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Ney “abandona” Moro e tenta se colar em Ratinho Junior

9 de agosto de 2024

Não levou nem um minuto no debate da Band TV para Ney Leprevost esquecer Sergio Moro, seu novo padrinho, e tentar se colar a Ratinho Junior. Já durante sua apresentação no primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de Curitiba, Leprevost puxou o nome do governador na manga, sem citar o parceiro de partido.

Na sua participação no debate, que durou cerca de duas horas, Ney citou pelo menos cinco vezes o nome de Ratinho Junior, sem contar quando falava do governador implicitamente. Enquanto isso, o senador do União Brasil ficou de lado, esquecido, guardado. O candidato chegou até a copiar os bordões do governador e tentou tomar para si programas de Ratinho Junior como se fossem seus.

A estratégia é fácil de entender: Ratinho Junior é o maior cabo eleitoral do Paraná. Acontece que governador apoia Eduardo Pimentel na disputa desde o começo das discussões sobre a sucessão de Rafael Greca. Pimentel é do PSD, atual vice-prefeito de Curitiba e comandou, até a descompatibilização para o pleito, a Secretaria de Estado das Cidades.

A aliança de Ratinho Junior e Eduardo Pimentel ainda conta com outro aliado de peso: Jair Bolsonaro. O PL inclusive compõe a chapa com o vice Paulo Martins.

Possíveis vices do PL caso Paulo Martins saia da disputa

19 de julho de 2024

Nos últimos dias, a situação da chapa PSD-PL para a disputa em Curitiba mudou. Agora se discutem três cenários possíveis:

  1. Candidatura Própria do PL: Paulo Martins lideraria com o apoio de Bolsonaro, que é muito popular em Curitiba.
  2. Paulo Martins Como Vice: Resolver divergências e Paulo Martins aceitar ser o vice. Esta é a opção mais provável e desejada pelos articuladores do Palácio Iguaçu, unindo Ratinho Junior e Bolsonaro.
  3. Chapa PSD-PL Sem Paulo Martins: Manter a aliança, mas sem Paulo Martins. Isso pode significar menos apoio de Bolsonaro. Eduardo Pimentel lideraria, mas sem o “Capitão”.

Mesmo sendo menos provável, o PL já considera outros nomes para a chapa se Paulo Martins não participar. Os mais citados são:

  1. Ricardo Arruda: Deputado estadual, apoiado por setores bolsonaristas.
  2. Marisa Lobo: Psicóloga e ex-presidente do PTB no estado, atuante no segmento cristão.
  3. Eder Borges: Vereador com forte vínculo com movimentos de rua e discurso contra o “esquerdismo”.
  4. Rodrigo Reis: Vereador, com tradição política familiar e militância em pautas de direita.
  5. Fernando Klienger: Pré-candidato a vereador, com forte apoio da Igreja do Evangelho Quadrangular e proximidade com o Núcleo de Pastores. Já foi assessor para assuntos evangélicos na prefeitura.

Ainda há muita indefinição, e a decisão final dependerá de Paulo Martins e outros líderes. A situação está mais incerta do que há dez dias.

Eduardo Pimentel participa de evento do PL, sinalizando possível solução para vice

29 de junho de 2024

Neste sábado, o atual vice-prefeito e pré-candidato à Prefeitura de Curitiba, Eduardo Pimentel, participa da Conferência do PL. A participação de Pimentel, a convite de Paulo Martins, é um indicativo da aproximação com o partido, que pode garantir a vaga de vice na chapa para as eleições de 2024.

Com o apoio integral do governador Ratinho Jr., Pimentel tem costurado um arco de alianças no campo da centro-direita. O PSD, partido de Pimentel, e o PL, de Paulo Martins, negociam há algumas semanas uma aproximação para formar a coalizão na disputa pela Prefeitura. As eventuais diferenças de Greca com o PL estariam superadas e ele já admite nos bastidores apoiar integralmente a aproximação, que é um acordo tanto do governador Ratinho Jr. quanto do ex-presidente Jair Bolsonaro.

No início da corrida eleitoral, o PL teve uma aproximação quase bem-sucedida com o ex-prefeito e também pré-candidato Beto Richa. Ele esteve próximo de se filiar ao PL e seria o candidato do partido para a Prefeitura. No entanto, como Richa tem mandato como deputado federal, ele precisava de autorização do PSDB para se filiar ao PL, algo que não aconteceu.

Qual o papel de Bolsonaro no caso das joias?

