez que programas econômicos como esse, encabeçados pelo governo, são paliativos e não planejados para resolver a raiz do problema.

É urgente pensar em uma política econômica que estimule a abertura de mercado para que a competitividade force a queda dos preços, o que se dá também com a redução dos impostos e do protecionismo nacional.

Além disso, se o governo quiser de fato que a indústria deixe de ser refém e dependente de subsídios, é obrigatório cortar gastos para baixar os juros e possibilitar o crescimento de renda para que as pessoas consigam voltar a consumir bens duradouros. Do mais, como já disse nessa coluna, é tapar o sol com a peneira.

Veja os placares de votação dos indicados a ministros do STF nos últimos anos

22 de junho de 2023

A votação recebida no Senado pelos candidatos a ministro da suprema corte é um termômetro do apoio político do Presidente da República e da habilidade do indicado em mobilizar patrocinadores que pavimentem seu caminho com os senadores. Veja os placares das votações nos últimos anos:

  • Cristiano Zanin – indicado por Lula
  • CCJ: 21 a 5
  • Plenário: 58 a 18
  • André Mendonça – indicado por Bolsonaro
  • CCJ: 18 a 9
  • Plenário: 47 a 32
  • Kassio Nunes Marques – indicado por Bolsonaro
  • CCJ: 22 a 5
  • Plenário: 57 a 10 (1 abstenção)
  • Alexandre de Moraes – indicado por Michel Temer
  • CCJ: 19 a 7
  • Plenário: 55 a 13
  • Edson Fachin – indicado por Dilma Rousseff
  • CCJ: 20 a 7
  • Plenário: 52 a 27
  • Luís Roberto Barroso – indicado por Dilma Rousseff
  • CCJ: 26 a 1
  • Plenário: 59 a 6
  • Rosa Weber – indicada por Dilma Rousseff
  • CCJ: 19 a 3
  • Plenário: 57 a 14
  • Luiz Fux – indicado por Dilma Rousseff
  • CCJ: 23 a 0
  • Plenário: 68 a 2
  • José Antonio Dias Toffoli – indicado por Lula
  • CCJ: 20 a 3
  • Plenário: 58 a 9
  • Carmen Lúcia – indicada por Lula
  • CCJ: 26 a 0
  • Plenário: 55 a 1
  • Gilmar Mendes – indicado por Fernando Henrique Cardoso
  • CCJ: 16 a 6
  • Plenário: 57 a 15

Programa Desenrola é bom, mas não pode ser encarado como solução definitiva

9 de junho de 2023

De acordo com a Federação do Comércio, mais de 93% das famílias paranaenses possuem algum tipo de dívida, 22% têm contas em atraso e 7% não têm condições de pagar suas contas. São números preocupantes e que pretendem ser combatidos com o Programa Desenrola lançado pelo Governo Federal.

Entretanto, é importante entender que a iniciativa não pode ser vista como uma solução definitiva, afinal as pessoas não deixam de pagar suas contas porque querem, muitas perderam seus empregos, o que gerou um processo de empobrecimento da população.

Logo, se queremos resolver o endividamento precisamos, dentre outras coisas, de um crescimento econômico que ajude as famílias a recuperarem a sua renda e de uma abertura maior no setor bancário para forçar a queda dos juros.

O programa é uma boa notícia porque vai ajudar as pessoas a recuperarem a dignidade e abrirá possibilidade de recuperar a capacidade de consumo. É um bom ponto de partida, mas ainda temos muito o que caminhar.

Surpreendendo zero pessoas, governo Lula intervém na Petrobrás

18 de Maio de 2023

O governo petista sempre deixou claro que tinha interesse de interferir na política de preços da Petrobras e assim está fazendo. O que não está claro até agora são os critérios que serão utilizados para a composição do preço no futuro.

O comunicado oficial deixa margem para que os preços sejam manobrados conforme a conveniência do governo, o que pode ser novamente um desastre. Basta lembrarmos do estado em que ficou a Petrobras durante o mandato da ex-presidente Dilma.

É claro que todos queremos combustíveis mais baixos, afinal isso melhora a economia e a vida das pessoas. Entretanto, para garantir que isso aconteça de forma sustentável é necessário fomentar políticas econômicas que realmente ataquem o problema.

Nos resta aguardar, mas na economia, normalmente as soluções fáceis e, aparentemente mágicas, costumam dar errado.

Entrevista com Juca Pacheco: Depois da eleição da internet, em 2022 tivemos a eleição da comunicação integrada

16 de dezembro de 2022

A campanha vitoriosa de Jair Bolsonaro, então no PSL, em 2018, chamou a atenção para o que se desenhava como uma possível ‘era da internet’ na comunicação pública e eleitoral. Assim, a discussão avançou para tentar entender as formas com que as redes sociais tinham ocupado um espaço tão amplo.

Porém, as eleições de 2020 começaram a desenhar o quadro que se cristalizou em 2022, da comunicação integrada. Ou seja, os candidatos que polarizaram a disputa precisaram aprimorar a comunicação digital, daí Lula (PT) ter chamado André Janones para sua campanha, e também transmitir sua mensagem em meios “analógicos”, daí Bolsonaro (PL) ter procurado um partido que garantisse a ele tempo de rádio e TV no horário eleitoral gratuito.

Em paralelo a esse movimento, canais públicos como a Prefeitura de Curitiba se destacaram na busca por autenticidade e personalidade. Mas quais são as tendências para essa área? Veremos, afinal, uma “era da internet”? Os meios analógicos seguirão tendo importância? Sobre isso, conversei com Juca Pacheco, que é do Grupo GPAC Comunicação Integrada.

