Política e economia com análise e opinião.
Siga o Pedroso nas redes:

Danilo Gentili: presidente do Brasil?

7 de Maio de 2021

O cenário político brasileiro é uma sucessão de novidades e movimentos inesperados, que não tem como nos permitir o tédio. Como prova disso, a pesquisa do IPE (Instituto de Pesquisas e Estratégias), encomendada pelo MBL (Movimento Brasil Livre) e divulgada no dia 4 de abril de 2020, nos mostrou o humorista e apresentador Danilo Gentili com 4% de intenção de votos para o cargo à presidência – tecnicamente empatado com Ciro Gomes (PDT), João Doria (PSDB-SP), Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) e Luciano Huck. Lula (36%) e Bolsonaro (31%) seguiam como líderes na pesquisa.

É sério ou é piada?

A primeira reação de alguns analistas políticos foi considerar essa candidatura uma piada e, de fato, é uma candidatura inusitada, mas está longe de ser uma mera piada. Explico o porquê:

Caminho aberto: a provável saída de Luciano Huck da disputa (teria renovado seu contrato com a Rede Globo); a baixa probabilidade de Sergio Moro levar adiante sua candidatura; e o Partido Novo sofre com brigas internas e Amoedo (fundador do partido) já admite a possibilidade de não lançar candidatura – são fatos que fazem Danilo Gentili ter o caminho aberto para ser um dos principais protagonistas no campo da Direita na disputa eleitoral de 2022.

– Sérgio Moro: em sua coluna (09/04), mantida na revista Cruzoé, o ex-juiz afirmou que, caso Danilo se candidatasse, votaria nele. Convenhamos que é um apoio de peso e significaria uma reedição da aliança dos lavajatistas e do MBL.

MBL 1 (política): o Movimento Brasil Livre é um dos grandes incentivadores da candidatura de Danilo Gentili. Após eleger 4 deputados federais e 2 senadores em 2018, com um novo modelo de atuação em 2020 ao disputar a eleição para prefeito de São Paulo, o MBL deu um passo além de buscar cadeiras no legislativo, e foi razoavelmente exitoso. A candidatura de Arthur do Val (Mamãe Falei) contava com apenas 17 segundos no horário eleitoral e começou com apenas 1% de intenção de votos (pesquisa IBOPE de 01/out/20), mas terminou a eleição com 9,78% dos votos, garantindo a quinta colocação naquele pleito, com uma diferença de menos de 1% para Celso Russomanno (10,5%) e aproximadamente 3% para o ex-governador Marcio França (13,64%) – nomes que contavam com muito mais apoio e estrutura.

MBL 2 (comunicação): a forma de se comunicar do MBL (utilizando memes e referências satíricas) tem alcançado um público que muitas vezes foge do debate público tradicional, parte por não entender e parte por achar “chato”. Além da forma, o MBL domina a técnica necessária para amplificar suas mensagens. Poucas organizações políticas compreendem tão bem os algoritmos das redes sociais como eles.

– Milhões: Danilo Gentili possui mais de 8 milhões de seguidores no Instagram, quase 17 milhões no Twitter e 12 milhões no Facebook, com um engajamento alto. Com isso, pessoas voluntariamente estão aderindo ao “projeto” #DaniloGentili2022.

Num ambiente político tão polarizado quanto o nosso, com debates pouco aprofundados, contar com canais mais diretos de comunicação com as pessoas é uma tremenda vantagem. Com sua capacidade pessoal, somada a do MBL, pode levar um contingente grande de jovens a se engajar na sua candidatura, grupo que normalmente não se motiva a participar da política.

– Jair Bolsonaro: o atual presidente seria um dos maiores prejudicados com essa possibilidade, pois teria um candidato disputando com ele os votos no campo da direita e, principalmente, alguém com uma grande identificação com o antipetismo e que também domina o campo digital.

À título de curiosidade vale lembrar que tanto Bolsonaro quanto Danilo começaram a ter reconhecimento nacional graças ao extinto CQC.

Pensando bem…

O caminho para 2022 é longo, mas o cenário fica cada vez mais claro. Devemos estar atentos para garantir que os rumos do Brasil sejam bem conduzidos. Para quem ainda considera um absurdo levar a sério as chances de Danilo, ficam as lembranças de Volodymyr Zelenskiy, também comediante, que se elegeu presidente da Ucrânia em 2019; de Beppe Grilo, outro comediante e fundador do Movimento 5 Estrelas (um dos 3 maiores partidos da Itália); e do presidente Jair Bolsonaro, não levado a sério em 2018.

