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Dívida de 200 bilhões do governo, nós pagaremos a conta

30 de janeiro de 2024

No ano passado, o Brasil enfrentou um desafio econômico considerável: um déficit primário de R$ 230,5 bilhões, o maior desde 2020, representando 2,1% do PIB. Esses números, revelados pela Secretaria do Tesouro Nacional, vão além de simples estatísticas em um documento. Eles são um sinal de alerta para a saúde financeira do nosso país, especialmente em um momento global marcado por incertezas e desafios domésticos significativos.

Entender a seriedade dessa situação exige uma análise mais profunda dos fatores que nos levaram a esse ponto. Por um lado, assistimos a uma redução de 2% nas receitas do governo, enquanto, por outro, as despesas aumentaram em notáveis 12,5%. Esse desequilíbrio financeiro reflete um ambiente econômico adverso e, infelizmente, algumas escolhas políticas e administrativas questionáveis. A situação se torna ainda mais preocupante ao percebermos que este déficit é o segundo maior desde 1997, sinalizando que os problemas financeiros do país não são apenas persistentes, mas estão se intensificando.

O que mais me preocupa é a aparente indiferença do governo atual frente a essa realidade. Existe uma tendência em aumentar os gastos públicos sem uma estratégia clara de financiamento, potencialmente desencadeando um ciclo de endividamento e fragilidade fiscal. Essa abordagem negligencia os princípios de responsabilidade fiscal e ameaça a estabilidade econômica do país a longo prazo.

Lembrar que o déficit público afeta diretamente a classificação de crédito de um país é fundamental. Recentemente, a Fitch Ratings melhorou a nota do Brasil de BB- para BB, um avanço que reflete uma certa confiança na nossa economia. Contudo, ainda estamos longe de atingir o grau de investimento, essencial para atrair mais investimentos estrangeiros e melhorar as condições de financiamento do país. Segundo a Fitch, um passo crucial para o Brasil melhorar sua avaliação é controlar efetivamente seu déficit.

Diante disso, torna-se crucial que o Brasil adote medidas para organizar suas finanças públicas. Olhando para trás, vemos que países como a Nova Zelândia nos anos 90 e o Canadá no final dos anos 80 e início dos 90 conseguiram reverter cenários de déficits elevados. Eles alcançaram isso por meio de uma combinação de cortes de gastos, reformas estruturais e fortalecimento das instituições fiscais. Esses casos não são apenas teorias; são lições práticas da importância do equilíbrio fiscal para a saúde econômica de uma nação.

A transparência e responsabilidade na gestão fiscal também são vitais para reconstruir a confiança dos investidores e do público. Isso implica não apenas em medidas de austeridade, mas também na implementação de reformas que fomentem um crescimento econômico sustentável.

Para atrair investimentos estrangeiros de forma sustentável, o Brasil precisa mostrar compromisso com uma gestão fiscal responsável. Isso envolve mais do que cortes indiscriminados de gastos; significa gerir os recursos públicos de forma eficiente, dando prioridade a investimentos com retorno econômico e social significativo.

Em resumo, o déficit primário brasileiro de 2023 é um claro sinal de alerta. A situação demanda uma resposta rápida e eficaz do governo, com políticas focadas não só no equilíbrio fiscal, mas também no desenvolvimento econômico sustentável e inclusivo. A história nos ensina que a recuperação fiscal é possível, mas exige disciplina, visão estratégica e um compromisso firme com o futuro do nosso país.

Viaduto do Orleans: Curitiba tenta nova solução

22 de novembro de 2023

A cidade de Curitiba está mais uma vez em busca de uma solução para o Viaduto do Orleans. Em uma iniciativa liderada pelo vereador Mauro Ignácio (União), acompanhado pelo vereador Angelo Vanhoni (PT), foi realizada uma reunião com o ministro dos Transportes, Renan Filho, com o intuito de buscar o apoio do Governo Federal para a realização da obra.

Esta não é a primeira vez que o Viaduto do Orleans entra na agenda de discussões em Curitiba. Em 2017, por exemplo, a Prefeitura anunciou um projeto avaliado em R$ 30 milhões, porém a obra não avançou. Agora, a Prefeitura planeja acionar o Ministério dos Transportes, que ficará responsável por avaliar os investimentos necessários para concluir as melhorias. A nova proposta é a implantação de um sistema binário na região.

Anteriormente, a última ideia para essa área envolvia a construção de uma rotatória elevada. No entanto, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) não autorizou a execução desse projeto. Agora, segundo o ministro Renan Filho, está prevista a alocação de recursos do DNIT para financiar o sistema binário.

Resta a pergunta: será que desta vez a solução será concretizada?

Quem assume o lugar de Moro se ele for cassado?

14 de julho de 2023

A verdade é que Sergio Moro provavelmente perderá o mandato de senador devido às denúncias de irregularidades na prestação de contas da sua campanha. A decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) deve ser mantida também pelo TSE e confirmada pelo Senado Federal.

A pergunta que muitos estão se fazendo é: “o que acontece nessa situação?”. Minha aposta é que Paulo Martins, candidato do PL e segundo colocado nas eleições ao Senado, assuma o cargo para que o Paraná não fique sem representante.

Feito isso, a maior probabilidade é que sejam convocadas novas eleições que podem ocorrer junto com as eleições municipais ou antes delas. Neste caso, alguns nomes já começam a pipocar para a disputa como: Gleise Hoffmann, Zeca Dirceu e Roberto Requião, todos do PT, Ricardo Barros (PP),  Fábio Oliveira (PODEMOS), Ney Leprevost (União Brasil), Beto Preto e Alexandre Curi, ambos do PSD, além é claro de Paulo Martins que concorreria exercendo mandato.

