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A casa própria fica mais distante: impactos do aumento das taxas de juros no bolso da classe média

10 de janeiro de 2025

As recentes mudanças nas taxas de juros, especialmente aquelas anunciadas pela Caixa Econômica Federal, estão gerando apreensão no setor imobiliário, já fragilizado por desafios econômicos estruturais. As taxas, que subiram entre 1 e 2 pontos percentuais dependendo da modalidade de financiamento, têm impactado diretamente a classe média e os produtores do setor, criando um cenário descrito pelo setor como “crítico e complexo”.

A partir de janeiro de 2025, os novos contratos passaram a apresentar taxas entre 10,99% e 12% ao ano, enquanto anteriormente variavam de 8,99% a 9,99% ao ano. Nas linhas corrigidas pela poupança, os juros subiram de 3,1% a 3,99% para 4,12% a 5,06% ao ano, um aumento significativo que eleva o custo final do financiamento imobiliário. As linhas de crédito do programa Minha Casa, Minha Vida, destinadas a famílias com renda de até R$ 8.000 e imóveis de até R$ 350 mil, não sofreram alterações.

De acordo com Luiz Gustavo Salvático, vice-presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (ADEMI-PR), a situação é alarmante. “Quem mais paga imposto é quem está na produção, e é quem mais vai sofrer e ser esmagado. A inflação dos materiais e da mão de obra aumentou… Se a gente olhar o INCC dos últimos 12 meses acumulados, ele vem aumentando mês a mês.”

O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que reflete a alta nos preços de materiais e mão de obra, tem pressionado os custos das construtoras. Somado ao encarecimento do crédito, o resultado é um mercado que se sente asfixiado, com consumidores incapazes de financiar imóveis e incorporadoras enfrentando margens de lucro cada vez menores.

Classe média é a mais prejudicada com o aumento das taxas de juros

O impacto do aumento nas taxas de juros para financiamento imobiliário é mais sentido pela classe média. Dependente de financiamentos para adquirir imóveis, muitas famílias estão vendo o sonho da casa própria se afastar ainda mais. Com parcelas mais caras e um cenário de crédito restrito, a demanda por imóveis vem retraindo, o que gera um efeito cascata de desaceleração no setor.

Além disso, a inflação e a redução nos depósitos na poupança – fonte principal de recursos para o crédito imobiliário – tornam o problema ainda mais agudo. Esse contexto afeta tanto os consumidores quanto os investidores do setor, que tem apresentado sinais de estagnação.

Sonho da casa própria fica cada vez mais distante

Para Luiz Gustavo Salvático, a soma dos juros altos, inflação persistente e custos crescentes colocam em risco o acesso à habitação, principalmente para a classe média. “Estamos engasgados com aspectos econômicos como a inflação e os aumentos do INCC, que comprometem tanto os empresários quanto os consumidores”, alerta. O mercado imobiliário, que é um dos pilares econômicos do Paraná, pede maior previsibilidade nas políticas econômicas. Medidas que equilibrem o controle inflacionário com estímulos ao crescimento são fundamentais para evitar que o setor entre em colapso e que a habitação se torne um privilégio para poucos.

Na Reta Final: o perigo das pesquisas eleitorais sem credibilidade

30 de setembro de 2024

As pesquisas eleitorais, especialmente na reta final do período eleitoral municipal, tornam-se objeto de atenção, mas também de desconfiança. Assim como em outros campos em que informações e previsões são cruciais, a procedência e a confiabilidade das pesquisas são fundamentais. Como produtos perecíveis, esses levantamentos refletem apenas o momento em que foram realizados, e o histórico de acertos de um instituto – assim como no mercado financeiro – é um fator determinante para sua credibilidade.

