Política e economia com análise e opinião.
Siga o Pedroso nas redes:

Saiba quanto cada candidato ao Senado pelo Paraná arrecadou até o momento

7 de setembro de 2022

O processo eleitoral fica cada vez mais intenso e um dos termômetros usados para avaliar a força de determinadas candidaturas é a capacidade de arrecadar recursos, tanto por meio de doação de pessoas físicas quanto de recursos provenientes do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, comumente chamado de Fundo Eleitoral.

No primeiro caso, conseguimos medir o tamanho da disposição dos eleitores em se comprometer financeiramente com determinado candidato, no segundo quanto determinado partido acredita naquela candidatura ou o poder de influência que o candidato possui junto a burocracia partidária.

Match Político: conheça os candidatos que pensam como você

Vamos observar a seguir quanto cada candidatura ao Senado (Paraná) arrecadou até agora e qual a origem desses recursos.

Utilizo como base de informações o sistema do TSE DivulgaCandContas e também o material preparado pelo JOTA Info em parceria com a Base dos Dados (organização que atua dando visibilidade e acesso a dados públicos). 

Candidato Partido Cargo Recurso de Fundo Eleitoral Doações Total de Receitas
Alvaro Dias PODE Senador R$ 4.000.000,00 R$ 440.000,00 R$ 4.440.000,00
Paulo Martins PL Senador R$ 2.000.000,00 R$ 665.026,00 R$ 2.665.026,00
Sergio Moro UNIÃO Senador R$ 2.223.600,77 R$ 259.000,00 R$ 2.482.600,77
Orlando Pessuti MDB Senador R$ 1.000.000,00 R$ 15.000,00 R$ 1.015.000,00
Desiree PDT Senador R$ 750.000,00 R$ 23.707,00 R$ 773.707,00
Aline Sleutjes PROS Senador R$ – R$ 248.123,13 R$ 248.123,13
Rosane Ferreira PV Senador R$ 205.598,70 R$ 200,00 R$ 205.798,70
Laerson Matias PSOL Senador R$ 139.422,93 R$ – R$ 139.422,93
Roberto Franca Da Silva Junior PCO Senador R$ – R$ – R$ –
Dr Saboia PMN Senador R$ – R$ – R$ –
*valores conferidos dia 05/09/2022

O atual senador lidera a arrecadação total e também a do fundo eleitoral, é inclusive o segundo maior recebedor de recursos do PODEMOS, atrás apenas de Leo Moraes, candidato a Governador em Rondônia. Enquanto isso, Paulo Martins figura entre os quatro principais recebedores de recurso do Fundo eleitoral (entre os candidatos ao Senado) do PL, atrás apenas de Romário (RJ), Flávia Arruda (DF) e Doutora Raissa Soares (BA). Chama a atenção que a única candidatura que obteve recursos exclusivamente de doações foi a de Aline Sleutjes. Os valores como um todo devem subir até o final do pleito, afinal o limite de gastos para candidaturas ao Senado é de R$ 4.447.201,54.

Sobre o colunista

Jeulliano Pedroso é sociólogo, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e mestrando em Antropologia Social também pela UFPR. Atualmente é Analista-chefe na Brasil Sul Inteligência.

Entenda o que dizem as pesquisas para o Senado divulgadas em agosto, no Paraná

4 de setembro de 2022

A eleição que irá definir um dos representantes do Paraná no Senado tem recebido uma grande atenção dos eleitores, da mídia e da classe política, justamente porque está mais disputada do que a própria eleição ao Governo, conforme pesquisas que vêm sendo divulgadas desde o segundo semestre, quando o quadro de competidores já estava melhor delimitado. 

Nesta eleição temos acesso a um maior número de pesquisas eleitorais do que no passado, o que é positivo por nos trazer mais elementos para refletir, mas demanda o cuidado de interpretar melhor essa quantidade de informações, antes que elas se transformem em confusão. Opto em trazer aqui um gráfico com os resultados das duas pesquisas para o senado divulgadas no mês de agosto, cujos relatórios completos pude ter acesso:

Realização IPEC (ex-IBOPE):

  • Campo realizado em: 19 e 21 de agosto de 2022;
  • Entrevistas presencial.

