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Chegou a hora do voto impresso?

21 de Maio de 2021

No dia 13 de maio foi instalada a comissão especial que irá analisar a PEC nº 135/19 que trata da obrigatoriedade do voto impresso no Brasil. A condução da comissão caberá a dois deputados paranaenses: o presidente Paulo Eduardo Martins (PSC) e o relator Filipe Barros (PSL-PR). Ambos têm um enorme desafio conseguir o quórum para a aprovação da PEC antes de outubro, o que permitiria que a norma já vigorasse nas próximas eleições.

Este é um assunto bastante polêmico, com defesas apaixonadas em ambos os lados. O presidente Bolsonaro, inclusive, fala em não reconhecer o resultado das eleições caso o sistema de voto impresso não seja implementado. Já os opositores consideram um retrocesso e um gasto desnecessário.

Um dos argumentos presente naqueles contrários ao voto impresso é a possibilidade de crescer a judicialização. Convenhamos, as eleições já são bastante judicializadas, com interferência inclusive das instâncias superiores na possibilidade ou não de certos candidatos concorrem. Garantir que a vontade do eleitor prevaleça (respeitando os limites legais) deve ser a prioridade da justiça eleitoral.

O voto impresso irá garantir que não haja questionamentos jurídicos ou políticos?

Claro que não. Nos Estados Unidos vigora o voto impresso e houveram questionamentos, mas a diferença é que apesar dos questionamentos, foi possível realizar uma recontagem e o candidato que havia reclamado viu seu adversário ter ainda mais votos do que na contagem original. Diferente de lá, nosso sistema conjugaria o voto impresso ao eletrônico, mantendo a agilidade da apuração e ainda permitindo checagem a posteriori (recontagem).

A democracia é baseada na confiança do sistema de votação, na confiança de que a escolha da maioria dos eleitores será respeitada e, em um momento em que a desinformação é crescente, todo elemento que ajude a trazer credibilidade para a votação deve ser acolhido.

Por fim, vale acrescentar que a implantação do voto impresso não afetaria os atuais sistemas de segurança e muito menos aboliria o voto eletrônico. Ele apenas incluiria mais uma camada de proteção e legitimidade.

Qual sua opinião sobre o assunto? Comente nas nossas redes sociais, mas também deixe registrado nas enquetes promovidas pela Câmara Federal e pelo Senado:

https://forms.camara.leg.br/ex/enquetes/2220292

https://www12.senado.leg.br/ecidadania/visualizacaomateria?id=132598

Veja a íntegra da PEC AQUI.

A pesquisa presidencial do Datafolha pode estar errada?

19 de Maio de 2021

A última pesquisa do Datafolha indicou uma diferença muito grande entre o ex-presidente Lula e o atual presidente, Jair Bolsonaro, na intenção dos votos para as eleições de 2022.

Entenda porquê acredito que o resultado não está correto.

Dê o play e dê a sua opinião.

O Partido de Bolsonaro

14 de Maio de 2021

Estamos a pouco mais de 17 meses para as eleições de 2022, mais especificamente, para o dia da votação, pois o prazo para o início da campanha eleitoral é ainda menor. Todos aqueles que planejam ser candidatos já estão se organizando de alguma forma ou outra, buscando apoio financeiro e político, melhorando aspectos de comunicação e marketing, preparando logística de equipes, materiais e escolhendo/buscando um partido político.

Para aqueles que já ocupam cargo e buscam reeleição, conseguir reunir estes elementos é menos complexo do que para aqueles que estão sem mandato.

É possível concorrer as eleições sem filiação partidária?

A escolha de um partido é um aspecto fundamental, sem o qual não se disputam as eleições no Brasil.

Na eleição anterior, Bolsonaro iniciou sua “pré-campanha” sem ter um partido definido e acabou concorrendo ao final por um partido muito pequeno e que imaginou conseguir deter o controle, o PSL. Após as eleições ele se viu cercado por escândalos a respeito de candidaturas laranja e o mau uso do fundo partidário e eleitoral. Para piorar, o presidente do partido, Luciano Bivar, não cedeu totalmente o mando do partido como esperavam o agora eleito Bolsonaro e seus filhos. A questão se agravou tanto que acabou resultando na desfiliação do presidente.

E até o momento o presidente da república está sem filiação partidária. A escolha dele terá um peso enorme, ainda mais numa disputa que tende a ser bastante acirrada.

Bolsonaro sendo disputado pelos partidos?