Até lá muita água deve rolar. Os  nomes agora colocados devem estabelecer alianças e os filiados ao PSD dependerão de uma posição do Governador Ratinho Junior. Uma outra possibilidade, com bem menos chances de acontecer, mas que não deve ser descartada, é que Paulo Martins assuma e não ocorram novas eleições, neste caso os concorrentes vão ter que esperar as eleições de 2026 para se lançarem.

Eleições 2022: Candidatos a deputado federal já receberam R$ 100 milhões

14 de setembro de 2022

O dinheiro do fundo eleitoral é a principal fonte de recursos dos candidatos à Câmara Federal. Afirmo isso com base em informações do sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chamado DivulgaCandContas e também do material preparado pelo JOTA Info em parceria com a Base dos Dados, organização que atua dando visibilidade e acesso a dados públicos.

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Veja a tabela a seguir a origem dos recursos captados até agora:

Origem Valor da Receita
Recursos De Partido Político R$ 101.084.490,15
Recursos De Pessoas Físicas R$ 6.264.615,84
Recursos Próprios R$ 1.839.553,98
Recursos De Financiamento Coletivo R$ 466.900,51
Recursos De Outros Candidatos R$ 94.008,54
Doações Pela Internet R$ 22.000,00
TOTAL R$ 109.771.569,02

O processo eleitoral fica cada vez mais intenso e um dos termômetros usados para avaliar a força de determinadas candidaturas é a capacidade de arrecadar recursos, tanto por meio de doações de pessoas físicas quanto de recursos provenientes do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, comumente chamado de Fundo Eleitoral.

No caso das doações de pessoas físicas, conseguimos medir o tamanho da disposição dos eleitores  em se comprometerem financeiramente com determinado candidato. Já no caso do fundo eleitoral, é possível avaliar o quanto determinado partido acredita naquela candidatura ou o poder de influência que o candidato possui junto à burocracia partidária.

Vamos observar a seguir quais as 30 candidaturas de deputado federal que mais arrecadaram até agora e qual a origem desses recursos.

Candidato Partido Recurso de Fundo Eleitoral Doações Total de Receitas
Luisa Canziani PSD R$ 2.680.000,00 R$ 476.884,85 R$ 3.156.884,85
Luciano Ducci PSB R$ 2.500.000,00 R$ 100.000,00 R$ 2.600.000,00
Hermes Frangao Parcianello MDB R$ 2.500.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.502.000,00
Tiao Medeiros PP R$ 2.000.000,00 R$ 379.261,66 R$ 2.379.261,66
Leandre PSD R$ 2.000.000,00 R$ 280.700,45 R$ 2.280.700,45
Aliel Machado PV R$ 2.064.645,67 R$ 107.500,00 R$ 2.172.145,67
Filipe Barros PL R$ 2.000.000,00 R$ 160.871,00 R$ 2.160.871,00
Pedro Lupion PP R$ 1.680.000,00 R$ 405.000,00 R$ 2.085.000,00
Christiane Yared PP R$ 2.050.000,00 R$ 2.000,00 R$ 2.052.000,00
Marco Brasil PP R$ 2.000.000,00 R$ 50.000,00 R$ 2.050.000,00
Felipe Francischini UNIÃO R$ 2.030.000,00 R$ 0,00 R$ 2.030.000,00
Vermelho PL R$ 2.000.000,00 R$ 300,00 R$ 2.000.300,00
Sergio Souza MDB R$ 1.500.000,00 R$ 379.337,14 R$ 1.879.337,14
Deltan Dallagnol PODE R$ 1.450.000,00 R$ 420.839,67 R$ 1.870.839,67
Zeca Dirceu PT R$ 1.500.000,00 R$ 346.832,09 R$ 1.846.832,09
Stephanes PSD R$ 1.720.000,00 R$ 86.200,00 R$ 1.806.200,00
Luiz Nishimori PSD R$ 1.720.000,00 R$ 80.000,00 R$ 1.800.000,00
Beto Preto PSD R$ 1.720.000,00 R$ 43.000,00 R$ 1.763.000,00
Sargento Fahur PSD R$ 1.720.000,00 R$ 5.250,00 R$ 1.725.250,00
Sandro Alex PSD R$ 1.720.000,00 R$ 1.500,00 R$ 1.721.500,00
Fatima Nunes PSD R$ 1.550.000,00 R$ 168.918,97 R$ 1.718.918,97
Enio Verri PT R$ 1.500.000,00 R$ 170.477,72 R$ 1.670.477,72
Giacobo PL R$ 1.450.000,00 R$ 130.000,00 R$ 1.580.000,00
Gleisi PT R$ 1.500.000,00 R$ 70.750,00 R$ 1.570.750,00
Paulo Litro PSD R$ 1.490.000,00 R$ 72.304,73 R$ 1.562.304,73
Beto Richa PSDB R$ 1.500.000,00 R$ 1.787,50 R$ 1.501.787,50
Marisa Lobo Psicóloga Crista PTB R$ 1.250.000,00 R$ 0,00 R$ 1.250.000,00
Dilceu Sperafico PP R$ 1.100.000,00 R$ 83.000,00 R$ 1.183.000,00
Roman PP R$ 1.170.000,00 R$ 0,00 R$ 1.170.000,00
Fernanda Viotto PSDB R$ 1.000.000,00 R$ 40.000,00 R$ 1.040.000,00
*valores conferidos no dia 13/09/2022

Os valores como um todo devem subir até o final do pleito, afinal o limite de gastos para candidaturas para câmara federal é de R$ 3.176.572,53.

Sobre o colunista

Jeulliano Pedroso é sociólogo, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e mestrando em Antropologia Social também pela UFPR. Atualmente é Analista-chefe na Brasil Sul Inteligência.

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