Realização Instituto Opinião:

  • Campo realizado em: 28 e 30 de agosto de 2022;
  • Entrevistas presencial.

Gráfico 1 – Agregado de pesquisas para Senado no Paraná

As duas pesquisas têm metodologia de coleta semelhante (ambas presenciais) o que talvez justifique uma variação menor do que o percebido no quadro comparativo dos candidatos a presidente.

Esse quadro nos permite perceber que a disputa ao Senado ainda está bastante concentrada em Álvaro Dias e Sérgio Moro, a despeito do apoio de Jair Bolsonaro (presidente) e Ratinho Junior (governador) para Paulo Martins. Os dois padrinhos, mesmo liderando as intenções de voto no Paraná, não estão conseguindo transferir essa predileção ao seu candidato ou este não está aproveitando ao máximo o potencial dos mandatários neste pleito. Explico um pouco mais sobre o impacto do apoio do governador na disputa ao senado em outro texto publicado no RIC Mais.

Vamos acompanhar o que as pesquisas que serão divulgadas em setembro irão apontar.

Sobre o colunista

Jeulliano Pedroso é sociólogo, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e mestrando em Antropologia Social também pela UFPR. Atualmente é Analista-chefe na Brasil Sul Inteligência.

Saiba qual o resultado das pesquisas para o Governo do Paraná divulgadas em agosto

3 de setembro de 2022

A corrida para ocupar o Palácio Iguaçu se mostra a menos intensa dos três cargos majoritários em disputa (Presidência, Governo e Senado). Os índices de avaliação e  o movimento político que afastou outras candidaturas do campo da centro-direita garantem um favoritismo ao atual governador Ratinho Junior, segundo as pesquisas.

Acompanho atentamente estas pesquisas para compreender melhor os movimentos dos humores dos eleitores paranaenses e apresento neste texto um gráfico contendo os resultados das quatro pesquisas para governador divulgadas mês de Agosto, cujos relatórios completos pude ter acesso:

Realização IRG:

  • Campo realizado em: 08 e 12 de agosto de 2022;
  • Entrevistas por telefone. 

Realização Real Time Big Data:

  • Campo realizado em: 13 e 15 de agosto de 2022;
  • Entrevistas por telefone. 

Realização IPEC (ex-IBOPE):

  • Campo realizado em: 19 e 21 de agosto de 2022;
  • Entrevistas presencial.

Realização Instituto Opinião:

  • Campo realizado em: 28 e 30 de agosto de 2022;
  • Entrevistas presencial.

Gráfico 1 – Agregado de pesquisas para o Governo no Paraná

A partir dos dados divulgados pelos institutos de pesquisa, a tendência é que Ratinho Junior seja eleito ainda no primeiro turno. Nem mesmo o melhor desempenho de Requião no Índice de Exposição digital (IED) divulgado pela consultoria Brasil Sul Inteligência seria suficiente para ameaçar o favoritismo do atual governador.

Chama a atenção que o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) não consegue absorver as intenções de voto que o ex-presidente Lula tem no estado, quais sejam IRG – 30,3% e IPEC 35%. Em ambos os casos percebemos uma diferença de aproximadamente 10% a mais para o ex-presidente.

Vale aguardar as pesquisas que serão divulgadas em Setembro.

Sobre o colunista

Jeulliano Pedroso é sociólogo, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e mestrando em Antropologia Social também pela UFPR. Atualmente é Analista-chefe na Brasil Sul Inteligência.

Saiba o que dizem as pesquisas para presidente divulgadas em agosto, no Paraná

2 de setembro de 2022

Nesta eleição de 2022, temos uma grande quantidade de pesquisas sendo divulgadas, com metodologias diversas e resultados divergentes. Tanto é que tenho recebido vários questionamentos sobre a confiabilidade ou não destas pesquisas e como evitar que o excesso de informação vire ruído.

Assim, optei por apresentar neste texto um gráfico com os resultados das duas pesquisas para presidente realizadas aqui no estado do Paraná no mês de Agosto, cujos relatórios completos pude ter acesso.

Realização IRG:

  • Campo realizado em: 08 e 12 de agosto de 2022;
  • Entrevistas por telefone. 