18 de agosto de 2023

Além de estar rodeado intimamente pelos envolvidos no caso, o ex-presidente é investigado por utilizar a máquina pública para desviar presentes recebidos por ele, já que parte dos bens teria sido somado ao seu acervo privado — e não ao da União — sem nem sequer ser submetido ao Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência.

O que diz a lei sobre presentes a presidentes

Em 2016, o TCU determinou que presentes recebidos por presidentes fossem incorporados ao acervo da União e não ao do político que os recebeu. Essa determinação é a que está sendo usada como argumento para acusar o ex-presidente sobre “pegar” as joias sem ter direito a elas.

Entretanto, quem defende Bolsonaro alega que outra portaria, de 2018 – que regulamenta como deveriam ser tratados os presentes recebidos pelos mandatários-, considera as joias como bem “personalíssimos” e, portanto, não devem ser incorporadas ao acervo do Estado e sim ao do político.

Seja como for, a cada novo desdobramento, mais a situação se complica para o ex-presidente que corre sim riscos reais de ser preso nesta investigação.

Bolsonaro vai ser preso? leia a análise

18 de agosto de 2023

Certamente você já deve ter ouvido algo sobre o caso das joias dadas como presente ao então ex-presidente pela Arábia Saudita e a confusão que isso tem gerado para Bolsonaro. Tudo isso porque, ao invés de incorporar o presente ao acervo da União, tudo indica que aliados de Bolsonaro tentaram reaver as peças milionárias para o seu patrimônio pessoal e venderam alguns dos itens.

Com tanta informação passando pelos últimos dias, eu resumo e explico para você porque essa história ainda vai dar muita dor de cabeça ao ex-presidente:

Como tudo começou

Em outubro de 2021, a comitiva do então ministro Bento Albuquerque, de Minas e Energia, tentou entrar no Brasil com um conjunto de joias e um relógio de diamantes não declarados na mochila. Os bens foram um presente do Governo da Arábia Saudita.

As joias foram apreendidas pela Receita Federal no próprio Aeroporto Guarulhos e os integrantes do governo brasileiro tentaram pressionar pela liberação do material, avaliado em R$ 5 milhões, sem sucesso.

Veja quem são os nomes que podem suceder Augusto Aras na Procuradoria Geral da República

21 de julho de 2023

Em Brasília as especulações e também a campanha para definir quem irá suceder a Augusto Aras no comando da Procuradoria Geral da República correm a todo vapor, mesmo que o mandato dele só termine em setembro. Veja os nomes mais prováveis no momento:

  • Antonio Carlos Bigonha, ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República. Tem posição progressista, vocalizou duras críticas a Lava Jato e conta com a simpatia de alas mais ideológicas do PT;
  • Augusto Aras, atual PGR. Ele tem apoiadores importantes e a simpatia do centrão. Além disso, conta com o afeto do Senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, e do também baiano Rui Costa, ministro da Casa Civil;
  • Carlos Frederico Santos, aliado de Aras. Ele é responsável pelo caso dos investigados nos atos de 8 de janeiro e foi quem pediu recentemente a relação das pessoas que seguem ou que interagiram com as redes do ex–presidente Jair Bolsonaro;
  • Paulo Gonet, vice-procurador-geral eleitoral. Foi responsável por defender a inelegibilidade de Bolsonaro no julgamento do TSE. Conta com o apoio dos Ministros Dias Toffoli, Gilmar Mendes (com quem já teve vínculo no IDP) e Alexandre de Moraes, o que faz dele o favorito.

PGR quer dados de seguidores de Bolsonaro nas redes; veja íntegra do pedido

18 de julho de 2023

A Procuradoria Geral da República pediu, no âmbito do inquérito 4921, o acesso aos dados das contas dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais. O pedido deverá ser apreciado pelo relator, ministro Alexandre de Moraes.

O inquérito 4921 apura a responsabilidade de autores intelectuais dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e daqueles que instigaram as invasões e depredações.

Confira a íntegra do pedido aqui.

Quem assume o lugar de Moro se ele for cassado?

14 de julho de 2023

A verdade é que Sergio Moro provavelmente perderá o mandato de senador devido às denúncias de irregularidades na prestação de contas da sua campanha. A decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) deve ser mantida também pelo TSE e confirmada pelo Senado Federal.

A pergunta que muitos estão se fazendo é: “o que acontece nessa situação?”. Minha aposta é que Paulo Martins, candidato do PL e segundo colocado nas eleições ao Senado, assuma o cargo para que o Paraná não fique sem representante.

