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O que é Centrão na política?

31 de março de 2021

O termo Centrão é comumente usado para designar um grupo de parlamentares que se unem para ampliar sua influência na Câmara Federal e no Senado. O termo não agrada muito aos parlamentares e dificilmente algum deles admite fazer parte desse grupo.

Severino Cavalcante, Eduardo Cunha, Rodrigo Maia e Arthur Lira representam esse grupo? O Centrão existe formalmente? Quais são os seus principais objetivos?

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#LulaLivre: e agora, Sergio Moro?

26 de março de 2021

Tenho analisado nesta série de artigos quais as repercussões no cenário eleitoral de 2022 em razão do retorno da elegibilidade de Lula e, mais recente, da suspeição de Sergio Moro ao conduzir o julgamento. No primeiro texto abordei os impactos para o próprio Lula, e no segundo você conferiu que avaliei os desdobramentos para o presidente Jair Bolsonaro. Já neste artigo abordarei as possibilidades políticas de Sergio Moro.

Antes de avançarmos, quero reforçar que a análise é feita apenas no campo político, não abordarei minucias jurídicas nem a (i)legalidade delas.

Moro construiu inicialmente uma carreira de perfil tecnocrata com posições alcançadas via concurso público, Juiz Federal e professor universitário (UFPR), que lhe garantiam um grau enorme de autonomia. Se antes sua atuação tinha repercussão política, seus atos poderiam seguir uma estratégia de interação com os atores políticos, mas ele estava confortavelmente distante do palco político propriamente dito.

Quando Moro optou em deixar a magistratura e assumir o Ministério da Justiça, cruzou a linha e se tornou, de fato, agente político, tendo que aprender a construir alianças, fazer concessões e receber críticas (sem a toga por proteção e o “cumpra-se” por ferramenta).

Como fica o cenário político para Sergio Moro?

Ataques: desde o início da operação Lava-jato, Sergio Moro sofre inúmeros ataques daqueles que se sentem ameaçados pelas investigações ou dos que enxergavam exageros em sua conduta, entretanto, o juiz sempre contou com um substancial apoio de setores da mídia e da sociedade, o que lhe permitiu seguir adiante, construindo e reforçando sua imagem de combatente da corrupção. Contudo, o que Moro enfrenta agora é muito diferente. O refluxo de suas ações é intensificado por um número maior de opositores diretos ou indiretos (Lulismo + Bolsonarismo + Centrão + STF).

Mídia: parte do sucesso da Lava-jato e de Sergio Moro se deve ao amplo apoio recebido da mídia, como já dito. Ele, inclusive, cita a importância em seu artigo a respeito da operação mãos limpas, porém, este apoio arrefeceu por alguns motivos:

1) Medo que alguns jornalistas têm de serem ligados a ele e ao caso da vaza-jato (o ex-juiz é acusado de articular junto à imprensa o vazamento de informações estratégicas sobre as operações);

2) Desejo de ver enfraquecidos os problemas jurídicos do ex-presidente Lula (por perceber nele o melhor concorrente contra Jair Bolsonaro);

3) Alinhamento com o presidente (que espera vê-lo fora do páreo, diminuindo assim a concorrência pelos votos do antipetismo);

4) Parte da mídia ficou chocada com a explicitação dos métodos utilizados por Moro.

Com isso, sobrou um espaço muito menor de manobra com a mídia, ficando apenas os “lava-jatistas raiz”.

Eleitores: Moro frequentemente aparece como terceiro colocado nas pesquisas, o que faria dele um ótimo candidato para os defensores de uma terceira via, mas as perguntas que devem ser respondidas são: Tendo em vista que, parte da direita enxerga Moro como traidor de Jair Bolsonaro, e parte da esquerda o vê como justiceiro togado, ele conseguirá agregar eleitores dos polos? Terá a habilidade de construir alianças para superar esses vetos?