Um dos maiores riscos que enfrentamos nesta eleição municipal vai além dos já conhecidos erros metodológicos ou da dificuldade de captar mudanças rápidas no comportamento dos eleitores. O verdadeiro perigo reside na proliferação de empresas e institutos de pesquisa que, sem um histórico sólido, lançam dados que podem confundir mais do que esclarecer. A confiabilidade de uma pesquisa depende não apenas de sua metodologia, mas também do conhecimento que o instituto tem sobre as peculiaridades de cada estado ou município. Pesquisar em uma grande capital como Curitiba é diferente de sondar o comportamento eleitoral em uma pequena cidade do interior.

O ciclo eleitoral de 2022 trouxe à tona essa vulnerabilidade. Naquele ano, vimos exemplos de números divulgados por institutos que, ao final, se distanciaram drasticamente dos resultados das urnas. Um caso emblemático foi o do ex-deputado Paulo Martins, que atribuiu parte de seu insucesso a uma pesquisa de última hora que o colocava fora da disputa competitiva. Isso pode ter influenciado eleitores indecisos a optarem por outro candidato, diante de um cenário que, na prática, não correspondia à realidade das urnas.

Hoje, o cenário é ainda mais delicado. Com um número crescente de empresas de pesquisa surgindo, muitas delas sem um portfólio claro ou histórico de credibilidade, o eleitor corre o risco de se deparar com “falsas bússolas”. Pior do que não ter uma pesquisa para se orientar é receber uma que aponta na direção errada. Pesquisas realizadas por empresas sem a expertise necessária para entender as nuances de cada região podem não apenas enganar o eleitor, mas também afetar diretamente o resultado das eleições.

Outro ponto que merece atenção é o financiamento dessas pesquisas. Muitas empresas estão se autofinanciando para realizar os levantamentos, o que, embora legal, levanta questionamentos sobre as intenções por trás desses estudos. Afinal, uma pesquisa bem realizada exige investimento e quando ele não é claro pode-se levantar suspeitas sobre os interesses envolvidos. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já adotou medidas para aumentar a transparência, exigindo que as empresas apresentem demonstrativos financeiros que comprovem sua capacidade de bancar tais levantamentos. Entretanto, essa exigência por si só não garante que o eleitor tenha acesso a pesquisas confiáveis.

É preciso que o eleitor, tanto no Brasil como no Paraná, esteja atento ao histórico dos institutos e, principalmente, à fonte de financiamento das pesquisas divulgadas. Nos próximos dias, com o acirramento da campanha, veremos muitas pesquisas sendo utilizadas como peças de marketing eleitoral e não como ferramentas de informação. Cabe ao eleitor investigar quem pagou por essas pesquisas e se os números refletem tendências já observadas ou se, ao contrário, destoam completamente dos cenários anteriores.

Mudanças acontecem, é claro. O comportamento eleitoral pode sofrer reviravoltas. No entanto, raramente essas mudanças são bruscas o suficiente para configurar um “cavalo de pau” nos números. Por isso, ao consumir dados de pesquisas, principalmente aquelas que surgem às vésperas da eleição, a prudência deve ser redobrada. A pergunta que todo eleitor deve se fazer é: quem ganha com essa pesquisa?

Mercado imobiliário pode ser impactado fortemente pela Reforma Tributária: entenda as consequências

29 de agosto de 2024

A recente aprovação da proposta de Reforma Tributária pela Câmara dos Deputados tem gerado intensos debates e preocupações no setor imobiliário. Incorporadores e governo se encontram em lados opostos sobre os possíveis impactos dessas mudanças na economia e na vida dos brasileiros. De um lado, os empresários alertam para o aumento de custos e o efeito cascata nos preços das moradias; de outro, o governo defende que a reforma busca simplificação e justiça tributária, sem provocar aumentos significativos nos custos finais.

Mas de fato, o que muda para o setor imobiliário com a Reforma Tributária?