Realização IPEC (ex-IBOPE):

  • Campo realizado em: 19 e 21 de agosto de 2022;
  • Entrevistas presenciais.

Gráfico 1 – Agregado de pesquisas presidenciais Paraná

Em ambas as pesquisas, o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) lidera as intenções de votos no Paraná. Entretanto, um dos institutos apresenta uma diferença a seu favor de 19,2% (IRG), enquanto o outro mostra uma vantagem de apenas 6% (IPEC). O que pode explicar uma diferença  de mais de 13% entre uma consulta e outra? Posso elencar duas entre outras possibilidades:

  • Intervalo de tempo entre as coletas: pesquisas captam o momento e a simpatia por uma ou outra candidatura, podendo variar no decorrer dos dias. Somado a este fato, uma das pesquisas foi realizada quando o horário eleitoral já havia iniciado;
  • Forma de coleta (presencial OU telefone): pesquisas realizadas por telefone tem uma tendência de distorcer a representação da população com maior renda, pois pessoas com renda menor teriam dificuldades em atender ligações durante o horário de expediente e evitariam números desconhecidos. Já pesquisas realizadas presencialmente têm relação inversa, pois pessoas com poder aquisitivo mais alto costumam transitar pela cidade de carro ou frequentar locais de difícil acesso para pesquisadores (clubes, shoppings, condomínios).

Compreendendo os limites de ambas as pesquisas, recomendo ao leitor atento que olhe os dados compreendendo as tendências que eles apontam, a principal delas é que o Paraná tende a seguir seu retrospecto de votar majoritariamente contra os candidatos do Partido dos Trabalhadores (PT).

Vamos acompanhar juntos o que as pesquisas de setembro apresentarão.

Sobre o colunista

Jeulliano Pedroso é sociólogo, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e mestrando em Antropologia Social também pela UFPR. Atualmente é Analista-chefe na Brasil Sul Inteligência.

Match Político: Grupo RIC prepara plataforma para ajudar na escolha de candidatos nas eleições de 2022

2 de setembro de 2022

O Grupo RIC está concluindo o Match Político 2022, uma plataforma online com objetivo de auxiliar na escolha dos candidatos a senador, deputado federal e estadual do Paraná. A ferramenta funcionará como uma espécie de “Tinder eleitoral”, no qual aparecerá no resultado final os candidatos mais próximos das convicções do eleitor.

Leia também:

A plataforma ficará disponível no portal O Voto na RIC. O eleitor vai responder a um questionário que vai definir o seu posicionamento político e indicar os candidatos que possuem mais afinidade. Os candidatos também responderam as mesmas questões que os eleitores. Na fase atual, os candidatos estão respondendo o questionário para alimentar o banco de dados que será usado em breve.

No final do teste, a plataforma apresentará que políticos deram as respostas mais próximas do eleitor, “dará um match” e aparecerá entre as opções na página do usuário. O eleitor também poderá fazer filtros através de partido, gênero, causas e até religião para encontrar candidatos que possuem mais interesse. É a segunda vez que o Grupo RIC proporciona a ferramenta. A primeira foi durante as eleições de 2020 para a escolha dos vereadores.

Jeulliano Pedroso, jornalista, cientista político e criador do Match Político, disse que o principal objetivo da plataforma é garantir com que as pessoas identifiquem candidatos legislativos que tem pautas e bandeiras muito próximas a do eleitor. “Quanto mais as pessoas conseguem olhar para quem está no parlamento e se identificam com elas, maior é a confiança nas instituições”, destaca.

Segundo o cientista, o Match Político possibilita que o usuário conheça as ideias dos pretensos parlamentares que nem sempre estão visíveis em suas campanhas eleitorais. “Muitas vezes os candidatos fogem de alguns temas e de algumas ideias. O Match proporciona que essas questões sejam respondidas e que se tenha visibilidade sobre elas”, dizendo que assim o eleitor consegue fazer uma escolha melhor informado.