Votos de Bolsonaro: a pesquisa do Ipec (apresentei no primeiro artigo) aponta que o ex-juiz é quem compartilha o maior número de eleitores com o presidente (algo próximo dos 13%). Significa, portanto, que o maior beneficiado pela ausência de Sergio Moro das eleições é o atual presidente.

Legado: com a saída do Ministério da Justiça, o fim da força tarefa da Lava-jato, a suspeição nos casos do ex-presidente Lula e com as ameaças de ser processado por conta de sua conduta, o ex-juiz fica numa posição cada vez mais acuada. Outrossim, estes mesmos ataques podem servir de mola propulsora para uma eventual candidatura, que além de viável, serviria para defender um legado.

Paladino ou Batman? 57% dos entrevistados pelo Datafolha (março/2021) consideram que Moro agiu corretamente ao condenar o ex-presidente Lula (pesquisa feita antes da decisão do STF sobre a sua parcialidade). O que significa? Que o debate jurídico, tanto da suspeição do Juiz Sergio Moro, quanto da incompetência da 13ª vara federal, inflama os juristas e o judiciário (chegando a dividir de forma acalorada entendimentos no STF) e ao mesmo tempo é tão distante da realidade cotidiana que acaba por reforçar aos leigos a sensação de impunidade.

Talvez a roupa de paladino da justiça não seja mais adequada ao ex-juiz, mas com certeza a imagem de combatente da justiça a qualquer preço (Batman) ainda pode embalar projetos eleitorais.

Resta-nos saber se a experiência em Brasília municiou o ex-juiz de instrumentos e aliados para construir sua candidatura ou se foi um processo tão traumático que o manterá definitivamente afastado desta arena. Ser um ótimo jogador em um campo (judiciário) não garante sucesso em outro (política). Quem aqui se lembra do Pelé cantando?

Sigamos pensando estrategicamente!

O que você acha sobre os pedágios do Paraná?

24 de março de 2021

As concessões de pedágios aqui do Paraná acabam em novembro deste ano e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) tem feito consultas sobre o modelo que será implantado logo após.

O que você acha dos pedágios? Você prefere um modelo que prevê mais obras e um valor maior ou menos obras e uma tarifa menor?

Participe da Audiência Pública: https://bit.ly/3966HLi

Confira a análise abaixo e deixe o seu comentário.

#LulaLivre: e agora, Jair Bolsonaro?

19 de março de 2021

No artigo anterior abordei alguns aspectos analíticos das possibilidades do ex-presidente Lula no pleito de 2022, após analisar os movimentos ocorridos no STF – a anulação das condenações de Lula, somadas com a possibilidade da suspeição de Moro. Neste texto vamos dar uma olhada no principal concorrente do pleito de 2022, segundo as pesquisas: Jair Bolsonaro.

A entrada de Lula no cenário, agora elegível, afeta bastante o jogo político do atual presidente, pois, diferente de alguns de seus apoiadores, que consideram Lula um adversário fácil de ser batido, Jair Bolsonaro tem clareza que Lula é mais competitivo do que um outro candidato genérico do PT.

Como fica o cenário político de Jair Bolsonaro nesta conjuntura?

– Histórico: no Brasil, nenhum presidente que postulou a reeleição deixou de ser bem-sucedido, nem mesmo Dilma pós manifestações de 2013. Ainda, 2022 pode ser também a primeira vez que um ex-presidente enfrentaria um presidente em candidatura de reeleição.

– Máquina: a capilaridade administrativa do Governo Federal e o acesso ao orçamento (que tende a atrair prefeitos e deputados) são elementos que o então candidato de 2018 não podia contar e agora pode, o que, convenhamos, não é pouco.

– Clareza: com Lula na disputa fica mais claro quem será seu principal opositor, permitindo ao presidente antecipar movimentos e conquistar eleitores mais moderados (já passou inclusive a usar máscara e adotar medidas pró-vacina), pois os mais radicais à direita tendem a aderir quase que automaticamente pelo sentimento de antipetismo.