Muitos partidos que comporiam o chamado centrão têm convidado o presidente para se filiar. Eles estariam de olho na grande quantidade de votos de legenda que Jair Bolsonaro pode amealhar. Eles esperam uma repetição (em escala menor) do que ocorreu em 2018, quando o PSL conseguiu sair de 1 deputado para 52 eleitos para a câmara federal, agregando, consequentemente, uma maior participação do fundo partidário. Os principais partidos que têm buscado atrair o presidente são o PTB de Roberto Jeferson e o PP de Arthur Lira e Ricardo Barros, respectivamente, presidente da Câmara e líder do Governo.

Por mais que os dois partidos atuem como aliados neste momento, a fidelidade deles não tende a ser orgânica, como esperaria Bolsonaro, e o fantasma “PSL” ainda o assombra. Uma possível solução é a possibilidade de filiação ao PRTB (partido do vice-presidente Hamilton Mourão), que perdeu recentemente seu presidente Levy Fidelix (falecido em decorrência do COVID-19). A negociação ocorre com os filhos e com a viúva de Levy (afinal muitos partidos no Brasil funcionam quase como negócios familiares) e tende a resultar na mudança de nome do PRTB, que passaria a se chamar ALIANÇA ou Aliança pelo Brasil.

A escolha por um (centrão) ou outro caminho (PRTB) representa impactos diferentes. Enquanto o primeiro garantiria maior capilaridade, estrutura política e talvez um arco de alianças maior, o segundo lhe assegura maior garantia de controle sobre as estruturas partidárias, com Jair Bolsonaro e seus filhos como maiores caciques. Pelo comportamento pregresso, tendo a crer que a escolha se dará pela maior capacidade de controle.

Aguardemos o desenrolar de mais este capítulo da política nacional, que com certeza impactará a política nos estados. Afinal, muitos políticos locais desejam estar no mesmo partido que o Presidente e surfar a onda que por ventura ele venha a gerar.

Sigamos juntos pensando cada vez mais estrategicamente.

O que são Emendas Parlamentares?

12 de Maio de 2021

A liberação de Emendas Parlamentares é assunto recorrente no noticiário… Algumas vezes ligadas à corrupção, outras à ampliação de base parlamentar do presidente, governadores ou prefeitos.

Mas o que são essas emendas? Qual o seu papel? Elas são boas ou ruins?

Dê o play e dê a sua opinião.

Danilo Gentili: presidente do Brasil?

7 de Maio de 2021

O cenário político brasileiro é uma sucessão de novidades e movimentos inesperados, que não tem como nos permitir o tédio. Como prova disso, a pesquisa do IPE (Instituto de Pesquisas e Estratégias), encomendada pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e divulgada no dia 4 de abril de 2020, nos mostrou o humorista e apresentador Danilo Gentili com 4% de intenção de votos para o cargo à presidência – tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB-SP), Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e Luciano Huck. Lula (36%) e Bolsonaro (31%) seguiam como líderes na pesquisa.

É sério ou é piada?

A primeira reação de alguns analistas políticos foi considerar essa candidatura uma piada e, de fato, é uma candidatura inusitada, mas está longe de ser uma mera piada. Explico o porquê:

Caminho aberto: a provável saída de Luciano Huck da disputa (teria renovado seu contrato com a Rede Globo); a baixa probabilidade de Sergio Moro levar adiante sua candidatura; e o Partido Novo sofre com brigas internas e Amoedo (fundador do partido) já admite a possibilidade de não lançar candidatura – são fatos que fazem Danilo Gentili ter o caminho aberto para ser um dos principais protagonistas no campo da Direita na disputa eleitoral de 2022.

– Sérgio Moro: em sua coluna (09/04), mantida na revista Cruzoé, o ex-juiz afirmou que, caso Danilo se candidatasse, votaria nele. Convenhamos que é um apoio de peso e significaria uma reedição da aliança dos lavajatistas e do MBL.

MBL 1 (política): o Movimento Brasil Livre é um dos grandes incentivadores da candidatura de Danilo Gentili. Após eleger 4 deputados federais e 2 senadores em 2018, com um novo modelo de atuação em 2020 ao disputar a eleição para prefeito de São Paulo, o MBL deu um passo além de buscar cadeiras no legislativo, e foi razoavelmente exitoso. A candidatura de Arthur do Val (Mamãe Falei) contava com apenas 17 segundos no horário eleitoral e começou com apenas 1% de intenção de votos (pesquisa IBOPE de 01/out/20), mas terminou a eleição com 9,78% dos votos, garantindo a quinta colocação naquele pleito, com uma diferença de menos de 1% para Celso Russomanno (10,5%) e aproximadamente 3% para o ex-governador Marcio França (13,64%) – nomes que contavam com muito mais apoio e estrutura.