Entre as principais alterações propostas, está o aumento da alíquota efetiva de imposto para empresas que vendem imóveis, que passará a incluir um Imposto sobre Valor Adicionado (IVA). Atualmente, a carga tributária média sobre o lucro dessas transações é de cerca de 8%, considerando o Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que varia de 2% a 3% dependendo da localidade, totalizando, em média, 11%. Com a reforma, essa alíquota pode subir para 15,9%, e somado ao ITBI, pode gerar uma carga final de 18,9%, o que representa quase o dobro da carga atual.

Empresários e representantes do setor, como a Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), argumentam que essa elevação na carga tributária resultará em um aumento de custos que será repassado ao consumidor final, que enfrenta preços mais altos na hora de comprar ou alugar um imóvel.

Impactos na construção civil e no preço das moradias

A construção civil é um dos setores mais sensíveis às mudanças na política tributária. Com o aumento da carga tributária, a tendência é que os custos de construção subam, o que pode reduzir a disponibilidade de novas moradias no mercado e aumentar os preços dos imóveis. A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) alerta que o aumento na tributação dos imóveis pode levar a uma redução dos investimentos e ao desestímulo de novos projetos, afetando diretamente o mercado de trabalho e a economia.

A projeção de aumento de custos é significativa: para imóveis de até R$ 240 mil, a tributação pode passar de 6,41% para 7,4%. Em imóveis de R$ 500 mil, o aumento seria de 8% para 10,6%, e para imóveis de R$ 1 milhão, de 8,11% para 12%. Nos imóveis de R$ 2 milhões, a alíquota pode subir de 8% para 12,3%. Além disso, a carga tributária para loteamentos pode aumentar até 226%, e para locação de imóveis, cerca de 11%.

O que podemos esperar

A proposta de Reforma Tributária ainda está em tramitação no Senado, e as negociações continuam. A expectativa é que o texto seja ajustado para equilibrar os interesses do governo e do setor privado, garantindo uma transição justa e uma carga tributária que não comprometa o crescimento econômico.

Enquanto isso, o mercado imobiliário segue em alerta. Com o aumento dos custos de construção e possíveis ajustes nos financiamentos, o cenário para os próximos meses é de incerteza. Investidores, consumidores e profissionais do setor precisam ficar atentos às mudanças e se preparar para os possíveis impactos dessas novas regras no mercado de imóveis.

Fato é que a simplificação que foi prometida não deve ocorrer, pelo menos durante o período de transição, onde todas as regras devem ficar mais complexas.

Quem representa melhor o Paraná no Congresso? Veja o ranking

24 de agosto de 2024

Na última semana, o Ranking dos Políticos, uma organização que avalia a atuação de senadores e deputados federais em todo o Brasil, divulgou os resultados mais recentes. De acordo com essa avaliação, a bancada paranaense no Congresso Nacional se destaca como a quarta melhor do país, com base na média de desempenho de seus parlamentares.

Câmara dos Deputados

Entre os deputados federais do Paraná, oito nomes alcançaram uma nota superior a 8, destacando-se no cenário nacional. Pedro Lupion (PP) lidera o grupo, com uma nota de 8,65, seguido por Felipe Barros (PL) com 8,58. Luiz Carlos Hauly (Podemos) e Geraldo Mendes (União) compartilham a terceira posição, ambos com 8,36. Outros parlamentares que se destacaram foram Rodrigo Estacho (PSD) com 8,33 e Luisa Canziani (PSD) com 8,32, seguidos por Luiz Nishimori (PSD) com 8,22 e Giacobo (PL) com 8,02.

Senadores

No Senado, o Paraná também conta com representantes bem avaliados. Sergio Moro (União) aparece como o senador mais bem pontuado, com 8,59, seguido por Oriovisto Guimarães (Podemos) com 8,11. Flávio Arns (PSB) completa a lista com uma nota de 6,33.

A importância de acompanhar o trabalho parlamentar

O Ranking dos Políticos avalia seus critérios com base em aspectos como presença nas sessões, economia de verbas, processos judiciais relacionados ao mandato e, principalmente, a atuação em votações no Congresso. Essas notas visam oferecer uma visão objetiva do desempenho dos parlamentares, destacando aqueles que, segundo os critérios estabelecidos pela organização, atuam de maneira mais eficiente e comprometida com o interesse público.

