Com todo o apetite que acompanhamos dos parlamentares e políticos em geral para a implantação e ampliação dos valores destinados aos Fundos Partidário e Eleitoral, é de se imaginar que a resposta para a pergunta apontada acima seja afirmativa, ou seja, dinheiro importa sim, resta-nos saber o quanto.

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Com o fim do prazo para apresentação das contas de campanha os registros apontam que onze deputados estaduais eleitos tiveram gastos milionários. Enquanto isso, três candidatos conseguiram uma vaga sem chegar a 100 mil reais em despesas. Líder de votação e reeleito para o sexto mandato, Alexandre Curi (PSD) utilizou cerca de 1 milhão e 270 mil reais na campanha que superou os 200 mil votos. A campanha mais cara, porém, foi a da reeleição de Márcio Nunes, também do PSD, que somou 1 milhão e 294 mil reais em despesas.

Temos também algumas candidaturas que conseguiram alcançar êxito sem implicar gastos tão expressivos, como é o caso de Fábio Oliveira do Podemos que despendeu 96,2 mil reais para conquistar seu primeiro mandato e está entre as três campanhas mais baratas. O Dr. Antenor (PT), com gastos em torno de 88 mil reais, também ficou entre as campanhas mais baratas. Samuel Dantas (PROS) gastou ainda menos, 54,9 mil reais, para alcançar seu primeiro mandato na Alep.

Contudo, nem sempre o investimento financeiro é suficiente para ser eleito, é o caso dos candidatos  Rogério Lorenzetti (PSD) e Michele Caputo (PSDB), este último  disputando a reeleição, ambos somaram mais de 1 milhão e 200 mil reais em gastos e ficaram sem mandato para a próxima legislatura.

Por fim, vale entendermos o chamado custo por voto, pois ele nos permite comparar aqueles candidatos com melhor desempenho eleitoral e os que alcançaram menores votações (mesmo que ambos tenham conquistado cadeiras no parlamento estadual).

Quando falo aqui de custo do voto não me refiro a compra de voto, apenas ao valor declarado dividido pela quantidade de votos alcançada, desconsiderando os valores não declarados, apoios financeiros ou estruturais de outras candidaturas (governadores, senador, etc.). 

Em relação à proporção de gastos de campanha por voto, a eleição mais custosa foi a de Flávia Francischini que dispensou 1,22 milhão por 41,7 mil votos, algo em torno de 29,45 reais por voto.

Nesse modelo, a campanha mais em conta foi a de Samuel Dantas (PROS) com 1,87 reais por voto. Requião Filho (PT) passou dos 200 mil reais em despesas, porém, como somou 85,6 mil votos teve um gasto de 2,34 reais por voto.

Confira os deputados com maior gasto por voto:

  1. Flávia Francischini (UNIÃO) – gastou R$ 29,45 por voto
  2. Cristina Silvestri (PSDB) – gastou R$ 26,42 por voto
  3. Do Carmo (UNIÃO) – gastou R$ 22,64 por voto
  4. Alisson Wandscheer (PROS) – gastou R$ 21,60 por voto
  5. Luiz Fernando Guerra (UNIÃO) – gastou R$ 21,30 por voto

Confira os deputados com menor gasto por voto:

  1. Samuel Dantas (PROS) – gastou R$ 1,87 por voto
  2. Requião Filho (PT) – gastou R$ 2,34 por voto
  3. Moacyr Fadel (PSD) – gastou R$ 2,37 por voto
  4. Dr. Antenor (PT) – gastou R$ 2,44 por voto
  5. Fabio Oliveira (PODE) – gastou R$ 2,78 por voto

Ou seja, é perceptível que maiores gastos potencializam as chances de eleição, mas outros fatores devem ser levados em consideração tais como padrinhos políticos fortes, como é o caso de Fábio Oliveira e de Requião Filho, que contaram com muita dedicação de Deltan Dallagnol e de Requião, respectivamente.. Devemos considerar também que as chapas dos partidos viabilizam a vitória de candidatos com um número de votos menores que outros;  a presença digital marcante reduz custos  durante a campanha eleitoral; e, principalmente, estar no exercício do mandato traz além da visibilidade do parlamento a condição de trabalhar ativamente em prol de uma base política.