MBL 2 (comunicação): a forma de se comunicar do MBL (utilizando memes e referências satíricas) tem alcançado um público que muitas vezes foge do debate público tradicional, parte por não entender e parte por achar “chato”. Além da forma, o MBL domina a técnica necessária para amplificar suas mensagens. Poucas organizações políticas compreendem tão bem os algoritmos das redes sociais como eles.

– Milhões: Danilo Gentili possui mais de 8 milhões de seguidores no Instagram, quase 17 milhões no Twitter e 12 milhões no Facebook, com um engajamento alto. Com isso, pessoas voluntariamente estão aderindo ao “projeto” #DaniloGentili2022.

Num ambiente político tão polarizado quanto o nosso, com debates pouco aprofundados, contar com canais mais diretos de comunicação com as pessoas é uma tremenda vantagem. Com sua capacidade pessoal, somada a do MBL, pode levar um contingente grande de jovens a se engajar na sua candidatura, grupo que normalmente não se motiva a participar da política.

– Jair Bolsonaro: o atual presidente seria um dos maiores prejudicados com essa possibilidade, pois teria um candidato disputando com ele os votos no campo da direita e, principalmente, alguém com uma grande identificação com o antipetismo e que também domina o campo digital.

À título de curiosidade vale lembrar que tanto Bolsonaro quanto Danilo começaram a ter reconhecimento nacional graças ao extinto CQC.

Pensando bem…

O caminho para 2022 é longo, mas o cenário fica cada vez mais claro. Devemos estar atentos para garantir que os rumos do Brasil sejam bem conduzidos. Para quem ainda considera um absurdo levar a sério as chances de Danilo, ficam as lembranças de Volodymyr Zelenskiy, também comediante, que se elegeu presidente da Ucrânia em 2019; de Beppe Grilo, outro comediante e fundador do Movimento 5 Estrelas (um dos 3 maiores partidos da Itália); e do presidente Jair Bolsonaro, não levado a sério em 2018.

Mas nem tudo são flores… Danilo Gentili enfrenta desafio semelhante ao de Luciano Huck: deixar o conforto de uma posição bem remunerada como apresentador versus as incertezas da disputa eleitoral. Resta-nos saber o que ele irá decidir e observar atentamente se essa história terá graça ou não.

Vamos fiscalizar os políticos?

5 de Maio de 2021

O voto nas eleições é uma participação política muito importante, mas não para por aí… É preciso acompanhar se o que foi proposto na campanha está sendo cumprido. Cobrar as ações e ética do seu candidato também é um processo da democracia.

Hoje em dia as redes sociais facilitam na fiscalização, mas existem canais oficiais que podem contribuir com isso também.

Dê o play e confira quais são esses meios de fiscalização.

Ministros do STF podem sofrer impeachment?

24 de abril de 2021

Mesmo não entrando em detalhes, a Constituição Federal de 1988 indica, em seu artigo 52, inciso II, que os ministros poderão SIM ser julgados pelo Senado. Os crimes de responsabilidade no caso são citados na Lei nº 1.079, de 1950:

1- alterar, por qualquer forma, exceto por via de recurso, a decisão ou voto já proferido em sessão do Tribunal;

2 – proferir julgamento, quando, por lei, seja suspeito na causa;

3 – exercer atividade político-partidária;

4 – ser patentemente desidioso no cumprimento dos deveres do cargo;

5 – proceder de modo incompatível com a honra dignidade e decoro de suas funções.”

Quais seriam as etapas deste impeachment?

Denúncia: o processo começa com uma denúncia, que pode ser realizada por qualquer cidadão, desde que seja fundamentada, para então ser direcionada ao Senado – diferente do processo de impeachment contra o Presidente da República, que tem início na Câmara Federal.

Sendo assim, cabe ao presidente do Senado a decisão pelo recebimento e eventual prosseguimento da denúncia. E como não há prazo regulamentado, ele possui bastante liberdade nesta etapa.

Parecer: o presidente é subsidiado por uma análise jurídica do corpo técnico do Senado, através de um parecer, usualmente acolhido. Caso se decida pelo prosseguimento do processo, é realizada a leitura do parecer na sessão seguinte e se constitui uma comissão especial para estudar o caso. O acusado terá direito a uma primeira defesa e, por fim, a comissão apresenta um parecer final sobre a denúncia que, se for aprovado, resultará no afastamento temporário do ministro.