Embora o ranking ofereça uma ferramenta interessante para acompanhar o trabalho de nossos representantes, é fundamental que os cidadãos mantenham uma vigilância constante sobre o desempenho de seus parlamentares. Afinal, os deputados e senadores têm o dever de representar seus eleitores, e acompanhar sua atuação é uma maneira de garantir que esse dever seja cumprido.

Ratinho Junior aparece à frente de presidenciáveis tradicionais na disputa de 2026

29 de julho de 2024

O governador do Paraná, Ratinho Junior, surpreendeu os analistas políticos na nova sondagem da Paraná Pesquisas divulgada nesta segunda-feira (29). Ele é o presidenciável que mais pode incomodar Lula na eleição presidencial de 2026 na comparação com candidatos que já disputaram o pleito nacional e tem nome conhecido em todos os estados, como Ciro Gomes e Ronaldo Caiado.

Ratinho Junior também aparece à frente de outros nomes que já circularam na direita, como os governadores Eduardo Leite e Romeu Zema, e só fica atrás da dupla Tarcísio de Freitas e Michelle Bolsonaro.Ratinho Junior tem 14,2% de chances em um cenário em que lidera a coalização da direita contra o petista, com Ciro Gomes (12,4%), Ronaldo Caiado (7,5%), Eduardo Leite (3,3%) e Helder Barbalho (0,7%) na sequência. Lula aparece com 39% nesse quadro eleitoral.

Se depender apenas da Região Sul, Ratinho Junior aparece com 33,7% da preferência do eleitorado, à frente de Lula (23,4%), Ciro Gomes (7,3%), Eduardo Leite (5,3%), Ronaldo Caiado (4,6%) e Helder Barbalho (1%). O governador do Paraná pontua em todas as regiões do País.Nos outros cenários analisados sem a presença de Ratinho Junior, Michelle Bolsonaro aparece com 30,3%, com Lula com 38,7% e Ciro Gomes com 9,1%.

No quadro com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas tem 24,4%, enquanto Lula aparece com 38,9% e Ciro Gomes com 11,8%. Já na sondagem com Romeu Zema e sem Ratinho Junior, Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas, o governador de Minas Gerais aparece apenas em terceiro colocado na disputa eleitoral, com 13,1%, atrás de Lula (38,8%) e até mesmo de Ciro Gomes (13,3%).

A pesquisa foi feita entre os dias 18 e 22 de julho em todo o território nacional. Foram realizadas 2.026 entrevistas em em 164 municípios de 26 estados e o Distrito Federal. O grau de confiança é de 95% e a margem estimada de erro é de 2,2 pontos percentuais para os resultados gerais.

Empresas brasileiras ganham US$ 1 milhão em evento no Canadá

23 de Maio de 2024

Com participação do Paraná, empresas brasileiras faturaram 1 milhão de dólares em negócios na feira de alimentos SIAL Canadá. O evento é a maior feira alimentar da América do Norte. O Pavilhão Brasil na feira teve 19 empresas de alimentos e bebidas. Além disso, foram 10 instituições do Paraná, com apoio da Invest Paraná.

No evento, a Invest junto com a Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) promoveram a bioeconomia e biodiversidade dos produtos paranaenses. Frutas, mel, erva-mate, colágeno bovino, chocolates, arroz e temperos foram os principais produtos apresentados na feira. Assim, a expectativa é que o faturamento possa bater os 30 milhões de dólares nos próximos 12 meses.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) entende que a feira proporcionou oportunidades de negócios e de expansão de mercados para as empresas brasileiras. Esse também era um objetivo da Invest Paraná no apoio aos paranaenses que expuseram produtos na feira. O Brasil estará novamente na feira no próximo ano.