– EUA: com a derrota de Donald Trump, além de perder o apoio (mesmo que simbólico) dos EUA, o presidente também amarga um prenúncio ruim, pois ambos compartilhavam agendas e métodos em comum. O revés de um pode significar um caminho mais árduo para o outro.

Força política: seus aliados ganharam as mesas diretoras da Câmara Federal e do Senado. Os partidos do centrão que participaram da vitória da direção do Congresso também foram vitoriosos nas eleições municipais. Dos 14 partidos que tiveram acréscimos de prefeituras em 2020 (em relação a 2016), 9 estavam no bloco de apoio ao deputado Arthur Lira, esse número sobe para 10 se considerarmos o DEM, já que mesmo não formalizando adesão ao bloco, liberou seus deputados para votar no candidato do governo o que inclusive gerou uma crise com o deputado Rodrigo Maia.

Bolsonaro está derrotado?

Para aqueles oposicionistas mais animados, que sistematicamente afirmam que o presidente já está derrotado, vale uma dose redobrada de cautela, pois ele é, antes de mais nada, um sobrevivente, conseguindo reverter situações desfavoráveis e tirar proveito delas. Exemplos: em 2018, quando sem coligação partidária cravaram sua inviabilidade eleitoral; nas acusações em relação ao Queiroz/Flávio, cujas investigações vem perdendo força; na saída do ministro Mandetta (incluindo a forma de gerir o enfrentamento a pandemia); na saída do ministro Moro; e na questão do auxílio emergencial.

Alguns analistas já foram categóricos em cravar a sua derrocada, mas ele sempre conseguiu manter seu núcleo duro de apoiadores unidos e aquecidos. A própria pesquisa DataFolha, divulgada em 17/03/2021, mostra uma estabilidade na faixa de 30% de favoráveis.

Outro aspecto importante na distinção entre Lula e Bolsonaro é a pauta de costumes que pode ser determinante para alguns setores. Os evangélicos são proporcionalmente o setor onde o apoio ao presidente alcança os melhores percentuais. Em 2018, por exemplo, mais de 70% (segundo pesquisa do DataFolha de 18/out/2018) declararam que votariam nele no segundo turno.

Devemos estar atentos a um outro fator que tende a impactar o pleito de 2022 e se converter em vantagem para o presidente: a questão do comparecimento, o votar de fato. Por ter uma postura aguerrida e seu eleitor ter um vínculo emocional tão intenso com ele, a motivação de comparecer para votar é maior. Claro que por gerar sentimentos tão fortes a rejeição tende a ser grande fator motivacional de comparecimento também para a oposição, algo que também vimos nas eleições americanas.

Esta análise não termina aqui. Temos ainda outros atores para acompanhar: o papel do ex-juiz Sérgio Moro e de outros possíveis competidores, como Huck, Mandetta, Marina, Ciro e etc.

Não se enganem: por mais que o cenário esteja ficando mais delimitado, nada ainda está solidificado.

Até a próxima semana!

STF exercendo papel político?

17 de março de 2021

O Supremo Tribunal Federal (STF) encontra-se no topo da hierarquia do Poder Judiciário, mas vem exercendo um papel incomum ultimamente.

#LulaLivre: e agora?

12 de março de 2021

A semana começou bastante agitada, com reviravoltas jurídicas de repercussões tanto no presente, quanto no cenário de 2022. Quero conversar com vocês sobre o que é possível antever dos movimentos desencadeados a partir dos seguintes fatos: 1) decisão do ministro Fachin que anulou as decisões referentes ao ex-presidente Lula em suas condenações no âmbito da operação Lava-Jato; e 2) votação da segunda turma do STF, presidida pelo ministro Gilmar Mendes, referente a suspeição do ex-ministro e ex-juiz Sergio Moro.