Feito isso, a maior probabilidade é que sejam convocadas novas eleições que podem ocorrer junto com as eleições municipais ou antes delas. Neste caso, alguns nomes já começam a pipocar para a disputa como: Gleise Hoffmann, Zeca Dirceu e Roberto Requião, todos do PT, Ricardo Barros (PP),  Fábio Oliveira (PODEMOS), Ney Leprevost (União Brasil), Beto Preto e Alexandre Curi, ambos do PSD, além é claro de Paulo Martins que concorreria exercendo mandato.

Até lá muita água deve rolar. Os  nomes agora colocados devem estabelecer alianças e os filiados ao PSD dependerão de uma posição do Governador Ratinho Junior. Uma outra possibilidade, com bem menos chances de acontecer, mas que não deve ser descartada, é que Paulo Martins assuma e não ocorram novas eleições, neste caso os concorrentes vão ter que esperar as eleições de 2026 para se lançarem.

Veja os placares de votação dos indicados a ministros do STF nos últimos anos

22 de junho de 2023

A votação recebida no Senado pelos candidatos a ministro da suprema corte é um termômetro do apoio político do Presidente da República e da habilidade do indicado em mobilizar patrocinadores que pavimentem seu caminho com os senadores. Veja os placares das votações nos últimos anos:

  • Cristiano Zanin – indicado por Lula
  • CCJ: 21 a 5
  • Plenário: 58 a 18
  • André Mendonça – indicado por Bolsonaro
  • CCJ: 18 a 9
  • Plenário: 47 a 32
  • Kassio Nunes Marques – indicado por Bolsonaro
  • CCJ: 22 a 5
  • Plenário: 57 a 10 (1 abstenção)
  • Alexandre de Moraes – indicado por Michel Temer
  • CCJ: 19 a 7
  • Plenário: 55 a 13
  • Edson Fachin – indicado por Dilma Rousseff
  • CCJ: 20 a 7
  • Plenário: 52 a 27
  • Luís Roberto Barroso – indicado por Dilma Rousseff
  • CCJ: 26 a 1
  • Plenário: 59 a 6
  • Rosa Weber – indicada por Dilma Rousseff
  • CCJ: 19 a 3
  • Plenário: 57 a 14
  • Luiz Fux – indicado por Dilma Rousseff
  • CCJ: 23 a 0
  • Plenário: 68 a 2
  • José Antonio Dias Toffoli – indicado por Lula
  • CCJ: 20 a 3
  • Plenário: 58 a 9
  • Carmen Lúcia – indicada por Lula
  • CCJ: 26 a 0
  • Plenário: 55 a 1
  • Gilmar Mendes – indicado por Fernando Henrique Cardoso
  • CCJ: 16 a 6
  • Plenário: 57 a 15

Entrevista com Juca Pacheco: Depois da eleição da internet, em 2022 tivemos a eleição da comunicação integrada

16 de dezembro de 2022

A campanha vitoriosa de Jair Bolsonaro, então no PSL, em 2018, chamou a atenção para o que se desenhava como uma possível ‘era da internet’ na comunicação pública e eleitoral. Assim, a discussão avançou para tentar entender as formas com que as redes sociais tinham ocupado um espaço tão amplo.

Porém, as eleições de 2020 começaram a desenhar o quadro que se cristalizou em 2022, da comunicação integrada. Ou seja, os candidatos que polarizaram a disputa precisaram aprimorar a comunicação digital, daí Lula (PT) ter chamado André Janones para sua campanha, e também transmitir sua mensagem em meios “analógicos”, daí Bolsonaro (PL) ter procurado um partido que garantisse a ele tempo de rádio e TV no horário eleitoral gratuito.

Em paralelo a esse movimento, canais públicos como a Prefeitura de Curitiba se destacaram na busca por autenticidade e personalidade. Mas quais são as tendências para essa área? Veremos, afinal, uma “era da internet”? Os meios analógicos seguirão tendo importância? Sobre isso, conversei com Juca Pacheco, que é do Grupo GPAC Comunicação Integrada.

Quais são os desafios da comunicação pública? Quais as técnicas para administrar uma conta pública, tem diferenças?

Juca: Uma comunicação para nós, seja no público, seja no privado, a receita é a mesma. 

Se eu pego uma marca de roupa, uma marca de carro ou uma conta pública. O racional é o mesmo. Eu tenho uma mensagem e um produto e um público alvo. E dentro desse trabalho tem o storytelling que você vai construir entendendo quem é o meu público, o meu perfil e o perfil dos meus concorrentes. Nós temos clientes da área pública há dez anos. Atendemos o Governo do Estado, a Itaipu, a Prefeitura de Curitiba. A nossa linha para eles é muito semelhante a de qualquer cliente aqui da Agência, porém, tem coisas específicas que envolvem questões legais.

