O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) aceitou um recurso da empresa Buser para que ela volte a operar no Paraná após quase dois anos de proibição. A decisão foi do desembargador Fernando Quadros da Silva.
Quando da proibição, a Justiça havia decidido que a Buser não havia solicitado autorização prévia para operar as atividades de transporte e fretamento no estado. Dessa forma, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) poderia fazer a apreensão do veículo. Na ocasião, a ação foi movida pela Federação das Empresas de Transporte de Passageiros dos Estados do Paraná e de Santa Catarina (FEPASC).
Agora, baseada na Lei de Liberdade Econômica, a empresa teve o recurso aceito e conseguiu autorização para realizar viagens que tenham o Paraná como ponto de partida e de chegada.
A Be8 (nova marca da antiga BSBIOS), que já é líder nacional em produção de biodiesel, irá anunciar esta semana um novo investimento em sua unidade produtiva de Marialva. O valor estimado do investimento pode chegar a R$ 1,5 bilhão.
O impacto da agroindústria que já representa perto de 44,41% do PIB do município (segundo estimativas da FIPE) deve crescer ainda mais e beneficiar toda região de Maringá.
Esse investimento reforça a vocação do Paraná na produção de energias renováveis e vai na contramão de outros locais do país, onde empresários têm segurado investimentos.
De acordo com a Federação do Comércio, mais de 93% das famílias paranaenses possuem algum tipo de dívida, 22% têm contas em atraso e 7% não têm condições de pagar suas contas. São números preocupantes e que pretendem ser combatidos com o Programa Desenrola lançado pelo Governo Federal.
Entretanto, é importante entender que a iniciativa não pode ser vista como uma solução definitiva, afinal as pessoas não deixam de pagar suas contas porque querem, muitas perderam seus empregos, o que gerou um processo de empobrecimento da população.
Logo, se queremos resolver o endividamento precisamos, dentre outras coisas, de um crescimento econômico que ajude as famílias a recuperarem a sua renda e de uma abertura maior no setor bancário para forçar a queda dos juros.
O programa é uma boa notícia porque vai ajudar as pessoas a recuperarem a dignidade e abrirá possibilidade de recuperar a capacidade de consumo. É um bom ponto de partida, mas ainda temos muito o que caminhar.
O governo petista sempre deixou claro que tinha interesse de interferir na política de preços da Petrobras e assim está fazendo. O que não está claro até agora são os critérios que serão utilizados para a composição do preço no futuro.
O comunicado oficial deixa margem para que os preços sejam manobrados conforme a conveniência do governo, o que pode ser novamente um desastre. Basta lembrarmos do estado em que ficou a Petrobras durante o mandato da ex-presidente Dilma.
É claro que todos queremos combustíveis mais baixos, afinal isso melhora a economia e a vida das pessoas. Entretanto, para garantir que isso aconteça de forma sustentável é necessário fomentar políticas econômicas que realmente ataquem o problema.
Nos resta aguardar, mas na economia, normalmente as soluções fáceis e, aparentemente mágicas, costumam dar errado.
Para responder a essa questão vamos olhar para os dados do Sistema de Contas Regionais (SCR) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O SCR fornece estimativas do Produto Interno Bruto (PIB) de cada unidade da federação pela ótica da produção e da renda. Permite observar, por exemplo, o valor total produzido por um estado em várias atividades econômicas e o valor total de remunerações.
Abaixo vemos a participação percentual do PIB do Paraná e do Rio Grande do Sul no PIB do Brasil. Podemos ver que desde 2013 o Paraná estava atrás do Rio Grande do Sul, porém, o ultrapassou em 2020. Nesse ano, o Paraná foi responsável por 6,41% de toda a produção do Brasil, enquanto para o Rio Grande do Sul o valor é de 6,19%. Esse é o dado que permite afirmar que o Paraná ultrapassou o Rio Grande do Sul e se tornou a quarta maior economia do Brasil.
Figura 1. Participação do Rio Grande do Sul e Paraná no PIB do Brasil
Fonte: Sistema de Contas Regionais (IBGE).