A análise se dará no aspecto político/eleitoral. Não entrarei, portanto, nas minúcias judiciais.

Para delimitar melhor o que devemos olhar, vale estabelecer quais os atores e seus respectivos “tamanhos” neste tabuleiro. Partindo das pesquisas eleitorais, divulgadas agora em março, o cenário das intenções de voto se apresenta da seguinte forma:

À título de informação, as pesquisas da CNN/RealTme Big Data e do Paraná Pesquisas têm metodologias parecidas, sendo feitas por telefone. Já do Ipec tem duas distinções importantes: foi efetuada por coleta presencial e apresentou os dados agregados de duas perguntas – “votaria com certeza” + “poderia votar” –, por isso a soma ultrapassa os 100% e os números assumem esta dimensão tão distinta.

Para evitar um texto demasiadamente longo (como foi o voto do Gilmar Mendes ou a fala do Lula), separo a análise em 4 tópicos: E agora, Lula?; E agora, Bolsonaro?; E agora, Sergio Moro?; e Temos outras alternativas?. Este artigo tratará do primeiro tópico.

E agora, Lula?

Com os movimentos ocorridos nesta semana, o ex-presidente se encontra elegível a qualquer cargo público, ou seja, está apto a disputar as eleições presidências em 2022. Mesmo que seu processo seja retomado pela Justiça Federal do Distrito Federal, como determinou Fachin, deve permanecer apto, pois dificilmente terá condenações em duas instâncias em tempo hábil para impedir o registro de sua candidatura.

Sem dúvidas Lula e o PT foram os maiores beneficiados com os movimentos do STF (Fachin + Gilmar Mendes). Explico:

Livre, leve e solto: enquanto Lula estava preso, seu candidato, Fernando Haddad, perdeu por uma diferença pouco maior do que 10%. Com ele em campo, a diferença tende a ser menor, seja como candidato ou atuando apenas como articulador e cabo eleitoral.

Oposição: durante estes pouco mais de dois anos, o PT fez uma oposição tímida ao governo, muito diferente do que foi com FHC, por exemplo. O partido de certa forma se encontrava “preso” junto com o ex-presidente e suas energias concentradas no “Lula Livre”. Com o objetivo alcançado, o partido provavelmente mudará o tom na oposição, endurecerá e Lula tende a ser o grande porta-voz desta virada.

– Polo: desde a redemocratização, o PT conseguiu ser um dos principais polos na disputa eleitoral, alcançando sempre o segundo turno das eleições presidenciais que disputou (com exceção das eleições que FHC disputou 1998, em que não teve segundo turno).

– Maior: Lula é muito maior que o PT, nem todo eleitor que vota em Lula votou ou votaria num preposto por ele indicado. Um exemplo é a consulta efetuada pela Paraná Pesquisa, em que Lula aparece com 18%, mas se o candidato fosse o Haddad cairia para 10,8%.

Contudo, nem tudo são flores. Existem algumas questões que colocam em dúvida ou, pelo menos dificultam, a candidatura de Lula:

– Idade: pesa sobre ele a idade (75 anos) e os problemas de saúde que ele já superou, mas que sempre cobram um preço na disposição e vigor. Fazer campanha num país continental como o Brasil requer muito folego.

– Moral: mesmo que não possua mais condenações, moralmente ele ainda está bastante desgastado. Deverá assumir um discurso de injustiçado, para tentar mitigar esta percepção, porém, segundo levantamento da Paraná Pesquisa, 57,5% das pessoas consultadas discordam da anulação das condenações que pesavam sobre ele.

Com que roupa?: para dimensionar melhor a viabilidade eleitoral de Lula, é fundamental sabermos qual candidato irá se apresentar (lembremos que ele é uma metamorfose ambulante). Ele vai vestir o Lula mais radical de 1989 e 2018, bastante focado na luta de classes (nós contra eles), ou o Lula de 2002 da “Carta aos brasileiros” e da conciliação nacional? Penso que o Lula de 2002 é mais viável eleitoralmente, mas os rancores de ter ficado 580 dias preso irão permitir, pelos sinais que emitiu no discurso proferido no sindicato dos metalúrgicos, que será mais provável a versão “paz e amor”.