Ratinho Junior cresce, mas Requião ainda lidera em Índice de Exposição Digital

1 de setembro de 2022

A consultoria Brasil Sul Inteligência divulgou um material que analisa o desempenho dos candidatos ao Governo do Paraná no meio digital com dados colhidos entre os dias 12 e 18 de agosto. Diferente do que poderia se esperar, o candidato que lidera as pesquisas não é aquele que se destaca nos dados por eles levantados.

Sabemos que uma campanha eleitoral tem várias facetas, como por exemplo: o campo da articulação e alianças políticas; a judicial, que impede ou viabiliza determinadas candidaturas, e a que utiliza resultados de governos atuais ou passados como ativadores da memória e do sentimento do eleitor. Nesse mar de possibilidades temos, ainda, o campo “digital” com as diversas redes sociais, jornais eletrônicos, portais e ferramentas de busca. Cada uma destas facetas exige habilidades diferentes para se destacar frente aos oponentes.

Ratinho Junior (PSD) mostrou habilidade ímpar em vários destes campos, tanto que conseguiu figurar como único candidato da centro-direita nesta disputa, fato que se reflete em números robustos nas pesquisas. Vamos olhar um pouco mais detalhadamente para  os números apresentados pela consultoria.

Na semana de 12 a 18 de agosto, o Índice de Exposição Digital (IED) foi influenciado pelo início oficial da campanha eleitoral, terça-feira (16), momento em que os candidatos aos governos dos estados estão autorizados a realizar propaganda eleitoral na internet. O gráfico abaixo apresenta os números totais do IED dessa semana: 

Roberto Requião (PT) aparece com um índice de 26.3 pontos, Ratinho Junior (PSD) com 17 pontos, Ricardo Gomyde (PDT) com 7.1 pontos, Joni Correia (DC) com 4.9 pontos, Vivi Motta (PCB) com 3.7 pontos, Angela Machado (PSOL) com 3.4 pontos, Professor Ivan (PSTU) com 3.4 pontos, Solange Bueno (PMN) com 3.3 pontos e Adriano Teixeira (PCO) com 3 pontos. 

O gráfico nos mostra que Ratinho Junior (PSD) apresentou um aumento de 4,2 pontos no Índice de Exposição Digital, em razão de seu melhor engajamento no Facebook. A exposição digital de Roberto Requião (PT) apresentou uma leve queda de 0.4 pontos devido a variações nas métricas ligadas ao Google Trends. O candidato Ricardo Gomyde (PDT) cresceu 1,2 pontos indo de 5,9 para 7,1 pontos na comparação com a semana passada, pois houve um aumento no interesse de pesquisa por notícias envolvendo o candidato do PDT e um melhor engajamento em suas redes sociais. 

Nem sempre buscas ou notícias são baseadas em aspectos positivos, o instrumento aqui mostra apenas a “exposição digital” dos candidatos, ou seja, o quanto de interesse e interação esses políticos têm gerado. Fica evidente, então, que o estilo mais verborrágico do ex-governador gera um frisson maior do que a postura mais comedida do atual mandatário.

Sobre o colunista

Jeulliano Pedroso é sociólogo, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e mestrando em Antropologia Social também pela UFPR. Atualmente é Analista-chefe na Brasil Sul Inteligência.

Por que um vereador concorre a deputado?

18 de agosto de 2022

O período de registro das candidaturas terminou na segunda-feira (15). Podemos observar, agora, vereadores lançando candidaturas para deputado federal ou estadual — fenômeno que já ocorreu em outras eleições. Alguns deles com aparente chance de êxito, outros com chances bem reduzidas de trocar o legislativo municipal por uma representação mais ampla.

Quais seriam os elementos que motivam os mandatários a enfrentar uma nova eleição 20 meses depois de tomar posse na Câmara Municipal? Conversando com alguns destes parlamentares, obtive os seguintes motivos:

  • Vontade concreta de assumir uma cadeira de maior representatividade: teria utilizado o mandato de vereador e sua estrutura como um trampolim para um cargo que já ambicionava;
  • Exigência do partido: por conta da cláusula de desempenho os partidos precisam ampliar suas votações para conseguir manter seu pleno funcionamento e, principalmente, assegurar o acesso ao fundo partidário;
  • Alianças políticas: necessidade de potencializar o apoio político a uma outra candidatura, as famosas dobradas. Em outras palavras, o vereador sairia candidato a um cargo para ajudar outro político que se candidatou a um cargo de esfera diferente, se o político que receberá apoio sair candidato a deputado federal o  vereador se candidataria a deputado estadual ou vice versa;
  • Potencializar as chances de reeleição no próximo pleito municipal: o vereador ou vereadora aproveitaria a oportunidade de concorrer no pleito estadual para manter seu nome em evidência, ampliando suas chances de reeleição à vereança.