O que pode estar por trás disso? Olhando para dados do SCR e da Pesquisa Industrial Anual do IBGE podemos identificar os setores que mais podem ter contribuído para esse resultado.
O gráfico abaixo mostra a evolução do índice de volume do valor adicionado pela agricultura de 2010 até 2020, o último ano com dados disponíveis. Podemos observar que desde 2013 o volume produzido pelos dois estados era muito próximo, porém em 2020 observamos uma queda no Rio Grande do Sul e um aumento da produção do Paraná. O aumento da demanda do mercado internacional por soja e carnes pode ter impulsionado o aumento da produção agrícola paranaense.
Figura 2. Índice de volume do valor adicionado pela agricultura no Rio Grande do Sul e Paraná
Fonte: Sistema de Contas Regionais (IBGE).
A agroindústria no Paraná, que inclui os setores que processam, transformam, comercializam e distribuem a matéria prima da agricultura, pecuária e extrativismo, também tem se destacado no cenário nacional. Na Figura 3 abaixo vemos a participação da fabricação de alimentos, bebidas e fumo (três dos principais setores ligados à agroindústria) do RS e PR no total do Brasil. Vemos que desde 2014 a agroindústria paranaense vem crescendo e ganhando participação no Brasil. Em 2019, por exemplo, o Paraná foi responsável por quase 12% de todo o valor transformado pela agroindústria no Brasil.
Incentivos à agroindústria, que se localiza principalmente no interior do Paraná, pode ser um dos caminhos para desenvolver as regiões onde se situam, pois geram diversos postos de trabalho e renda direta e indiretamente. Um desses incentivos pode ser o apoio a cooperativas locais com o objetivo de industrializar a produção agropecuária, agregando mais valor à produção.
Figura 3. Participação do valor de transformação da agroindústria do Rio Grande do Sul e Paraná no Brasil
Fonte: Pesquisa Industrial Anual (IBGE).
Além da agricultura e agroindústria, a construção civil, considerada um setor industrial, também cresceu muito mais no Paraná do que no Rio Grande do Sul a partir de 2018, como podemos ver na Figura 4 a seguir. Essa é uma das atividades com maior encadeamento na economia, gerando emprego e renda em diversos outros setores. Obras de infraestrutura, por exemplo, além dos postos de trabalho que geram, acabam beneficiando diversos outros setores ao reduzir o custo de deslocamento e de produção.
Figura 4. Índice de volume do valor adicionado pela construção civil no Rio Grande do Sul e Paraná
Fonte: Sistema de Contas Regionais (IBGE).
O Paraná conseguirá manter a posição conquistada, aumentando ainda mais a sua participação na economia brasileira? Isso dependerá, além do cenário macroeconômico nacional e do mercado internacional, da capacidade do setor produtivo paranaense em se adaptar e aproveitar as oportunidades relacionadas com a economia verde que está em franca ascensão no mundo todo.
A ideia de que é necessário se industrializar para atingir melhores níveis de desenvolvimento econômico é antiga no Brasil. Ela esteve por trás do processo de substituição das importações nos anos 1930, no plano de metas do governo de Juscelino Kubitschek em 1956 e nos planos nacionais de desenvolvimento (PND) do governo militar e percebemos o retorno desse discurso tanto por parte do presidente da república quanto de seus ministros.
A atividade industrial gera mais empregos formais, mais arrecadação de impostos, a média salarial é maior que em outros setores como o de serviços e tem maior poder de encadeamento na economia, criando mais emprego e renda em outros setores. Também é a atividade industrial que lidera o desenvolvimento de novas tecnologias.
Ao se tornar mais industrializada, uma região pode ter crescimento em alguns indicadores socioeconômicos. Podem ocorrer melhorias no nível de escolaridade e na infraestrutura urbana, já que as atividades industriais necessitam de trabalhadores qualificados e de infraestrutura adequada para o desenvolvimento de suas atividades.
O aumento da arrecadação de impostos também contribui para uma maior oferta de serviços públicos. O estado do Paraná tem papel de destaque nas atividades industriais desenvolvidas no Brasil. Dados da Pesquisa Industrial Anual (PIA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2020 mostram que o Produto Interno Bruto (PIB) industrial do Paraná é o quarto maior do Brasil.