Mas nem tudo são flores… Danilo Gentili enfrenta desafio semelhante ao de Luciano Huck: deixar o conforto de uma posição bem remunerada como apresentador versus as incertezas da disputa eleitoral. Resta-nos saber o que ele irá decidir e observar atentamente se essa história terá graça ou não.

Vamos fiscalizar os políticos?

5 de Maio de 2021

O voto nas eleições é uma participação política muito importante, mas não para por aí… É preciso acompanhar se o que foi proposto na campanha está sendo cumprido. Cobrar as ações e ética do seu candidato também é um processo da democracia.

Hoje em dia as redes sociais facilitam na fiscalização, mas existem canais oficiais que podem contribuir com isso também.

Dê o play e confira quais são esses meios de fiscalização.

Ministros do STF podem sofrer impeachment?

24 de abril de 2021

Mesmo não entrando em detalhes, a Constituição Federal de 1988 indica, em seu artigo 52, inciso II, que os ministros poderão SIM ser julgados pelo Senado. Os crimes de responsabilidade no caso são citados na Lei nº 1.079, de 1950:

1- alterar, por qualquer forma, exceto por via de recurso, a decisão ou voto já proferido em sessão do Tribunal;

2 – proferir julgamento, quando, por lei, seja suspeito na causa;

3 – exercer atividade político-partidária;

4 – ser patentemente desidioso no cumprimento dos deveres do cargo;

5 – proceder de modo incompatível com a honra dignidade e decoro de suas funções.”

Quais seriam as etapas deste impeachment?

Denúncia: o processo começa com uma denúncia, que pode ser realizada por qualquer cidadão, desde que seja fundamentada, para então ser direcionada ao Senado – diferente do processo de impeachment contra o Presidente da República, que tem início na Câmara Federal.

Sendo assim, cabe ao presidente do Senado a decisão pelo recebimento e eventual prosseguimento da denúncia. E como não há prazo regulamentado, ele possui bastante liberdade nesta etapa.

Parecer: o presidente é subsidiado por uma análise jurídica do corpo técnico do Senado, através de um parecer, usualmente acolhido. Caso se decida pelo prosseguimento do processo, é realizada a leitura do parecer na sessão seguinte e se constitui uma comissão especial para estudar o caso. O acusado terá direito a uma primeira defesa e, por fim, a comissão apresenta um parecer final sobre a denúncia que, se for aprovado, resultará no afastamento temporário do ministro.

Julgamento: neste cenário temos o julgamento propriamente dito, em que a defesa e acusação terão a oportunidade de apresentar seus argumentos, inquirir testemunhas e debater os pontos levantados em uma sessão especialmente convocada para esta instrução. A sessão é conduzida pelo presidente do STF e deve contar com a presença de pelo menos 54 senadores (dois terços do total).

Por fim, tanto o ministro acusado quanto seu denunciante devem se retirar da sessão para que os senadores possam deliberar, sendo necessário que pelo menos 54 senadores julguem o ministro culpado pelo crime de responsabilidade.

Se considerado inocente, será restabelecido em suas funções. Caso contrário, será afastado permanentemente.

É provável que algum ministro sofra esse tipo de processo?

Não. Mesmo que esta pauta ressurja a cada nova intervenção mais contundente ou decisão em assunto polêmico, mesmo que ela tenha perpassado o diálogo vazado entre o presidente da república e o senador Kajuru, em que Bolsonaro sugere um processo de impeachment ao ministro Roberto Barroso, a probabilidade disso ocorrer com qualquer ministro é muito pequena.

Atualmente, existem 10 pedidos de impeachment relacionados a membros do Supremo Tribunal Federal: 9 deles direcionados a ministros individualmente e 1 à corte como um todo. O recordista de processos é o ministro Alexandre de Moraes com 6.

Veja abaixo a relação de ministros, quem os indicou para o cargo, de quantos processos de impeachment são alvos, quem é o autor do pedido e qual a motivação:

Confira a íntegra das petições nos links abaixo:

Petição (SF) n° 3, de 2021
Petição (SF) n° 4, de 2021 
Petição (SF) n° 5, de 2021
Petição (SF) n° 6, de 2021 
Petição (SF) n° 7, de 2021
Petição (SF) n° 9, de 2021

.

Confira a íntegra da petição no link abaixo:

Petição (SF) n° 8, de 2021

.

Confira a íntegra da petição no link abaixo:

Petição (SF) n° 10, de 2021

.