Paranaense assume presidência da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados

13 de março de 2024

O deputado paranaense Paulo Litro (PSD) será o presidente da Comissão de Turismo na Câmara dos Deputados. Ele foi eleito para a função nesta quarta-feira (13) por unânimidade e acredita em um papel importante dos membros da comissão para impulsionar o setor no Brasil.

O ano de 2023 registrou aumento de mais de 62% na circulação de turistas internacionais no Brasil com 5,9 milhões de pessoas passando por aqui. Foram arrecadados 34,5 milhões de reais. O turismo é responsável por 7,8% do PIB no Brasil.

Pela Comissão de Turismo passam as propostas relacionadas as políticas do setor e exploração das atividades turísticas no país.

Reforma administrativa e pauta verde nas prioridades da Câmara, diz Arthur Lira – 18 a 23 de fevereiro

19 de fevereiro de 2024

Reforma administrativa e pauta verde nas prioridades da Câmara, diz Arthur Lira – 18 a 23 de fevereiro

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, definiu quatro prioridades para o ano de 2024 no Legislativo, são elas: reforma administrativa, pauta verde, regulamentação da reforma tributária e proposta sobre inteligência artificial. A reforma tributária foi votada e aprovada no ano de 2023 e agora necessita de leis de regulamentação.

Cabe destacar que desde o final do ano passado, Congresso e Governo atravessam um impasse sobre a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia. Em relação à pauta verde, o presidente da Câmara dos Deputados vê a participação na COP-30 como chance de consolidar o tema.

Outros assuntos para ficar de olho:

  • Comissão do Senado discute denúncias da CPI da Pandemia contra Prevent Senior;
  • Comissão de desenvolvimento humano do Senado avalia propostas de proteção às crianças;
  • Franquias aumentam faturamento em quase 14%;
  • Valor de mercado da Petrobras chega a novo recorde.

Eventos econômicos – 19 a 23 de fevereiro

Os eventos econômicos da semana serão:

  • Boletim Focus (segunda-feira);
  • IBC-Br – dez (segunda-feira);
  • Confiança do consumidor FGV (sexta-feira);
  • Receita Tributária Federal (sexta-feira).

Dívida de 200 bilhões do governo, nós pagaremos a conta

30 de janeiro de 2024

No ano passado, o Brasil enfrentou um desafio econômico considerável: um déficit primário de R$ 230,5 bilhões, o maior desde 2020, representando 2,1% do PIB. Esses números, revelados pela Secretaria do Tesouro Nacional, vão além de simples estatísticas em um documento. Eles são um sinal de alerta para a saúde financeira do nosso país, especialmente em um momento global marcado por incertezas e desafios domésticos significativos.

Entender a seriedade dessa situação exige uma análise mais profunda dos fatores que nos levaram a esse ponto. Por um lado, assistimos a uma redução de 2% nas receitas do governo, enquanto, por outro, as despesas aumentaram em notáveis 12,5%. Esse desequilíbrio financeiro reflete um ambiente econômico adverso e, infelizmente, algumas escolhas políticas e administrativas questionáveis. A situação se torna ainda mais preocupante ao percebermos que este déficit é o segundo maior desde 1997, sinalizando que os problemas financeiros do país não são apenas persistentes, mas estão se intensificando.

O que mais me preocupa é a aparente indiferença do governo atual frente a essa realidade. Existe uma tendência em aumentar os gastos públicos sem uma estratégia clara de financiamento, potencialmente desencadeando um ciclo de endividamento e fragilidade fiscal. Essa abordagem negligencia os princípios de responsabilidade fiscal e ameaça a estabilidade econômica do país a longo prazo.

Lembrar que o déficit público afeta diretamente a classificação de crédito de um país é fundamental. Recentemente, a Fitch Ratings melhorou a nota do Brasil de BB- para BB, um avanço que reflete uma certa confiança na nossa economia. Contudo, ainda estamos longe de atingir o grau de investimento, essencial para atrair mais investimentos estrangeiros e melhorar as condições de financiamento do país. Segundo a Fitch, um passo crucial para o Brasil melhorar sua avaliação é controlar efetivamente seu déficit.