O Paraná também teve o terceiro maior valor de produtos industrializados exportados, terceiro maior número de trabalhadores na atividade industrial e ficou na quinta posição em número de estabelecimentos industriais. Apesar desses números, o salário médio pago aos trabalhadores na indústria paranaense (R$2.486,10) está abaixo da média nacional (R$ 2.749,40). Isso pode ser um reflexo do menor nível de escolaridade dos trabalhadores do estado: 64% dos trabalhadores têm ensino médio completo, enquanto a média nacional é de 67%.
Os principais setores industriais do estado são Serviços Industriais de Utilidade Pública (saneamento, energia e esgoto: (19,3%), Alimentos (18,6%), Construção (16,2%), Veículos Automotores (8,2%) e Derivados de Petróleo (7%). Juntos, esses setores representam 69,3% da indústria do estado.
Figura 1. Principais setores industriais do Estado
Dados da Matriz de Insumo Produto do Panará de 2015 estimada pelo Ipardes, mostram que as atividades industriais são aquelas com maior potencial de gerar empregos na economia como um todo. Por exemplo, para cada emprego gerado no setor de fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustível, outros 70 empregos são criados direta ou indiretamente no estado; na fabricação de automóveis, caminhões e ônibus, exceto peças, são criados 10 empregos.
Figura 2. Empregos criados pela indústria
A produção industrial no Paraná é altamente concentrada em poucos municípios. Na Figura 3 vemos os 20 municípios com as maiores participações no valor adicionado industrial do Paraná em 2002 e 2020. Valor adicionado é o total de bens e serviços criados por dado setor ou região e é calculado descontados os impostos indiretos e o consumo intermediário do valor bruto da produção. Podemos ver que houve uma ligeira desconcentração da atividade industrial no estado, com a participação dos 20 principais municípios reduzindo de 72% em 2002 para 68% em 2020. Curitiba, apesar de se manter na primeira posição, reduziu sua participação de quase 19% para cerca de 13%.
Outros municípios da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) também perderam participação, como São José dos Pinhais e Pinhais. Por outro lado, vemos um crescimento da participação de cidades importantes no interior do estado, como Ponta Grossa, Cascavel e Telêmaco Borba.
Em 2011, a cidade de Ponta Grossa foi escolhida para a implantação da fábrica de veículos automotivos DAF caminhões, aumentando a produção do estado nesse setor que antes estava muito concentrado na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). O menor custo e o acesso a mão de obra qualificada podem ter sido alguns dos motivos para a desconcentração observada. Essa distribuição mais ampla pode estar relacionada com a expansão da agroindústria no interior do estado. Entre 2009 e 2019, a indústria de alimentos foi a atividade industrial que ganhou mais participação: teve aumento de 6,5%.
Figura 3. Ranking dos municípios com maior participação no valor adicionado da indústria no Paraná
A relação industrialização-desenvolvimento também pode ocorrer no sentido contrário, ou seja, as indústrias tendem a se instalar em regiões que já oferecem alguma estrutura e mão de obra qualificada para o desenvolvimento de suas atividades. Essa é uma das razões pelas quais a produção industrial no Paraná ainda é bastante concentrada em grandes aglomerados urbanos, como Curitiba, Londrina e Maringá, Ponta Grossa e Foz do Iguaçu.
Regiões mais industrializadas possuem melhores indicadores sociais?
Para tentar identificar algum padrão da relação entre industrialização e desenvolvimento nas regiões paranaenses, vamos analisar dois indicadores: o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) e o Grau de Industrialização Municipal. O IDH-M é uma das principais medidas utilizadas para classificar o grau de desenvolvimento econômico e a qualidade de vida dos municípios.
Na Figura 2 podemos ver a evolução desse índice em três décadas. Em 1990, mais de 80% dos municípios do Paraná eram classificados com nível muito baixo de desenvolvimento (índice menor que 0,499). Em 2010 (último dado disponível), 60% dos municípios se encontram com nível médio de desenvolvimento. Também podemos notar que em todos os anos os melhores níveis de desenvolvimento são de municípios na Região Metropolitana de Curitiba, Oeste Paranaense e Norte Central Paranaense.