Diante desta análise não podemos afirmar que Lula teria ressuscitado, pois nunca esteve morto, mas com certeza vem reenergizado e com plenas condições de ser um protagonista no pleito de 2022, mas não o único.

Nos próximos artigos iremos falar sobre os demais tópicos: E agora, Bolsonaro?; E agora, Sergio Moro?; e Temos outras alternativas?.

Sigamos juntos, pensando estrategicamente.

Im(p)unidade Parlamentar – é hora de reduzir e não ampliar!

4 de março de 2021

No apagar das luzes do mês de fevereiro, na última semana, a Câmara Federal apresentou uma PEC que altera o regramento da imunidade parlamentar, propondo que ela seja mais maleável. A forma como o STF agiu em relação ao caso do deputado Daniel Silveira e o possível efeito Orloff – “Eu sou você amanhã” – estimularam a criação da proposta, com o temor que outros deputados também pudessem ser presos.

Antes de mais nada, imunidade parlamentar, ou imunidade legislativa, como também é chamada, é uma imunidade jurídica que os membros do parlamento recebem e, consequentemente, não podem ser processados criminalmente em determinados casos. Só um tribunal de justiça superior ou o próprio parlamento tem poder de retirar essa imunidade.

Agilidade com interesse:

Gestada, proposta e pautada em tempo recorde, a PEC foi admitida no plenário da Câmara no dia 24/02, já com previsão de ser levada a votação dois dias depois. Para tanto, ela não tramitou em qualquer comissão e o parecer da CCJ (primeira etapa da tramitação de uma PEC) foi anexado diretamente pela relatora, a deputada Margarete Coelho (PP-PI).

É inegável que aqueles que acusam o congresso de lentidão desconhecem seu funcionamento, afinal, quando existe interesse, ele é de uma agilidade impressionante.

Essa rapidez toda gerou algumas polemicas, pressionando o presidente Arthur Lira (PP-AL) a retirar a proposta da pauta de votação e criar uma comissão especial para analisar o projeto.

Não se enganem com a suspensão da votação e a criação da comissão especial, elas não ocorreram porque os deputados se conscientizaram do absurdo proposto ou da rejeição sobre a temática. Trata-se de um recuo estratégico que visa garantir a maioria necessária para a aprovação e esperar a situação se acalmar para, quem sabe, votar a PEC no apagar das luzes de alguma outra polêmica, enfrentando menos resistências públicas.

Relembro que, com a mobilização das pessoas nas redes sociais, determinados deputados não se sentiram confortáveis em votar de forma tão acelerada. Alguns deles, inclusive, votaram pela admissibilidade da PEC e gravaram vídeos negando qualquer participação.

O principal combustível que alimenta a PEC não parece ser o desejo de defender as garantias do exercício do mandato parlamentar. Deputados e senadores estão preocupados com processos por eles respondidos, já que a proposta limita ainda mais os casos em que um parlamentar pode ser preso. Segundo levantamento do Congresso em Foco mais de 100 deputados e um terço dos senadores estão sob investigação da justiça.

As previsões do art. 53 da Constituição Federal surgiram num contexto pós ditatorial, momento em que os parlamentares sofriam perseguições pelas opiniões manifestadas e votos proferidos. O contexto atual é totalmente diferente. Não existe necessidade de se estender ainda mais estas proteções, pelo contrário, é importante revisitar o texto constitucional ampliando a igualdade e reduzindo privilégios e impunidades.

Sigamos vigilantes e pensando cada vez mais estrategicamente, pois o corporativismo não dorme.

Confira o que muda com a aprovação da PEC:

Ligações inconvenientes e vazamento de dados: qual a relação com a política? 