Confira a íntegra da petição no link abaixo:

Petição (SF) n° 11, de 2021

.

Por que esses pedidos de impeachment têm se tornado mais frequentes?

O problema pode estar no desgaste institucional do STF. O STF vem atuando cada vez mais politicamente (de forma parcial), com impacto e repercussões que extrapolaria seu papel institucional.

Algumas posições parecem menos interpretação da Constituição e mais atos casuísticos que atenderiam ao gosto da época, perceba: a decisão quanto à competência da justiça federal de julgar Lula; a questão da suspeição de Moro; a questão do deputado Daniel Silveira; a instalação atípica do inquérito sobre as FakeNews; e atos Antidemocráticos – todos questionáveis de alguma forma.

Os ministros em alguma medida passam a ser percebidos não como agentes imparciais e sim como atores parciais na cena política. Quando os ministros cruzam o rubicão dão margem para que a opinião pública questione suas decisões não no âmbito jurídico, mas no âmbito político.

Não creio que qualquer ministro sofrerá impeachment num curto espaço de tempo, mas se a tendência de desgaste se mantiver, não causaria surpresa ver as atribuições do STF diminuídas ou os controles sobre ele ampliados. O movimento Acorda Senado já é um exemplo de iniciativa nesse sentido, buscando através de uma emenda à Constituição dar poderes ao Congresso Nacional de sustar atos do Poder Judiciário.

Estão nos manipulando no Facebook?

21 de abril de 2021

Como líderes políticos, governos e partidos utilizam de comportamento inautêntico (bots, fakenews) para tentar manipular o debate político e a percepção que temos a respeito de certas lideranças e temas.

Como e por que fazem isso?

Dê o play e deixe o seu comentário.

Reforma Eleitoral: uma entrevista com o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira

16 de abril de 2021

No dia 11 de fevereiro a Câmara Federal constituiu um grupo de trabalho, a fim de aperfeiçoar e sistematizar a legislação eleitoral. Se o projeto se concretizar, poderá diminuir as constantes mudanças nos anos eleitorais que tanto dificulta o planejamento dos candidatos.

Além disso, poderá representar um avanço em nosso processo democrático, trazendo mais clareza sobre a eleição dos membros do parlamento, questão usualmente complexa (nesse artigo explico os cálculos para eleição de vereador), e mais segurança para candidatos e partidos quanto ao regramento que norteia processo eleitoral.

Muitas vezes reclamamos da qualidade dos nossos representantes, e para termos um olhar mais apurado e o aperfeiçoamento de nossas escolhas, é preciso regras claras e eficientes no processo eleitoral.

Bate-papo com Luiz Fernando Casagrande Pereira:

Conversei com o recém-eleito coordenador-geral da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep) e integrante do grupo de trabalho da reforma eleitoral na Câmara Federal, o advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira. Confira a opinião dele sobre o assunto:

– Qual sua visão sobre o voto distrital?

Já fui mais simpático ao voto distrital, no modelo misto. Hoje tendo a concordar com o sistema proporcional, especialmente com o fim das coligações na proporcional. Agora, é importante reconhecer que distritão não é um parente próximo do distrital. São inconfundíveis. O distritão é o pior modelo possível, demolindo a figura dos partidos, fortalecendo, em paralelo, o messianismo, a figura do “salvador da pátria”. Joga-se por terra, assim, a coerência ideológica dos partidos, o campo das ideias. Com a representatividade diluída, também fica mais difícil a eleição de representantes de minorias.

– Qual a tendência para o financiamento de campanha? Seguirá puramente público ou a tendência é mudar?

Um dos principais pontos em debate na Câmara é a retomada da possibilidade de doações por empresas privadas, que foram proibidas inicialmente pelo Supremo Tribunal Federal. A rigor o modelo atual não pode ser chamado de puramente público, pois as doações de pessoas físicas, embora escassas, são permitidas. Pela proposta em debate, o financiamento público por meio do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, o Fundo Eleitoral, permaneceria. E as doações das empresas voltariam a um percentual do faturamento. Em vez disso, toda a doação privada estaria limitada a um teto único – cogita-se hoje que sejam R$ 200 mil por CNPJ. Essa combinação de financiamento público e privado é saudável para a democracia, pois evita que as cúpulas dos partidos deixem de apostar novos nomes. Em resumo, o financiamento misto oxigena a vida pública.

– Pode-se esperar a consolidação das cotas de financiamento para negros e mulheres?