Julgamento: neste cenário temos o julgamento propriamente dito, em que a defesa e acusação terão a oportunidade de apresentar seus argumentos, inquirir testemunhas e debater os pontos levantados em uma sessão especialmente convocada para esta instrução. A sessão é conduzida pelo presidente do STF e deve contar com a presença de pelo menos 54 senadores (dois terços do total).

Por fim, tanto o ministro acusado quanto seu denunciante devem se retirar da sessão para que os senadores possam deliberar, sendo necessário que pelo menos 54 senadores julguem o ministro culpado pelo crime de responsabilidade.

Se considerado inocente, será restabelecido em suas funções. Caso contrário, será afastado permanentemente.

É provável que algum ministro sofra esse tipo de processo?

Não. Mesmo que esta pauta ressurja a cada nova intervenção mais contundente ou decisão em assunto polêmico, mesmo que ela tenha perpassado o diálogo vazado entre o presidente da república e o senador Kajuru, em que Bolsonaro sugere um processo de impeachment ao ministro Roberto Barroso, a probabilidade disso ocorrer com qualquer ministro é muito pequena.

Atualmente, existem 10 pedidos de impeachment relacionados a membros do Supremo Tribunal Federal: 9 deles direcionados a ministros individualmente e 1 à corte como um todo. O recordista de processos é o ministro Alexandre de Moraes com 6.

Veja abaixo a relação de ministros, quem os indicou para o cargo, de quantos processos de impeachment são alvos, quem é o autor do pedido e qual a motivação:

Confira a íntegra das petições nos links abaixo:

Petição (SF) n° 3, de 2021
Petição (SF) n° 4, de 2021 
Petição (SF) n° 5, de 2021
Petição (SF) n° 6, de 2021 
Petição (SF) n° 7, de 2021
Petição (SF) n° 9, de 2021

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Confira a íntegra da petição no link abaixo:

Petição (SF) n° 8, de 2021

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Confira a íntegra da petição no link abaixo:

Petição (SF) n° 10, de 2021

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Confira a íntegra da petição no link abaixo:

Petição (SF) n° 11, de 2021

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Por que esses pedidos de impeachment têm se tornado mais frequentes?

O problema pode estar no desgaste institucional do STF. O STF vem atuando cada vez mais politicamente (de forma parcial), com impacto e repercussões que extrapolaria seu papel institucional.

Algumas posições parecem menos interpretação da Constituição e mais atos casuísticos que atenderiam ao gosto da época, perceba: a decisão quanto à competência da justiça federal de julgar Lula; a questão da suspeição de Moro; a questão do deputado Daniel Silveira; a instalação atípica do inquérito sobre as FakeNews; e atos Antidemocráticos – todos questionáveis de alguma forma.

Os ministros em alguma medida passam a ser percebidos não como agentes imparciais e sim como atores parciais na cena política. Quando os ministros cruzam o rubicão dão margem para que a opinião pública questione suas decisões não no âmbito jurídico, mas no âmbito político.

Não creio que qualquer ministro sofrerá impeachment num curto espaço de tempo, mas se a tendência de desgaste se mantiver, não causaria surpresa ver as atribuições do STF diminuídas ou os controles sobre ele ampliados. O movimento Acorda Senado já é um exemplo de iniciativa nesse sentido, buscando através de uma emenda à Constituição dar poderes ao Congresso Nacional de sustar atos do Poder Judiciário.

Estão nos manipulando no Facebook?

21 de abril de 2021

Como líderes políticos, governos e partidos utilizam de comportamento inautêntico (bots, fakenews) para tentar manipular o debate político e a percepção que temos a respeito de certas lideranças e temas.

Como e por que fazem isso?

Dê o play e deixe o seu comentário.

Reforma Eleitoral: uma entrevista com o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira

16 de abril de 2021

No dia 11 de fevereiro a Câmara Federal constituiu um grupo de trabalho, a fim de aperfeiçoar e sistematizar a legislação eleitoral. Se o projeto se concretizar, poderá diminuir as constantes mudanças nos anos eleitorais que tanto dificulta o planejamento dos candidatos.

Além disso, poderá representar um avanço em nosso processo democrático, trazendo mais clareza sobre a eleição dos membros do parlamento, questão usualmente complexa (nesse artigo explico os cálculos para eleição de vereador), e mais segurança para candidatos e partidos quanto ao regramento que norteia processo eleitoral.