Os três primeiros pontos são bastante particulares e, consequentemente, difíceis de serem analisados de forma mais ampla, porém o último ponto nos possibilita uma análise pregressa para verificar se realmente os vereadores que se candidatam a deputados tem uma taxa maior (ou não) de reeleição do que aqueles que não se candidatam.

Vamos lançar primeiro um olhar para o Brasil (através das capitais dos estados) e depois para Curitiba em particular.

Com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a taxa de vereadores de capitais eleitos em 2016 que disputaram e não venceram as eleições para o cargo de deputado em 2018 e buscaram a reeleição para o legislativo municipal em 2020 foi de 55,1%. Já a taxa de reeleição dos vereadores de capitais que não disputaram o cargo para deputado em 2018 foi de 56,9%. Os dados indicam uma leve vantagem para aqueles que não concorreram, mas, convenhamos, não é uma diferença percentual tão grande.

Ser eleito, ou não, tem correlação com vagas obtidas pela coligação entre outros fatores. Resolvi testar, então, uma hipótese: se os vereadores (de capitais) que disputaram eleições para deputados tiveram médias maiores de votação do que aqueles que não concorreram. O gráfico a seguir nos mostra que não, pelo contrário. Os vereadores que não disputaram as eleições de deputado, tiveram uma média quase 30% maior do que aqueles que se candidataram no meio do mandato.

Gráfico 1 – Média de votos em 2020 dos vereadores eleitos em 2016 

Podemos perceber pelos dados, neste cenário, que ser candidato a deputado não significa automaticamente um crescimento de votação na eleição subsequente de vereador — pelo menos não quando olhamos os dados nacionais. E se olharmos para nossa capital? Afinal as diferenças regionais são relevantes quando pensamos o comportamento dos eleitores.

Em Curitiba, diferente do cenário nacional, a taxa de reeleição foi maior entre os que concorreram a deputado na metade do mandato de vereador, como podemos ver no gráfico abaixo.

Gráfico 2 – Taxa de reeleição dos vereadores de Curitiba X Capitais do Brasil

A diferença é de 12,1%, bastante relevante. Portanto, respondendo a pergunta inicial, aparentemente no caso das capitais brasileiras não é uma grande vantagem concorrer a deputado como estratégia de potencializar uma eventual reeleição. Porém, se olharmos para Curitiba, essa estratégia trouxe algum êxito no período analisado. Vamos acompanhar e observar se esse fenômeno se repetirá em 2024.

Sobre o colunista

Jeulliano Pedroso é sociólogo, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e mestrando em Antropologia Social também pela UFPR. Atualmente é Analista-chefe na Brasil Sul Inteligência.

O apoio do governador impacta na eleição ao Senado?

5 de agosto de 2022

Até o dia 15 de agosto, quando se encerra o prazo de registro das candidaturas, o cenário da eleição pode se modificar bastante. Se houver recursos na justiça ou uma eventual tentativa de impugnação do registro do candidato do União Brasil, este prazo poderá se alongar ainda mais. 

Alguns dos candidatos apostam num recall de suas imagens do passado, como é o caso do atual senador Álvaro Dias, do ex-governador Orlando Pessuti e também de Sergio Moro. Outros apostam num discurso de renovação, caso de Aline Sleutjes (pela direita) e Desiree Salgado (pela esquerda). Ainda, temos aqueles que apostam numa transferência de votos de lideranças maiores, que seria o caso, principalmente, de Paulo Martins e Guto Silva.

Aqueles que creditam sua campanha nos apoios recebidos e no potencial de transferência de votos tomam como base principalmente o pleito de 2018, que viabilizou a eleição de candidatos pouco conhecidos ou até mesmo desconhecidos na onda gerada por Bolsonaro. Aqui no Paraná olham para a eleição de Oriovisto Guimarães, que foi alçado ao Senado graças ao apoio recebido do então candidato ao governo, Ratinho Jr. Mas será que esse fenômeno costuma se repetir?