Veja a tabela completa de custo de voto dos 54 deputados:

Deputado Votos recebidos Despesas Gasto por voto (em reais)
Flavia Francischini (UNIÃO BRASIL) 41.757 1.229.747 29,45
Cristina Silvestri (PSDB) 45.202 1.194.376 26,42
Do Carmo (UNIÃO BRASIL) 53.229 1.205.231 22,64
Alisson Wandscheer (PROS) 41.052 886.704 21,60
Luiz Fernando Guerra (UNIÃO BRASIL) 58.393 1.243.980 21,30
Paulo Gomes Da TV (PP) 55.301 1.156.000 20,90
Maria Victoria (PP) 52.817 959.720 18,17
Douglas Fabricio (CIDADANIA) 43.428 729.200 16,79
Denian Couto (PODEMOS) 30.071 490.795 16,32
Ney Leprevost (UNIÃO BRASIL) 76.526 1.213.410 15,86
Marcel Micheletto (PL) 73.655 1.129.452 15,33
Mabel Canto (PSDB) 70.215 1.016.800 14,48
Gugu Bueno (PSD) 44.852 582.150 12,98
Marli Paulino (SOLIDARIEDADE) 41.262 509.787 12,35
Luis Corti (PSB) 26.884 316.708 11,78
Anibelli Neto (MDB) 49.545 541.295 10,93
Matheus Vermelho (PP) 29.484 313.454 10,63
Secretária Márcia (PSD) 75.659 784.849 10,37
Marcio Nunes (PSD) 126.006 1.294.963 10,28
Delegado Tito Barichello (UNIÃO BRASIL) 58.766 601.917 10,24
Cantora Mara Lima (REPUBLICANOS) 46.009 470.892 10,23
Luciana Rafagnin (PT) 46.823 472.177 10,08
Tiago Amaral (PSD) 112.731 1.095.790 9,72
Ana Júlia (PT) 51.845 487.879 9,41
Gilson De Souza (PL) 54.974 454.506 8,27
Artagão Júnior (PSD) 65.195 501.169 7,69
Arilson Chiorato (PT) 76.787 550.610 7,17
Batatinha (MDB) 47.310 336.315 7,11
Cobra Repórter (PSD) 60.729 422.446 6,96
Marcio Pacheco (REPUBLICANOS) 36.423 250.087 6,87
Hussein Bakri (PSD) 97.681 661.893 6,78
Thiago Bührer (UNIÃO BRASIL) 50.948 344.479 6,76
Mauro Moraes (UNIÃO BRASIL) 44.126 295.741 6,70
Traiano (PSD) 116.810 765.300 6,55
César Mello (PP) 28.481 178.962 6,28
Romanelli (PSD) 101.175 563.468 5,57
Delegado Jacovós (PL) 57.587 310.000 5,38
Alexandre Curi (PSD) 236.926 1.270.093 5,36
Goura (PDT) 46.227 243.771 5,27
Renato Freitas (PT) 57.880 296.533 5,12
Adao Fernandes Litro (PSD) 38.020 192.122 5,05
Ricardo Arruda (PL) 68.731 340.139 4,95
Soldado Adriano José (PP) 36.209 176.930 4,89
Gilberto Ribeiro (PL) 51.749 249.949 4,83
Evandro Araujo (PSD) 35.432 166.531 4,70
Alexandre Amaro (REPUBLICANOS) 52.193 241.978 4,64
Marcelo Rangel (PSD) 42.002 189.540 4,51
Professor Lemos (PT) 119.915 388.167 3,24
Tercilio Turini (PSD) 37.704 106.430 2,82
Fabio Oliveira (PODEMOS) 34.640 96.285 2,78
Dr. Antenor (PT) 36.387 88.740 2,44
Moacyr Fadel (PSD) 41.588 98.564 2,37
Requião Filho (PT) 85.674 200.125 2,34
Samuel Dantas (PROS) 29.322 54.924 1,87

Sobre o colunista

Jeulliano Pedroso é sociólogo, formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Especialista em ciência política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ) e mestrando em Antropologia Social também pela UFPR. Atualmente é Analista-chefe na Brasil Sul Inteligência.