Quais são os desafios da comunicação pública? Quais as técnicas para administrar uma conta pública, tem diferenças?

Juca: Uma comunicação para nós, seja no público, seja no privado, a receita é a mesma. 

Se eu pego uma marca de roupa, uma marca de carro ou uma conta pública. O racional é o mesmo. Eu tenho uma mensagem e um produto e um público alvo. E dentro desse trabalho tem o storytelling que você vai construir entendendo quem é o meu público, o meu perfil e o perfil dos meus concorrentes. Nós temos clientes da área pública há dez anos. Atendemos o Governo do Estado, a Itaipu, a Prefeitura de Curitiba. A nossa linha para eles é muito semelhante a de qualquer cliente aqui da Agência, porém, tem coisas específicas que envolvem questões legais.

O consumidor de comunicação tem um acesso maior a devolver o que recebe de mensagem. Você pensa assim a dificuldade do jornalista, ou seja, entender que ele não é mais só um polo emissor ou você pensa a partir dos canais de comunicação?

Juca: Eu penso muito nos canais. Eu acho que esse meio on (online/digital) não consegue gerar credibilidade mesmo que você não consiga trabalhar sem olhar para esse canal. O consumidor acaba usando essa plataforma como uma seleção, curadoria de conteúdo. É como se eu entrasse no supermercado e vendo duas marcas de suco pegasse o meu celular para ver críticas, comentários… e então decidir qual a melhor delas. Porém, quando se trata da formação de credibilidade, as plataformas “off” (analógicos) são melhores. No off você pode trabalhar a frequência da mensagem de comunicação. Pense: quantas vezes no online você vê a mensagem? Para conseguir essa credibilidade, seja no público, seja no privado, você usa o meio off e o online serve para continuar a conversa. Ter uma troca de experiência com o cliente.

E pensando no ponto de vista de uma comunicação eleitoral, por exemplo: um candidato. Seriam as ações que ele faz/adota que geram credibilidade para ele?

Juca: Nós tentamos pensar uma comunicação com propósito. Então, nesse sentido eu preciso falar coisas que as pessoas estão abertas a escutar. Hoje, no mundo todo, as pessoas preferem conteúdo de marcas com propósito. Isso vale para um candidato. Dessa forma, não vai adiantar ele construir uma comunicação pensando em uma variedade de promessas. Na nossa visão isso fica genérico para as pessoas, ele precisa ter um propósito. É uma questão semelhante ao on/off, ter um propósito vai ajudar ele a reter atenção, a comunicar melhor sua mensagem. Isso funciona para prefeitura, para candidato e para uma marca.

É notável a forma com que se “encontra o tom”. Por exemplo: é necessário encontrar um equilíbrio entre uma comunicação mais ‘leve’, mas sem perder o tom institucional. Como esse tema tem amadurecido na comunicação?

Juca: O caso, por exemplo, da Prefeitura de Curitiba os gestores também acreditaram nesse tom misto de comunicação. Eles foram abertos a essas possibilidades. Essa figura do gestor acaba sendo determinante porque ele pode embarcar na ideia ou então pedir algo mais “quadrado”, mais “sisudo”. Ao mesmo tempo, também precisamos criar artifícios para a comunicação porque o momento político exigiu. Nesse sentido, a gente conseguiu trazer alguns materiais mais ousados para o Governo, a Prefeitura e também Itaipu e conseguirmos bons resultados.

Pensando nessa questão da polarização política, é uma tendência para a comunicação pública “ter um lado”, ou seja, uma identidade mais clara?

Juca: Eu particularmente prefiro que esse momento não se prolongue. Isso porque as pessoas estão escolhendo com bases emocionais como se estivessem escolhendo um time de futebol. É difícil trabalhar com essa rivalidade. E eu acho que a comunicação pública tem que estar mais longe da polarização e mais perto da essência. Eu vou “educar” sobre um tema ou “informar” sobre um tema.

Voltando um pouco ao ciclo do ON/OFF você acredita que esse movimento de gerar credibilidade no OFF e depois massificar no ON será uma tendência?

Juca: Nós entendemos que esse ciclo surgiu de forma separada. Aqui, entendemos o ON como um novo meio e com características diferentes, ele não é só rede social. Ele também pode ser TV, portal. A mídia hoje é conectada. Existe também o ON enquanto curadoria e informações de produtos e claro a rede social. Instagram, Facebook, Tik Tok. Para nós, tudo isso é um outro meio. Ou seja, antes criaríamos uma peça para a televisão e hoje temos que pensar a mesma peça em todas as plataformas.

Temos visto algumas marcas ganhando repercussão, tamanho e mantendo características locais. É possível imaginar que um político do Paraná, por exemplo, consiga se expandir para um cenário nacional caso ache o “tom” certo?

Juca: Do ponto de vista de comunicação pode sim. O mundo ficou pequeno hoje com a integração dos meios de comunicação. Mas, a comunicação não determina as questões de viabilidade política. Quem trabalha com esse tipo de marketing precisa trabalhar em primeiro lugar essa estratégia para ser viável. Depois, ele vai pensar a comunicação desse político.

Sobre o colunista

Jeulliano Pedroso é sociólogo, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e mestrando em Antropologia Social também pela UFPR. Atualmente é Analista-chefe na Brasil Sul Inteligência.

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