É fundamental encontrar um modelo de garantir que haja recursos para os candidatos cotistas possam concorrer com chances reais, o que foi garantido de forma assistemática pelo Poder Judiciário. A cota de 30% para mulheres não está sendo cumprida. Na Câmara, foram eleitas 77 mulheres, o que corresponde a 15% das vagas. Nos parlamentos estaduais o resultado não foi melhor e até casos, como o do Mato Grosso do Sul, em que nenhuma mulher ocupa cadeira na Assembleia Legislativa. Temos que avançar para um sistema de cotas de vagas.

– O veto às coligações e à cláusula de desempenho são aspectos passíveis de mudança?

Coligação proporcional em um sistema de lista aberta era uma excrescência que só existia no Brasil. Espero que não haja retrocessos. A cláusula de desempenho deve seguir como está. Mudar isso também seria um retrocesso.

– E quanto às candidaturas avulsas, qual a tendência?

No mundo todo observamos que as democracias mais amadurecidas estão apoiadas em um modelo de consolidação partidária. O melhor cenário é que o eleitor faça sua escolha olhando para uma plataforma, sem personalismos. Embora não descarte as candidaturas avulsas, a verdade é que é muito complicado imaginar a hipótese em um cenário de pesado financiamento público de campanha. Os modelos são quase inconciliáveis.

– O Brasil sucessivamente muda as regras das eleições. Na sua opinião, é positiva mais uma mudança ou isso não cria insegurança para os candidatos que se planejam e não geram dúvidas para os eleitores?

É muito ruim para a segurança jurídica e a própria estabilidade da democracia que haja mudanças constantes. É exatamente por isso que surgiu a ideia do novo Código. Consolidar e aprimorar para evitar a necessidade de novas alterações a toda a eleição. O plano é ter uma legislação duradoura.

O que é CPI?

14 de abril de 2021

Usualmente, quando algo grave acontece no governo, ou o presidente perde muito de sua popularidade, vemos surgir o debate a respeito da instalação ou não de uma CPI.

Já tivemos CPI´s em distintos governos. A maioria não tendo grandes consequências além do desgaste político, outras causaram um enorme impacto, como foi a CPI do PC Farias (que levou o ex-presidente Collor a renúncia) ou ainda a CPI dos Correios (que desdobraria na descoberta do mensalão).

Mas afinal, o que é uma CPI? Como ela funciona? Quando ela é instalada?

Dê o play e deixe o seu comentário.

Quem manda aqui? O STF, o Presidente ou os Governadores?

9 de abril de 2021

A pandemia causada pelo coronavírus, além do imenso morticínio e do colapso na estrutura da saúde, gerou e intensificou crises no meio político: uma delas é o relacionamento entre o presidente da república, os governadores e os prefeitos.

A forma de condução das medidas de enfretamento à pandemia são o grande motor desta crise, mas ela tem um foco especial: quem tem a legitimidade de estabelecer medidas restritivas de circulação de pessoas, do funcionamento do comércio e, mais recentemente, do funcionamento ou não de templos religiosos?

No dia 15 de abril de 2020 o Supremo Tribunal Federal decidiu que os estados e os municípios (além do próprio governo federal) teriam liberdade de decisão sobre as restrições de atividades e de circulação, acentuando ainda mais o conflito. O principal argumento utilizado pelo STF foi que os entes que compõem a federação possuem autonomia.

Governo central tem mais autoridade?

Simplificadamente, federação é uma forma de Estado (as outras são Estado unitário e confederação), que mantém a autonomia dos entes que a compõe (no caso brasileiro os estados e municípios), mas permitindo intervenção do governo central em suas unidades.

Podemos ter como exemplo de comparação o caso americano. Lá eles também vivem numa federação, porém, os estados possuem uma autonomia maior, tanto na questão tributária, quanto em questões penais. Alguns aplicam a pena de morte, outros permitem o comércio da maconha, outros ainda permitem o aborto e outros não. Questões sobre as quais nenhum estado do Brasil tem autonomia para definir, somente a União.

No modelo americano, antes da constituição da federação, predominava a descentralização. Lá existiam as 13 colônias autônomas, que se uniram e constituíram um governo central. No caso brasileiro, você já tinha um Estado unitário (monárquico) que se descentralizou a partir da república. 

Qual modelo preferimos?

Uma federação pode assumir um caráter mais centrípeto (que busca concentrar mais poder no governo central) ou mais centrifugo (distribuindo mais poder e autonomia às partes componentes).