25 de fevereiro de 2021

Há poucos dias os noticiários foram tomados por reportagens relatando o vazamento de dados de 220 milhões de brasileiros – número que supera, inclusive, a quantidade de habitantes do Brasil, isso porque inclui dados de pessoas que já faleceram.

Qual a ligação entre esse enorme vazamento de dados, política e a imensidão de ligações indesejadas que recebemos? Explico:

Campanhas eleitorais e comunicação política bem feitas sempre estiveram baseadas em informações. Antes, para se ter acesso a estas informações, os partidos, governos e empresas recorriam às pesquisas. Hoje, buscam acumular e qualificar (usualmente se usa o termo enriquecer) as bases de dado das seguintes formas:

De forma legítima:

Dentre as formas legítimas, estão aqueles cadastros em lojas, programas de fidelidade, cookies de navegação em sites, todos pedindo a anuência de quem fornece as informações em troca de algum benefício, nem que seja a possibilidade de usar algum serviço sem pagar por ele (WhatsApp por exemplo).

De forma ilegítima:

As formas ilegítimas são aquelas que não possuem a anuência dos usuários, capturando dados além do permitido (dados de voz, dados de localização, compras, etc). Ou, ainda, roubando dados… Isso mesmo, roubando!  Alguns grupos criminosos se especializam em roubar dados de bases legítimas: bancos, empresas de telefonia, governos e programas de fidelidade, para usar com finalidades distintas.

Muitas vezes esses dados são utilizados para aplicar golpes, para fazer telemarketing indesejado por empresas mal-intencionadas que oferecem produtos, serviços e empréstimos para pessoas que não mostraram interesse neles.

Mas qual a relação destes dados com a política?

Estes dados que agora são utilizados para aplicar golpes, justamente por conter muitas informações e conhecimento sobre clientes/consumidores, amanhã serão utilizadas para persuadir cidadãos/eleitores.

Perceba, conhecendo gostos e preferências fica mais fácil desenvolver propaganda política direcionada para cada perfil de público (microtargeting). Tivemos esta experiência quando do escândalo da Cambridge analítica/Facebook, cada “eleitor” recebia mensagens pensadas exclusivamente pra ele.

O resultado desses vazamentos, além de contribuir para o crescimento de ligações indesejáveis de telemarketing (as pessoas estão cada vez mais se recusando a atender), pode contribuir para fragilizar o processo democrático ao corromper informações/propostas com o intuito exclusivo de que elas se encaixem em nosso gosto.

Então da próxima vez que um político/partido falar (via redes sociais ou mensagens) exatamente o que você queria ouvir, desconfie. Ele pode estar embrulhando ideias horríveis com uma embalagem que te agrade. E quando descobrir o conteúdo já teremos comprado gato por lebre.

Luiza Trajano (MagaLu), Presidente do Brasil?

18 de fevereiro de 2021

Em entrevista para o jornal Estadão, o vice-presidente nacional do PT (Partido dos Trabalhadores), Washington Quaquá, sugeriu que Luiza Trajano, presidente do conselho de administração da rede Magazine Luiza, seria uma boa opção para vice na chapa presidencial de 2022, reeditando o sucesso do ex-presidente Lula e Zé Alencar. De fato, seria um sonho para o PT, mas um equívoco para Luiza. Explico:

Luiza Trajano é potencialmente muito maior do que o possível cabeça de chapa, Fernando Haddad, que sofre críticas dentro do próprio partido por ter se encastelado e desaparecido das ruas.

Ao contrário, Luiza tem uma atuação cívica e política (não partidária) muito ativa. Basta ver o movimento #UnidosPelaVacina e o #MulheresdoBrasil – iniciativas com impacto e capilaridade concretos, liderados por ela. Com isso, Luiza seria a vice dos sonhos de muitos candidatos, mas tem potencial de ser a grande novidade da centro-esquerda como candidata a presidente.