Para responder de forma mais assertiva adotei dois caminhos: um situacional (olhando pesquisas eleitorais) e outro pregresso (olhando os pleitos passados). Vamos ao os dados.

(Fonte: Ipespe)

Como podemos perceber nos dados colhidos pelo Ipespe no início do mês de julho, de todos os políticos mencionados o apoio do atual governador é o mais impactante (positivamente) para a reflexão do eleitor quanto ao seu voto. Vale um alerta aqui: a questão busca avaliar qual a influência de determinado apoio, mas ela não pode ser lida como uma transmissão automática em que o candidato aponta e o eleitor segue.

Contudo,é bastante impressionante que um percentual tão grande de eleitores (⅓) leve em conta a indicação do governador na hora de avaliar seu voto ao senado. Olhando pelas lentes da situação delineada por essa pesquisa, o apoio do governador seria bastante relevante para qualquer candidato que busque disputar a eleição de forma competitiva.

Agora, olhando para as eleições passadas, o que elas poderiam nos dizer sobre o quão determinante foi o apoio do governador? Na tabela abaixo apresento alguns dados das últimas 6 eleições ao governo e ao senado, cobrindo um período de 24 anos. 

Ano Cargo/Nome Coligação Percentual na eleição Alinhado
2018 Governador  Ratinho Jr. Paraná Inovador (PSD, PSC, PRB, PR, PPS, PV, PHS, AVANTE e PODE) 59,99% (3.210.712)
2018 Senador:
Flávio Arns
Coligação do bem e da verdade para mudar o Paraná (REDE, PPL e DC) 23% (2.331.740) NEUTRO
2018 Senador: Oriovisto Guimarães Paraná Inovador” (PSD, PSC, PRB, PR, PPS, PV, PHS, AVANTE e PODE) 29,17% (2.957.239) COLIGADO
2014 Governador Beto Richa Coligação Todos pelo Paraná (PSDB, PROS, PSD, PP, PR, DEM, PSB, PTB, SD, PPS, PSC, PEN, PHS, PMN, PSDC, PSL, PTdoB) 55,67% (3.301.322)
2014 Senador: Alvaro Dias Coligação Todos pelo Paraná (PSDB, PROS, PSD, PP, PR, DEM, PSB, PTB, SD, PPS, PSC, PEN, PHS, PMN, PSDC, PSL, PTdoB) 77% (4.101.848) COLIGADO
2010 Governador eleito  Beto Richa Coligação Novo Paraná (PSDB, PP, DEM, PSB, PTB, PPS, PRB, PHS, PMN, PRP, PSDC, PSL, PTC, PTN) 52,43% (3.039.774)
2010 Senador: Roberto Requião Coligação A União faz um Novo Amanhã (PDT, PMDB, PT, PR, PSC, PCdoB) 24,84% (2.691.557) OPOSIÇÃO
2010 Senador: Gleisi Hoffmann Coligação A União faz um Novo Amanhã (PDT, PMDB, PT, PR, PSC, PCdoB) 29,5% (3.196.468) OPOSIÇÃO
2006 Governador Roberto Requião Coligação Paraná Forte (PMDB, PSC) 42,81% (2.321.217 – primeiro turno)
2006 Senador: Alvaro Dias PSDB 50,51% (2.572.481) OPOSIÇÃO
2002 Governador  Roberto Requião PMDB 55,2% (2.681.811)
2002 Senador:Osmar Dias Coligação Vote 12 (PDT, PPB, PTB, PTN, PRP, PTdoB) 30,1% (2.776.250) OPOSIÇÃO
2002 Senador: Flávio Arns Coligação Renova Paraná (PT, PHS, PL, PCdoB, PCB) 21,6% (1.995.601) NEUTRO
1998 Governador eleito  Jaime Lerner Coligação Movimento Paraná Segue em Frente (PFL, PTB, PPB, PL, PSB, PPS, PSC, PSD, PST, PRN, PRP, PSL, PTN, PTdoB) 52,2% (2.031.241)
1998 Senador: Alvaro Dias Coligação da Social Democracia (PSDB, PSDC) 28,3% (2.532.010) NEUTRO

Verifica-se que das 9 vagas de Senador que foram disputadas no período, apenas 2 foram preenchidas por candidatos coligados ao governador eleito. As outras 7 foram preenchidas por candidaturas de caráter neutro ou de apoio não explícito (3 cadeiras) e 4 por candidaturas claramente de oposição.