Aqui que devemos nos perguntar qual destes modelos nós queremos: um que concentre mais ou um que distribua mais? É importante que façamos isso sem necessariamente olhar para quem ocupa os papéis nesse momento, se gostamos ou não do governador, prefeito ou presidente.

Para aqueles que entendem que o presidente deveria ter plenos poderes e que governadores e prefeitos deveriam apenas servir de executores do que foi por ele definido, estão muito perto de defender não uma federação, mas sim um Estado Unitário (como a China por exemplo).

Aqueles que defendem uma total autonomia dos estados e municípios em relação à União, desconsiderando inclusive aspectos de soberania, estão muito perto de defender o separatismo.

Existe meio termo?

Cabe aqui o caminho do meio: fortalecer a autonomia de gestores mais próximos (espacialmente) dos cidadãos, porque os mecanismos de cobrança e fiscalização (Accountability) são mais fáceis. Em um país continental, como o nosso, ter as decisões que impactam nossa vida tomadas por gestores mais próximos, que conhecem melhor as especificidades geográficas e culturais é uma vantagem. Contudo, sem desconsiderar ou enfraquecer a capacidade de coordenação do Governo Federal.

Para funcionar é importante que cada uma das partes respeite os limites e as atribuições de si mesmos e dos outros. Que o presidente seja presidente, que os deputados legislem e fiscalizem, que os governadores e prefeitos cuidem de seus territórios, que o STF se atenha dirimir e arbitrar as dúvidas constitucionais e que os eleitores/cidadãos possam escolher cada vez melhor quem irá exercer estes papeis.

Todos estes atores devem estar cada vez mais atentos em ouvir, a tecnologia nos permite instrumentos para envolver os cidadãos e para que os governos sejam mais responsivos ao que a população deseja.

Por fim, respondendo à pergunta do título, quem manda é o povo e a constituição.

Pesquisas eleitorais deveriam ser proibidas?

7 de abril de 2021

Logo após a divulgação de pesquisas eleitorais, algumas vozes se levantam pedindo sua proibição, ou por considerá-las erradas, ou porque elas influenciariam o eleitor.

Pesquisas de boa qualidade auxiliam o eleitor a estar bem informado e a votar melhor?

O que você pensa a respeito?

Dê o play e deixe o seu comentário.

#LulaLivre: Huck? Ciro? Mandetta? Marina? Boulos? Amoedo? Uma terceira via é possível?

2 de abril de 2021

Ao antever o cenário eleitoral de 2022, é muito difícil fugir do prognóstico de que a disputa estará concentrada principalmente entre o ex-presidente Lula (ou um preposto seu) e o atual presidente Bolsonaro. A partir deste fato, a série de artigos abordou primeiro a análise sobre os dois (confira AQUI), porém, nosso sistema não é bipartidário e possibilita que um número maior de concorrentes entre nesta disputa e alimente o sonho de alguns pelo surgimento de uma terceira via.

Mas o que significa “terceira via”?

Antes de seguirmos, vale explicar o sentido da expressão “terceira via”. Ela é aqui utilizada para representar uma alternativa aos polos constituídos/majoritários, uma via para além da dicotomia esquerda e direita. Sendo assim, a categoria não abarca – necessariamente – o conceito de “terceira via” descrita pelo sociólogo Anthony Giddens ou pelo ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair.

Quais são as condições para o surgimento desta alternativa?

O Instituto Paraná Pesquisas divulgou agora em março uma consulta a respeito de como o eleitor se consideraria. O resultado foi o seguinte:

Os dados nos apontam principalmente duas coisas: 1) os principais candidatos possuem um núcleo duro de apoio bastante consolidado, que pode ser suficiente para levá-los ao segundo turno. 2) mas, também nos mostram que os eleitores “não-apaixonados” representariam um contingente ainda maior (mais do que o dobro deles individualmente).

Além da falta de “paixão” nós temos outros catalisadores para o surgimento destas possíveis alternativas. São eles:

Frustração de cá: parte dos eleitores da centro-direita tiveram suas expectativas frustradas, quanto ao governo, em especial os lavajatistas, que de certa forma se surpreenderam com os movimentos de adesão ao centrão – indicação do Kassio Nunes Marques para a vaga no STF e o expurgo de Sergio Moro. Outros eleitores frustrados são os pró-mercado (vulgo farialimers), que não tiveram suas expectativas de privatizações e reformas atendidas.