O consumidor de comunicação tem um acesso maior a devolver o que recebe de mensagem. Você pensa assim a dificuldade do jornalista, ou seja, entender que ele não é mais só um polo emissor ou você pensa a partir dos canais de comunicação?

Juca: Eu penso muito nos canais. Eu acho que esse meio on (online/digital) não consegue gerar credibilidade mesmo que você não consiga trabalhar sem olhar para esse canal. O consumidor acaba usando essa plataforma como uma seleção, curadoria de conteúdo. É como se eu entrasse no supermercado e vendo duas marcas de suco pegasse o meu celular para ver críticas, comentários… e então decidir qual a melhor delas. Porém, quando se trata da formação de credibilidade, as plataformas “off” (analógicos) são melhores. No off você pode trabalhar a frequência da mensagem de comunicação. Pense: quantas vezes no online você vê a mensagem? Para conseguir essa credibilidade, seja no público, seja no privado, você usa o meio off e o online serve para continuar a conversa. Ter uma troca de experiência com o cliente.

E pensando no ponto de vista de uma comunicação eleitoral, por exemplo: um candidato. Seriam as ações que ele faz/adota que geram credibilidade para ele?

Juca: Nós tentamos pensar uma comunicação com propósito. Então, nesse sentido eu preciso falar coisas que as pessoas estão abertas a escutar. Hoje, no mundo todo, as pessoas preferem conteúdo de marcas com propósito. Isso vale para um candidato. Dessa forma, não vai adiantar ele construir uma comunicação pensando em uma variedade de promessas. Na nossa visão isso fica genérico para as pessoas, ele precisa ter um propósito. É uma questão semelhante ao on/off, ter um propósito vai ajudar ele a reter atenção, a comunicar melhor sua mensagem. Isso funciona para prefeitura, para candidato e para uma marca.

É notável a forma com que se “encontra o tom”. Por exemplo: é necessário encontrar um equilíbrio entre uma comunicação mais ‘leve’, mas sem perder o tom institucional. Como esse tema tem amadurecido na comunicação?

Juca: O caso, por exemplo, da Prefeitura de Curitiba os gestores também acreditaram nesse tom misto de comunicação. Eles foram abertos a essas possibilidades. Essa figura do gestor acaba sendo determinante porque ele pode embarcar na ideia ou então pedir algo mais “quadrado”, mais “sisudo”. Ao mesmo tempo, também precisamos criar artifícios para a comunicação porque o momento político exigiu. Nesse sentido, a gente conseguiu trazer alguns materiais mais ousados para o Governo, a Prefeitura e também Itaipu e conseguirmos bons resultados.

Pensando nessa questão da polarização política, é uma tendência para a comunicação pública “ter um lado”, ou seja, uma identidade mais clara?

Juca: Eu particularmente prefiro que esse momento não se prolongue. Isso porque as pessoas estão escolhendo com bases emocionais como se estivessem escolhendo um time de futebol. É difícil trabalhar com essa rivalidade. E eu acho que a comunicação pública tem que estar mais longe da polarização e mais perto da essência. Eu vou “educar” sobre um tema ou “informar” sobre um tema.

Voltando um pouco ao ciclo do ON/OFF você acredita que esse movimento de gerar credibilidade no OFF e depois massificar no ON será uma tendência?

Juca: Nós entendemos que esse ciclo surgiu de forma separada. Aqui, entendemos o ON como um novo meio e com características diferentes, ele não é só rede social. Ele também pode ser TV, portal. A mídia hoje é conectada. Existe também o ON enquanto curadoria e informações de produtos e claro a rede social. Instagram, Facebook, Tik Tok. Para nós, tudo isso é um outro meio. Ou seja, antes criaríamos uma peça para a televisão e hoje temos que pensar a mesma peça em todas as plataformas.

Temos visto algumas marcas ganhando repercussão, tamanho e mantendo características locais. É possível imaginar que um político do Paraná, por exemplo, consiga se expandir para um cenário nacional caso ache o “tom” certo?

Juca: Do ponto de vista de comunicação pode sim. O mundo ficou pequeno hoje com a integração dos meios de comunicação. Mas, a comunicação não determina as questões de viabilidade política. Quem trabalha com esse tipo de marketing precisa trabalhar em primeiro lugar essa estratégia para ser viável. Depois, ele vai pensar a comunicação desse político.

Sobre o colunista

Jeulliano Pedroso é sociólogo, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e mestrando em Antropologia Social também pela UFPR. Atualmente é Analista-chefe na Brasil Sul Inteligência.

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