Diante disso, torna-se crucial que o Brasil adote medidas para organizar suas finanças públicas. Olhando para trás, vemos que países como a Nova Zelândia nos anos 90 e o Canadá no final dos anos 80 e início dos 90 conseguiram reverter cenários de déficits elevados. Eles alcançaram isso por meio de uma combinação de cortes de gastos, reformas estruturais e fortalecimento das instituições fiscais. Esses casos não são apenas teorias; são lições práticas da importância do equilíbrio fiscal para a saúde econômica de uma nação.

A transparência e responsabilidade na gestão fiscal também são vitais para reconstruir a confiança dos investidores e do público. Isso implica não apenas em medidas de austeridade, mas também na implementação de reformas que fomentem um crescimento econômico sustentável.

Para atrair investimentos estrangeiros de forma sustentável, o Brasil precisa mostrar compromisso com uma gestão fiscal responsável. Isso envolve mais do que cortes indiscriminados de gastos; significa gerir os recursos públicos de forma eficiente, dando prioridade a investimentos com retorno econômico e social significativo.

Em resumo, o déficit primário brasileiro de 2023 é um claro sinal de alerta. A situação demanda uma resposta rápida e eficaz do governo, com políticas focadas não só no equilíbrio fiscal, mas também no desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo. A história nos ensina que a recuperação fiscal é possível, mas exige disciplina, visão estratégica e um compromisso firme com o futuro do nosso país.

Anajure alerta sobre questões de gênero e liberdade religiosa no Plano Nacional de Educação 2024-2034

19 de janeiro de 2024

O cenário educacional brasileiro está prestes a passar por uma transformação significativa com a formulação do Plano Nacional de Educação (PNE) para o período de 2024-2034. Neste contexto, a Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) apresentou uma manifestação pública sobre o Documento Referência da Conferência Nacional de Educação, que serve de base para o PNE. A declaração da ANAJURE levanta pontos de discussão sobre aspectos do documento, com foco especial em questões de gênero e a preservação da liberdade religiosa nas escolas confessionais.

O Documento Referência, preparado para a CONAE 2024, propõe diretrizes para a próxima década de políticas educacionais no Brasil, abrangendo uma variedade de temas, desde qualidade educacional até sustentabilidade. A ANAJURE, em sua análise, destaca preocupações com a inclusão de abordagens relacionadas à ideologia de gênero e os impactos potenciais na liberdade religiosa nas escolas.

Um ponto de atenção levantado pela ANAJURE é o tratamento da laicidade do Estado no contexto educacional. A associação sugere que uma compreensão equilibrada da laicidade é fundamental para garantir que as escolas confessionais possam operar de acordo com suas crenças, respeitando ao mesmo tempo a diversidade de convicções religiosas.

Além de apontar essas questões, a ANAJURE também faz um apelo aos delegados da CONAE 2024 e aos representantes do Congresso Nacional para a consideração cuidadosa desses pontos no desenvolvimento do novo PNE. Eles expressam a intenção de participar da CONAE 2024 como observadores.

O documento da ANAJURE reflete um aspecto da discussão mais ampla no Brasil sobre como a educação pode e deve abordar temas de diversidade, inclusão e religião. O debate em torno do PNE para o período de 2024-2034 destaca a necessidade de equilibrar visões progressistas com o respeito às tradições culturais e religiosas do país.

Este debate é uma parte importante do processo democrático na formulação de políticas educacionais. À medida que a CONAE 2024 se aproxima, espera-se que as contribuições de várias partes interessadas, incluindo a ANAJURE, ajudem a moldar um plano que atenda às necessidades de uma sociedade diversificada. O resultado deste processo será crucial para definir o caminho da educação brasileira na próxima década.

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