Frustração de lá: já na centro-esquerda, a frustração ainda se mantém consistente com aqueles eleitores que já votaram no PT e se sentem traídos pela corrupção que permeou o governo, solapando o discurso de ética manifestado nos tempos de oposição. Outro grupo com rancores elevados é o de outras forças de esquerda que reclama da vocação hegemonista do PT, e só aceitaria a tal propalada frente ampla se ela fosse por eles capitaneada.

O PIB desembarcou?: dia 21 de março foi divulgada uma carta aberta intitulada “O País Exige Respeito; a Vida Necessita da Ciência e do Bom Governo” (confira a íntegra da carta AQUI), assinada por mais de 500 pessoas, em especial economistas de prestígio, banqueiros e grandes empresários. Mesmo que o presidente não seja citado, as críticas à condução do governo ficam evidentes e transmitem um sinal claro: em havendo opção distinta e competitiva a terceira via pode receber apoio do grande empresariado, que hora já apoiou Bolsonaro.

Teremos uma terceira via?

Sergio Moro (enrolado com o STF e sobre quem escrevi um artigo inteiro que você confere AQUI), Ciro Gomes (que tenta se viabilizar como uma alternativa à Lula dentro da centro- esquerda), Luciano Huck (que segue indeciso se deixa a televisão e os negócios), João Doria (vencedor da guerra das vacinas, mas que precisa pacificar o PSDB), Amoedo (umas das grandes surpresas de 2018, mas que enfrenta problemas internos em seu partido, em especial com os deputados federais do NOVO), Marina Silva (tem dificuldade em sair do 1% de intenção de votos), Mandetta (enfraquecido depois do revés de Rodrigo Maia na disputa da presidência da Câmara dos Deputados) e Boulos (fortalecido pelo desempenho na disputa da prefeitura de São Paulo, disputa com Ciro a preferência da esquerda não petista) são os principais postulantes a protagonizar esta terceira via.

Todos eles enfrentam um grande desafio, caso pretendam construir esta frente ampla: alguém terá que ceder!

Ciro Gomes, Eduardo Leite, João Amoedo, João Doria, Luciano Huck e Luiz Henrique Mandetta assinaram conjuntamente um manifesto em prol da democracia (você confere a íntegra do documento AQUI), o que pode ser um primeiro sinal nesse sentido de união, mas para que esta alternativa seja viável é necessário reduzir a pulverização de nomes e alguns projetos pessoais precisam ser deixados de lado, tornando-se um grande obstáculo, pois demanda a superação de vaidades, por vezes intransponível na política.

Íntegra do “Manifesto pela Consciência Democrática”

2 de abril de 2021

Muitos brasileiros foram às ruas e lutaram pela reconquista da Democracia na década de 1980. O movimento “Diretas Já”, uniu diferentes forças políticas no mesmo palanque, possibilitou a eleição de Tancredo Neves para a Presidência da República, a volta das eleições diretas para o Executivo e o Legislativo e promulgação da Constituição Cidadã de 1988. Três décadas depois, a Democracia brasileira é ameaçada.

A conquista do Brasil sonhado por cada um de nós não pode prescindir da Democracia. Ela é nosso legado, nosso chão, nosso farol. Cabe a cada um de nós defendê-la e lutar por seus princípios e valores.

Não há Democracia sem Constituição. Não há liberdade sem justiça. Não há igualdade sem respeito. Não há prosperidade sem solidariedade.

A Democracia é o melhor dos sistemas políticos que a humanidade foi capaz de criar. Liberdade de expressão, respeito aos direitos individuais, justiça para todos, direito ao voto e ao protesto. Tudo isso só acontece em regimes democráticos. Fora da Democracia o que existe é o excesso, o abuso, a transgressão, a intimidação, a ameaça e a submissão arbitrária do indivíduo ao Estado.

Exemplos não faltam para nos mostrar que o autoritarismo pode emergir das sombras, sempre que as sociedades se descuidam e silenciam na defesa dos valores democráticos.

Homens e mulheres desse país que apreciam a LIBERDADE, sejam civis ou militares, independentemente de filiação partidária, cor, religião, gênero e origem, devem estar unidos pela defesa da CONSCIÊNCIA DEMOCRÁTICA. Vamos defender o Brasil.

CIRO GOMES, EDUARDO LEITE, JOÃO AMOEDO, JOÃO DORIA, LUCIANO HUCK E LUIZ HENRIQUE MANDETTA.

Quer receber notícias e artigos no seu celular?

Entre agora entre no canal do Whats do Fala, Pedroso!

Receber notícias