Por outro lado, alguns municípios da região central do estado e do norte pioneiro são os que tiveram um desenvolvimento mais lento e ainda permanecem com os menores níveis do estado. Dentre as possíveis razões para os baixos níveis de IDH-M estão a dificuldade desses municípios em gerar emprego e renda e a prestação inadequada de serviços públicos, que afeta diretamente a qualidade de vida da população e torna a região menos atrativa para investimentos produtivos.
Figura 4. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
O grau de industrialização foi calculado dividindo o valor adicionado da indústria pelo valor adicionado total em cada município para os anos de 2002 e 2020 (primeiro e último ano da série disponível). O resultado é mostrado nos mapas da Figura 3, quanto mais escuro, maior a participação da indústria no valor adicionado total do município.
Vemos que pouca coisa mudou entre o período analisado, as regiões mais industrializadas em 2002 mantiveram o posto em 2020. O que se destaca nos mapas é o fato de que as áreas menos desenvolvidas mencionadas anteriormente (centro do estado e Norte Pioneiro) também são as regiões com os menores níveis de industrialização.
Figura 5. Grau de industrialização (percentual do valor adicionado da indústria no valor adicionado total)
Podemos afirmar então que industrialização e desenvolvimento econômico parecem caminhar juntos. Porém, identificar o quanto a industrialização contribuiu para os bons indicadores socioeconômicos em alguns municípios não é uma tarefa fácil, pois diversos outros fatores, tais como o ambiente macroeconômico do Brasil e investimentos em programas sociais, podem ter sido os principais responsáveis. Incentivar a instalação de empreendimentos industriais nas regiões menos desenvolvidas também trará pouco resultado: é necessária a melhoria dos serviços públicos e a identificação das atividades com maior potencial de crescimento em cada região.
Olhando para esses dados podemos ter a certeza que a indústria tem ido bem no Paraná e que ela é de suma importância para o desenvolvimento de nosso estado e que assim continue. Entretanto, precisamos superar alguns desafios, entre eles uma reforma tributária que desonere o setor industrial e fomentar políticas públicas que facilitem o investimento, sem que para isso se apele à intervenção de bancos públicos no financiamento da atividade industrial, e sim em esforço massivo nas variantes responsáveis pelos indicadores analisados:
Educação: para assegurar mão de obra qualificada nas distintas regiões do estado, possibilitando ainda mais a descentralização do setor.
Infraestrutura: para garantir segurança energética, hídrica e logística para a produção mas também para o escoamento do que é produzido.
Com uma renovação de 44,5% dos deputados, a eleição de Ana Júlia do PT, que tem apenas 22 anos e a aposentadoria de alguns parlamentares experientes, era de se imaginar que o número de jovens pudesse ter crescido em relação às legislaturas anteriores ou que pelo menos a média etária deles tivesse reduzido.
Para realizar essa análise, olhei a composição da Assembleia Legislativa no momento da divulgação dos resultados dos pleitos de 2014, 2018 e 2022. Usualmente existem alterações no decorrer das legislaturas pelos mais diferentes motivos (óbito, cassação e afastamentos) e, além disso, meu objetivo é observar se os eleitores têm optado por candidatos mais jovens ou não.
De maneira geral a questão etária se apresenta da seguinte forma nos referidos pleitos:
1 – Tabela de eleitos
Legislaturas
Média (anos)
2014
43,225
2018
46,925
2022
50,023
2 – Tabela de não-eleitos
Legislaturas
Média (anos)
2014
46,078
2018
47,192
2022
48,682
É interessante de perceber que houve um aumento considerável na idade média dos eleitos em geral – aproximadamente 3 anos a cada legislatura -, o que corrobora a hipótese de uma baixa renovação da ALEP, ainda mais quando comparamos com a variação dos não eleitos que ocorre com apenas um terço da intensidade – aproximadamente 1 ano a cada legislatura.