Luiza Trajano é uma empresária de sucesso, experiente na construção de diálogo do setor produtivo com o governo e possui ZERO vocação para poste de alguém, seja coronel, banqueiro ou presidente de partido. Convenhamos que esta é uma tremenda qualidade, talvez por este fato que alguns dirigentes partidários se mantêm afastados da ideia de considerar a possibilidade dela como protagonista. Preferem que ela alimente com sua credibilidade as já combalidas opções que reiteradamente apresentam ao eleitor. 

As eleições de 2018 mostraram que os eleitores estão cansados dos velhos arranjos políticos e não se iludem com a retomada de fôlego do establishment nas eleições de 2020. As pesquisas ainda apontam que os brasileiros seguem insatisfeitos com a “política”. Caso os partidos queiram ver uma recuperação em sua credibilidade precisam deixar de fazer o mesmo de sempre, apresentar os mesmos nomes e ideias, seja a direita ou a esquerda.

Não sei se votaria em Luiza Trajano para presidente, dependerá de vários fatores, mas afirmo com toda convicção que ficaria muito feliz em ver novas ideias e nomes na disputa, não apenas o dela. Dessa forma, ganharia o Brasil e ganharia a democracia.

Auxílio emergencial não é coisa de comunista!

29 de janeiro de 2021

Já se passou um mês do encerramento do recebimento das parcelas do Auxílio Emergencial. Somado a este fato, trazemos a tendência negativa dos indicadores de criação de empregos. De acordo com o último dado divulgado pelo IBGE (novembro/2020) o índice chegou a 14,1%, ou seja, muitos brasileiros estão absolutamente sem renda e, em grande parte, sem expectativa de conseguir um emprego.

Diante deste cenário catastrófico já teve início o debate para a recriação do Auxílio Emergencial pelo Governo Federal e Congresso Nacional, erguendo-se vozes favoráveis e contrárias na discussão.

Para as vozes que se julgam contrárias, surge eventualmente a caricatural “lá vai o pagador de impostos sustentar vagabundos, coisa de comunista, tirar dinheiro de gente de bem, para dar a quem não quer trabalhar”. Pois bem, a frase é verdadeira quanto a quem paga a conta, mas completamente equivocada quanto a visão comunista, inclusive o Plano de Governo do Presidente Bolsonaro, em 2018, já falava em uma renda mínima universal.

Garantir a sobrevivência de sua população, em meio a graves crises, é papel da sociedade e pensar em projetos de renda mínima é absolutamente um projeto liberal (pergunte ao Milton Friedman e seu imposto de renda negativo). Nesta crise pandêmica, além do Brasil, outros países como Colômbia, Chile, EUA, Japão, Reino Unido, entre outros, adotaram auxílios financeiros para sua população. Sabe qual país não implantou algo assim? A China.

Outro argumento contrário é que o pagamento do auxílio emergencial poderia agir como um paraquedas diante do declínio da popularidade presidencial e que a miséria seria um “mal menor” diante da eventual reeleição de Jair Bolsonaro. Da mesma forma que a recriação do auxílio emergencial não tornaria (e não tornou) o Brasil comunista, ou o que quer que seja o fantasma que assombra a mente de alguns, ele também não é garantia de reeleição do presidente (vejam o caso de Donald Trump).

Como Sociedade devemos nos preparar com antecedência para momentos de crise, diminuindo as chances de recorrermos a um aumento de impostos ou a um maior endividamento (a dívida do Brasil já passou dos 90% do PIB). Uma alternativa seria ter reservas ou um fundo anticrise (como o criado por Curitiba em 2019), capitalizado em momentos de crescimento econômico e utilizado em tempos emergenciais.

Em suma, neste momento é fundamental agir sem ter os olhos turvados por ideologias, para impedir o morticínio de nossos concidadãos pela fome. O aprendizado minimiza o risco de repetir os mesmos erros no futuro.

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