Muitas vezes reclamamos da qualidade dos nossos representantes, e para termos um olhar mais apurado e o aperfeiçoamento de nossas escolhas, é preciso regras claras e eficientes no processo eleitoral.

Bate-papo com Luiz Fernando Casagrande Pereira:

Conversei com o recém-eleito coordenador-geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep) e integrante do grupo de trabalho da reforma eleitoral na Câmara Federal, o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira. Confira a opinião dele sobre o assunto:

– Qual sua visão sobre o voto distrital?

Já fui mais simpático ao voto distrital, no modelo misto. Hoje tendo a concordar com o sistema proporcional, especialmente com o fim das coligações na proporcional. Agora, é importante reconhecer que distritão não é um parente próximo do distrital. São inconfundíveis. O distritão é o pior modelo possível, demolindo a figura dos partidos, fortalecendo, em paralelo, o messianismo, a figura do “salvador da pátria”. Joga-se por terra, assim, a coerência ideológica dos partidos, o campo das ideias. Com a representatividade diluída, também fica mais difícil a eleição de representantes de minorias.

– Qual a tendência para o financiamento de campanha? Seguirá puramente público ou a tendência é mudar?

Um dos principais pontos em debate na Câmara é a retomada da possibilidade de doações por empresas privadas, que foram proibidas inicialmente pelo Supremo Tribunal Federal. A rigor o modelo atual não pode ser chamado de puramente público, pois as doações de pessoas físicas, embora escassas, são permitidas. Pela proposta em debate, o financiamento público por meio do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o Fundo Eleitoral, permaneceria. E as doações das empresas voltariam a um percentual do faturamento. Em vez disso, toda a doação privada estaria limitada a um teto único – cogita-se hoje que sejam R$ 200 mil por CNPJ. Essa combinação de financiamento público e privado é saudável para a democracia, pois evita que as cúpulas dos partidos deixem de apostar novos nomes. Em resumo, o financiamento misto oxigena a vida pública.

– Pode-se esperar a consolidação das cotas de financiamento para negros e mulheres?

É fundamental encontrar um modelo de garantir que haja recursos para os candidatos cotistas possam concorrer com chances reais, o que foi garantido de forma assistemática pelo Poder Judiciário. A cota de 30% para mulheres não está sendo cumprida. Na Câmara, foram eleitas 77 mulheres, o que corresponde a 15% das vagas. Nos parlamentos estaduais o resultado não foi melhor e até casos, como o do Mato Grosso do Sul, em que nenhuma mulher ocupa cadeira na Assembleia Legislativa. Temos que avançar para um sistema de cotas de vagas.

– O veto às coligações e à cláusula de desempenho são aspectos passíveis de mudança?

Coligação proporcional em um sistema de lista aberta era uma excrescência que só existia no Brasil. Espero que não haja retrocessos. A cláusula de desempenho deve seguir como está. Mudar isso também seria um retrocesso.

– E quanto às candidaturas avulsas, qual a tendência?

No mundo todo observamos que as democracias mais amadurecidas estão apoiadas em um modelo de consolidação partidária. O melhor cenário é que o eleitor faça sua escolha olhando para uma plataforma, sem personalismos. Embora não descarte as candidaturas avulsas, a verdade é que é muito complicado imaginar a hipótese em um cenário de pesado financiamento público de campanha. Os modelos são quase inconciliáveis.

– O Brasil sucessivamente muda as regras das eleições. Na sua opinião, é positiva mais uma mudança ou isso não cria insegurança para os candidatos que se planejam e não geram dúvidas para os eleitores?

É muito ruim para a segurança jurídica e a própria estabilidade da democracia que haja mudanças constantes. É exatamente por isso que surgiu a ideia do novo Código. Consolidar e aprimorar para evitar a necessidade de novas alterações a toda a eleição. O plano é ter uma legislação duradoura.

O que é CPI?

14 de abril de 2021

Usualmente, quando algo grave acontece no governo, ou o presidente perde muito de sua popularidade, vemos surgir o debate a respeito da instalação ou não de uma CPI.

Já tivemos CPI´s em distintos governos. A maioria não tendo grandes consequências além do desgaste político, outras causaram um enorme impacto, como foi a CPI do PC Farias (que levou o ex-presidente Collor a renúncia) ou ainda a CPI dos Correios (que desdobraria na descoberta do mensalão).

Mas afinal, o que é uma CPI? Como ela funciona? Quando ela é instalada?

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