A eleição de 2018 é um fantasma que o PSDB tenta exorcizar, pois seu candidato Geraldo Alckmin obteve apenas 4,8% do total de votos, número que representou a metade do terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT). Além disso, o partido teve uma queda na representação no congresso nacional, saiu de 54 deputados federais para 29 e de 10 senadores para 8.

Seguindo a máxima de que para obter resultados diferentes você precisa agir de forma diferente, o PSDB reformulou o modo de escolher seu representante na disputa pelo Palácio do Planalto e adotou as chamadas “prévias” para isso. Eduardo Leite (RS), Arthur Virgílio Neto (AM), Tasso Jereissati (CE) e João Doria (SP) se inscreveram para a consulta nacional com os filiados do partido para definição do candidato mais viável.

Eduardo Leite, após a desistência do senador cearense em favor dele em setembro, ganhou força. O governador gaúcho conta agora com o apoio declarado de 9 estados: Rio Grande do Sul (RS), Alagoas (AL), Amapá (AP), Bahia (BA), Minas Gerais (MG), Paraná (PR), Ceará (CE), Santa Catarina (SC) e Paraíba (PB). Doria conta com o apoio de cinco diretórios: Acre (AC), Distrito Federal (DF), Pará (PA), Tocantins (TO) e São Paulo (SP).

Assim como Tasso Jereissati, Arthur Virgílio Neto (AM) estuda desistir de sua participação nas prévias, contudo, diferente do colega, o ex-prefeito de Manaus e o diretório do estado devem declarar apoio a João Doria.

A partir de 18 de outubro os candidatos iniciarão uma pré-campanha incluindo a realização de 5 debates, um em cada região do país. O primeiro turno das prévias será no dia 21 de novembro e o segundo turno, em caso de necessidade, no dia 28 de novembro.

Como funciona o sistema de votação?

A contagem e o peso dos votos é dividido da seguinte forma:

– Filiados: 25%

– Deputados Estaduais: 25%

– Deputados Federais, Senadores, Governadores e vices e ex-presidentes do PSDB: 25%

– Prefeitos: 12,5%

– Vereadores: 12,5%

Quantos votos cada estado tem?

Estado Deputados federais, senadores, governadores e vices e ex-presidentes do partido (25%) Deputados estaduais (25%) Prefeitos (12,5%) Vereadores (12,5%) Total dos Mandatários Filiados (25%)
SP 14 8 272 1.212 1.506 298.173
MG 6 7 154 731 898 144.437
SC 1 2 57 262 322 99.686
RN 0 5 55 244 304 21.666
RS 3 4 62 232 301 93.157
MS 4 5 53 234 296 32.283
PB 2 0 49 201 252 30.867
GO 1 6 45 181 233 71.429
BA 1 3 30 179 213 58.168
PR 1 3 39 169 212 75.886
PA 1 5 23 141 170 40.038
MT 0 2 20 98 120 30.265
MA 0 1 19 93 113 33.172
PE 0 1 14 60 75 35.814
CE 1 1 10 63 75 50.417
ES 0 3 10 52 65 25.263
AL 4 0 9 37 50 12.593
RJ 1 2 5 33 41 83.584
RO 1 1 7 30 39 16.398
PI 0 1 4 28 33 23.427
AM 1 1 3 27 32 13.137
AC 1 2 3 22 28 6.097
TO 0 2 3 13 18 15.748
AP 1 1 1 10 13 7.372
SE 0 1 1 5 7 10.171
RR 1 0 0 3 4 5.000
DF 1 0 0 0 1 19.590
Referência: https://www.tse.jus.br/eleitor/estatisticas-de-eleitorado/filiados

O voto dos filiados não é obrigatório, assim, o candidato que conseguir mobilizar mais filiados em estados estratégicos deverá se beneficiar. Neste cenário, por mais que Eduardo Leite possa ter apoios relevantes, o peso de São Paulo, tanto no número de filiados (concentra 23% de todos os filiados) quanto nas outras categorias de votantes, pode favorecer João Doria.

Realizar as prévias pode ter efeitos benéficos, pois atrai exposição de mídia para os pré-candidatos, possibilita que eles afinem o discurso, testem adesão a certos temas e cheguem melhor preparados para 2022. No entanto, pode significar também alguns problemas como divergências intransponíveis entre os candidatos, o que afetaria o apoio mútuo após a escolha do vencedor, ou expor com muita antecedência os rachas existentes dentro do PSDB, o que convenhamos não são poucas.