A Organização das Nações Unidas (ONU) considera jovens aqueles com até 24 anos de idade, já no Brasil em decorrência da Lei 12.852/13 são considerados jovens os que têm até 29 anos, por isso vale pontuar como a taxa de candidatos com 29 anos ou menos caiu cada vez mais, porém quando adicionamos os não eleitos na contabilização total vemos que a taxa geral de candidatos formalmente jovens mantêm uma regularidade, o que serve como um indicativo adicional da baixa renovação, pois os jovens continuam concorrendo, o que mudou é que menos deles tem conseguido se eleger, e aqueles que eram jovens permanecem ocupando a função de Deputado Estadual e com o passar do tempo deixam de ser jovens formalmente.
Ou seja, os dados nos permitem ter clareza que a Assembleia Legislativa do Paraná tem uma média etária maior em 2023 do que teve nas legislaturas anteriores, sendo assim nos resta aguardar que esse acréscimo de experiência e vivência se reflita em projetos melhores para nosso estado.
Caso queira olhar mais detalhadamente para cada uma das legislaturas analisadas, segue abaixo:
2014
Média feminina: 38 anos (38,333)
Média masculina: 48 anos (48,117)
Média feminina: 45 anos (44,604)
Média masculina: 47 anos (47,552)
Os mais jovens eleitos foram Maria Victória Borghetti Barros do Partido Progressista, Paulo Henrique Coletti Fernandes do Partido da Social Democracia Brasileira e Luis Felipe Bonatto Francischini pelo Solidariedade, todos com 23 anos. Os mais velhos foram Marilei de Souza Lima pelo Partido da Social Democracia Brasileira, com 54 anos, e Tercilio Luiz Turini pelo Partido Popular Socialista, com 70 anos.
É de se notar ainda que a idade média das mulheres foi 10 anos menor que dos homens, no entanto com um universo muito menor.
2018
Média feminina: 43 anos (43,250)
Média masculina: 50 anos (50,600)
Média feminina: 47 anos (47,404)
Média masculina: 47 anos (46,981)
Nesta legislatura, podemos notar que há uma diferença considerável na idade média das candidatas mulheres eleitas, sendo a média etária 5 anos maior.
Os mais jovens eleitos foram Maria Victória Borghetti Barros de 26 anos pelo Progressistas e Paulo Matheus Viniccius Ribeiro Petriv com 23 anos pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro. Os mais velhos foram Isabel Cristina Rauen Silvestri com 61 anos pelo Partido Popular Socialista, e Tercilio Luiz Turini pelo Partido Popular Socialista, com 74 anos.
2022
Média feminina: 49 anos (49,500)
Média masculina: 50 anos (50,545)
Média feminina: 48 anos (48,442)
Média masculina: 49 anos (48,921)
Nesta legislatura podemos notar que há uma diferença considerável na idade média das eleitas mulheres, que vem aumentando conforme as eleições se seguem, o que pode ser reflexo da baixa proporção de eleições femininas e baixa renovação, que naturalmente elevam a idade média, pois ao compararmos com a evolução etária das não eleitas, mesmo observando um crescimento da idade média, ocorre em proporção bem menor, ainda mais se comparando em isolado os anos de 2018 e 2022.
Neste ano tivemos um crescimento no número de candidaturas muito provavelmente reflexo da atualização da lei eleitoral de coalizões, motivando mais candidaturas lançadas por partido.
Podemos ver que houve aumento significativo da proporção de mulheres eleitas, apesar de ainda em número menor que da eleição de homens.
Os mais jovens eleitos foram Ana Júlia Pires Ribeiro com 22 anos pelo Partido dos Trabalhadores, e Samuel Pereira da Silva com 30 anos pelo Partido Republicano da Ordem Social Os mais velhos foram Isabel Cristina Rauen Silvestri com 65 anos pelo Partido da Social Democracia Brasileira, e Tercilio Luiz Turini com 78 anos pelo Partido Social Democrático.
Após a declaração de Daniel Scioli, embaixador da Argentina, sobre a possibilidade da utilização de uma moeda única para os países sul-americanos, posta em discussão com Haddad, o ministro da Fazenda brasileiro deu a entender a um repórter que o projeto ainda estaria bastante prematuro.