Pelo que conseguimos captar dos dados e dos eventos passados, podemos responder a pergunta do título dessa coluna da seguinte forma: provavelmente sim, o apoio do governador é importante pela eventual transferência de votos quanto também pela utilização da chamada máquina em prol de determinado candidato, mas não é determinante e nem sempre é suficiente. Ou seja, o eleitor sabe separar as coisas.

Eleições 2022: nova regra pode mudar a disputa pelo Senado no Paraná; entenda

7 de julho de 2022

Restando pouco menos de três meses para as Eleições 2022, a disputa por uma cadeira no Senado Federal ganha temperos novos. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu que partidos coligados em apoio a um candidato ao Governo do Estado, podem lançar mais de um candidato a Senador. A decisão pode afetar as alianças políticas e o cenário eleitoral, inclusive no Paraná.

O RIC Mais ouviu o analista político Jeuliano Pedroso, que explica que a decisão facilita a composição da chapa eleitoral, especialmente no estado, onde o atual governador e candidato a reeleição, Carlos Massa Ratinho Júnior (PSD), ainda não definiu quem vai apoiar no pleito atual.

“O governador Ratinho Júnior tinha uma dificuldade na composição de quem seria seu candidato ao Senado. Ele tem o Guto Silva (PP), ex-secretário da Casa Civil da gestão dele, o Paulo Martins (PL), que é um aliado histórico do governador e até o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil). Então você tem três partidos que compõem a chapa do Ratinho Júnior, que podem apresentar candidatos ao Senado e o governador não precisaria escolher um nome, apenas o eleitor”,

explica Pedroso.

O TSE vetou as coligações cruzadas neste ano. O que significa que os partidos na mesma aliança podem lançar mais de um candidato a senador, mas não criar coligações paralelas. As convenções partidárias começam no próximo dia 20 de julho e seguem até 5 de agosto, data final para partidos, federações e as coligações decidirem seus candidatos.

Quais deputados podem entrar com a cassação da chapa do PSL?

6 de julho de 2022

A justiça eleitoral determinou a cassação de quatro deputados estaduais eleitos na chapa do PSL/PTC/PATRI, por uma possível fraude nas candidaturas femininas que concorreram. 

Segundo o apurado, duas candidatas foram inscritas sem concordarem com isso. A decisão ainda pode ser revertida, por isso os deputados que podem perder o mandato seguem exercendo a função.

Porém, para antecipar as possíveis mudanças, realizei os cálculos suprimindo os votos destinados para a coligação, o que afetaria a distribuição das vagas de forma global. Veja quem são os deputados que podem perder o mandato e aqueles que assumem no seu lugar:

Bancada cassada

NOME COLIGAÇÃO VOTOS
CORONEL LEE PSL / PTC / PATRI 58343
DELEGADO FERNANDO PSL / PTC / PATRI 36937
LUIZ FERNANDO GUERRA PSL / PTC / PATRI 32216
MISSIONÁRIO RICARDO ARRUDA PSL / PTC / PATRI 27574

Candidatos que ganharão vaga após cassação da chapa do PSL

NOME COLIGAÇÃO VOTOS
HUSSEIN BAKRI PSC / PSD 32679
EVANDRO JUNIOR PP / PTB / DEM / PSDB / PSB 31200
PÉRICLES DE HOLLEBEN MELLO PT 27397
GUGU BUENO PRB / PHS / PR / AVANTE 21574

Mesmo que a cassação seja levada adiante, os deputados que por ventura venham a perder o mandato não estariam impedidos de concorrer nas eleições deste ano.

Quer receber notícias e artigos no seu celular?

Entre agora entre no canal do Whats do Fala, Pedroso!

Receber notícias