Esse tipo de projeto já foi cogitado em gestões anteriores, por Paulo Guedes por exemplo, que, em analogia ao que acontece na zona do euro, entendia que o Mercosul deveria utilizar uma moeda única. Uma das hipóteses do ex-ministro é a de que em algumas décadas restariam em torno de 5 moedas principais no globo, dentre elas o Dólar, o Yuan, o Euro e a moeda sul americana, caso a integração fosse adiante.
Nesse cenário comparativo o Brasil desempenharia um papel semelhante ao da Alemanha, que por estar rodeada por 8 países da União Europeia, trabalha para a coesão da Europa através da sua política externa como um meio para a segurança nacional e garantia de escoamento da sua produção, e o faz, antes de mais nada, por ser o país mais capacitado economicamente para tal.
O que acontece na Europa é o estabelecimento de um mercado comum onde há um intercâmbio mais amplo, em outras palavras o livre trânsito de mercadorias, pessoas, capitais e serviços dos países integrantes da União Europeia (UE), lembrando que alguns deles pertencem a Zona do Euro.
Esse tipo de integração monetária implica em uma diluição do risco de utilização dessa moeda entre os países membros, de modo que quanto mais estável economicamente um país é maior a sua contribuição para a estabilidade da moeda comum.
Ao transpor essa noção para o cenário sul-americano, o Brasil desempenharia um papel central não apenas por fazer fronteira com muitos países do Mercosul, mas por ser o país mais potente economicamente na região. Essa posição implica em uma série de limitações ao manejo da política monetária, a principal ferramenta para controle inflacionário, que alguns países sul-americanos não estão conseguindo executar.
A Argentina chegou a atingir uma inflação de 94,8% em 2022 e a Venezuela 332%. Logicamente demandam um tratamento monetário, além de geopolítico, muito distinto de um país como o Brasil.
A moeda, como principal mercadoria nas economias, carrega consigo todos os seus correspondentes em termos de tecnologia, nível de produtividade do trabalho, Estoque Bruto de Capital Fixo, estoques de divisas e até mesmo capacidade bélica, aspectos que inevitavelmente precisam de ser equalizados para que um acordo de moeda única seja realizado.
Em eventual integração, a construção seria voltada em especial para negociações comerciais entre os países e não como uma moeda de livre circulação entre a população. A ideia de uma moeda única é gerar confiança entre os países e atenuar os efeitos de desvalorização ao se converterem as moedas locais em dólar para transações entre os países sul americanos, alternativa pertinente em regiões onde há uma intensidade de trocas comerciais.
Nesse sentido, a pergunta central é se as empresas brasileiras e sul americanas teriam condições de levar o uso dessa moeda adiante, visto que quando pensamos em América latina está implícita a necessidade de importação de bens de produção, tornando o dólar um meio de pagamento incontornável.
Uma iniciativa da Associação Latino Americana de Integração (ALADI) que caminha nessa direção é o Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR), um sistema em que os bancos centrais integrantes realizam compensações quadrimestrais e oferecem garantias recíprocas de conversibilidade em dólar americano, transferibilidade e reembolso referente ao comércio de bens e serviços. O sistema evidenciou as disparidades mencionadas no calote dado pela Venezuela e a própria saída do Brasil em 2019.
Já o Sistema Unificado de Compensação Regional (SUCRE) é um exemplo de integração mais homogênea, já que os países membros, Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Cuba e Equador enfrentam situações semelhantes de embargo econômico e restrições a importação, portanto se alinham no interesse em uma moeda alternativa ao dólar americano.
Em suma, antes do estabelecimento de um acordo de moeda única, é necessário que a política externa brasileira seja conduzida de forma coerente com as suas necessidades econômicas internas, pois na conjuntura atual os riscos inflacionários, fiscais e entraves na condução da taxa de juros são maiores do que os ganhos para a economia brasileira.
Os vereadores de Curitiba acabaram de eleger Marcelo Fachinello para dirigir os trabalhos para o biênio 2023/2024. Os menos atentos poderiam concluir, simplesmente e apenas, que foi eleito um vereador de primeiro mandato, algo incomum nos legislativos, contudo esta escolha revela aspectos mais profundos do arranjo político de Curitiba e também do Paraná.
Não diferente do jogo, no xadrez político, para vencer, é importante posicionar as peças no lugar certo e conquistar o centro do tabuleiro. Quero dizer que ter um aliado à frente do legislativo municipal é uma vantagem na disputa da prefeitura em 2024 e, também, para o governo do estado em 2026.
Mirando este objetivo é que o vice-prefeito Eduardo Pimentel (que deve concorrer para prefeito) e o Deputado estadual Alexandre Curi (que já constrói uma candidatura para governador) saem na frente, pois sem eles a eleição de Fachinello seria inviável.
Importa ressaltar que tal movimentação só foi possível com o consentimento do prefeito Rafael Greca e do governador Ratinho Junior, que possuem vantagens óbvias na manutenção de seus correligionários do PSD em posições de destaque no executivo municipal e estadual.
A disputa tanto pelo Palácio 29 de Março quanto pelo Palácio Iguaçu já começou, resta aos vitoriosos dessa primeira contenda conservar e ampliar a vantagem e aos derrotados lamber as feridas e se renovar adiante.
Ficam duas lições: desarranjos políticos anteriores (alguns chamariam de traições) seguem cobrando um preço alto e quem tem bons padrinhos não morre pagão.
A campanha vitoriosa de Jair Bolsonaro, então no PSL, em 2018, chamou a atenção para o que se desenhava como uma possível ‘era da internet’ na comunicação pública e eleitoral. Assim, a discussão avançou para tentar entender as formas com que as redes sociais tinham ocupado um espaço tão amplo.
Porém, as eleições de 2020 começaram a desenhar o quadro que se cristalizou em 2022, da comunicação integrada. Ou seja, os candidatos que polarizaram a disputa precisaram aprimorar a comunicação digital, daí Lula (PT) ter chamado André Janones para sua campanha, e também transmitir sua mensagem em meios “analógicos”, daí Bolsonaro (PL) ter procurado um partido que garantisse a ele tempo de rádio e TV no horário eleitoral gratuito.
Em paralelo a esse movimento, canais públicos como a Prefeitura de Curitiba se destacaram na busca por autenticidade e personalidade. Mas quais são as tendências para essa área? Veremos, afinal, uma “era da internet”? Os meios analógicos seguirão tendo importância? Sobre isso, conversei com Juca Pacheco, que é do Grupo GPAC Comunicação Integrada.
Quais são os desafios da comunicação pública? Quais as técnicas para administrar uma conta pública, tem diferenças?
Juca: Uma comunicação para nós, seja no público, seja no privado, a receita é a mesma.
Se eu pego uma marca de roupa, uma marca de carro ou uma conta pública. O racional é o mesmo. Eu tenho uma mensagem e um produto e um público alvo. E dentro desse trabalho tem o storytelling que você vai construir entendendo quem é o meu público, o meu perfil e o perfil dos meus concorrentes. Nós temos clientes da área pública há dez anos. Atendemos o Governo do Estado, a Itaipu, a Prefeitura de Curitiba. A nossa linha para eles é muito semelhante a de qualquer cliente aqui da Agência, porém, tem coisas específicas que envolvem questões legais.
O consumidor de comunicação tem um acesso maior a devolver o que recebe de mensagem. Você pensa assim a dificuldade do jornalista, ou seja, entender que ele não é mais só um polo emissor ou você pensa a partir dos canais de comunicação?
Juca: Eu penso muito nos canais. Eu acho que esse meio on (online/digital) não consegue gerar credibilidade mesmo que você não consiga trabalhar sem olhar para esse canal. O consumidor acaba usando essa plataforma como uma seleção, curadoria de conteúdo. É como se eu entrasse no supermercado e vendo duas marcas de suco pegasse o meu celular para ver críticas, comentários… e então decidir qual a melhor delas. Porém, quando se trata da formação de credibilidade, as plataformas “off” (analógicos) são melhores. No off você pode trabalhar a frequência da mensagem de comunicação. Pense: quantas vezes no online você vê a mensagem? Para conseguir essa credibilidade, seja no público, seja no privado, você usa o meio off e o online serve para continuar a conversa. Ter uma troca de experiência com o cliente.
E pensando no ponto de vista de uma comunicação eleitoral, por exemplo: um candidato. Seriam as ações que ele faz/adota que geram credibilidade para ele?
Juca: Nós tentamos pensar uma comunicação com propósito. Então, nesse sentido eu preciso falar coisas que as pessoas estão abertas a escutar. Hoje, no mundo todo, as pessoas preferem conteúdo de marcas com propósito. Isso vale para um candidato. Dessa forma, não vai adiantar ele construir uma comunicação pensando em uma variedade de promessas. Na nossa visão isso fica genérico para as pessoas, ele precisa ter um propósito. É uma questão semelhante ao on/off, ter um propósito vai ajudar ele a reter atenção, a comunicar melhor sua mensagem. Isso funciona para prefeitura, para candidato e para uma marca.
É notável a forma com que se “encontra o tom”. Por exemplo: é necessário encontrar um equilíbrio entre uma comunicação mais ‘leve’, mas sem perder o tom institucional. Como esse tema tem amadurecido na comunicação?
Juca: O caso, por exemplo, da Prefeitura de Curitiba os gestores também acreditaram nesse tom misto de comunicação. Eles foram abertos a essas possibilidades. Essa figura do gestor acaba sendo determinante porque ele pode embarcar na ideia ou então pedir algo mais “quadrado”, mais “sisudo”. Ao mesmo tempo, também precisamos criar artifícios para a comunicação porque o momento político exigiu. Nesse sentido, a gente conseguiu trazer alguns materiais mais ousados para o Governo, a Prefeitura e também Itaipu e conseguirmos bons resultados.
Pensando nessa questão da polarização política, é uma tendência para a comunicação pública “ter um lado”, ou seja, uma identidade mais clara?
Juca: Eu particularmente prefiro que esse momento não se prolongue. Isso porque as pessoas estão escolhendo com bases emocionais como se estivessem escolhendo um time de futebol. É difícil trabalhar com essa rivalidade. E eu acho que a comunicação pública tem que estar mais longe da polarização e mais perto da essência. Eu vou “educar” sobre um tema ou “informar” sobre um tema.
Voltando um pouco ao ciclo do ON/OFF você acredita que esse movimento de gerar credibilidade no OFF e depois massificar no ON será uma tendência?
Juca: Nós entendemos que esse ciclo surgiu de forma separada. Aqui, entendemos o ON como um novo meio e com características diferentes, ele não é só rede social. Ele também pode ser TV, portal. A mídia hoje é conectada. Existe também o ON enquanto curadoria e informações de produtos e claro a rede social. Instagram, Facebook, Tik Tok. Para nós, tudo isso é um outro meio. Ou seja, antes criaríamos uma peça para a televisão e hoje temos que pensar a mesma peça em todas as plataformas.
Temos visto algumas marcas ganhando repercussão, tamanho e mantendo características locais. É possível imaginar que um político do Paraná, por exemplo, consiga se expandir para um cenário nacional caso ache o “tom” certo?
Juca: Do ponto de vista de comunicação pode sim. O mundo ficou pequeno hoje com a integração dos meios de comunicação. Mas, a comunicação não determina as questões de viabilidade política. Quem trabalha com esse tipo de marketing precisa trabalhar em primeiro lugar essa estratégia para ser viável. Depois, ele vai pensar a comunicação desse político.
Sobre o colunista
Jeulliano Pedroso é sociólogo, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e mestrando em Antropologia Social também pela UFPR. Atualmente é Analista-chefe na Brasil Sul Inteligência.
Jeulliano Pedroso é sociólogo (UFPR), especialista em ciência política (IUPERJ) e mestrando em Antropologia Social (UFPR). Estudou economia e estratégia na London School of Economics and Political Science (LSE) Atualmente é Analista-Chefe da Brasil Sul Inteligência e comentarista político do Jornal da Manhã – Jovem Pan Paraná.
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